'Não entendo o porquê da polêmica', diz Lula sobre indicação de Messias ao STF
Sabatina com o candidato foi cancelada pelo Senado.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse não entender a polêmica envolvendo a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, à vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em entrevista à jornalista Karla Moura, do Bom Dia Ceará, da TV Verdes Mares, nesta quarta-feira (3), o chefe de Estado disse não saber por que o assunto foi transformado em algo político.
Nessa terça-feira (2), o presidente de Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil), cancelou a sabatina com o candidato, citando "omissão grave" do Governo Federal. O político fez campanha para que o petista indicasse o parlamentar Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ao cargo.
"Sinceramente, não entendo o porquê da polêmica. Não é o primeiro ministro que indico. Indiquei oito ministros. Eu simplesmente escolho uma pessoa, mando para o Senado, e o Senado, então, faz um julgamento para saber se a pessoa está qualificada ou não", detalhou.
"Eu não sei por que foi transformado num problema político dessa monta. Eu espero que seja resolvido."
Em seguida, o presidente afirmou que está tranquilo em relação à escolha de Jorge Messias, quem acredita ser qualificado para assumir a função no STF.
"Cumpri com o meu papel. Mandei o nome que entendo que tem qualificação profissional para ser ministro da Suprema Comunidade. Qualificação comprovada como advogado-geral da União."
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Lula cumpre agenda no Ceará nesta quarta-feira. Ele entregará, em Fortaleza, carteiras profissionais emitidas pelo Ministério da Educação para professores cearenses. Logo depois, segue para Horizonte, onde participa do início da produção de veículos elétricos da General Motors no Polo Automotivo do Ceará, marcando mais uma agenda voltada à reindustrialização — uma das bandeiras prioritárias do Governo.
QUEM É JORGE MESSIAS?
Jorge Messias é de Recife, doutor em Direito e Advogado-Geral da União desde 1º de janeiro de 2023. Ele disputava a vaga do ministro Luís Roberto Barroso, agora aposentado, com o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Lula, porém, optou pelo pernambucano.
O nome de Messias passará por uma longa sabatina sobre temas jurídicos, políticos e pessoais na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Depois, seguirá para aprovação pelo Plenário do Senado Federal, onde precisa conquistar a maioria absoluta dos votos, com pelo menos 41 dos 81 senadores favoráveis.
Caso nomeado, o advogado deve reforçar a presença de ministros do STF com perfil próximo ao presidente, como é o caso de Flávio Dino e Cristiano Zanin.
Se for, de fato, o novo ministro do STF, Messias poderá permanecer no cargo até 2055, quando completa a idade máxima para aposentadoria compulsória, de 75 anos.
Jorge Messias já tem extensa experiência de atuação dentro do poder público. Antes de estar à frente da AGU, ele foi subchefe de Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais da Casa Civil, Secretário de Regulação e Supervisão do Ministério da Saúde, e Consultor Jurídico dos Ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação.
O pernambucano também atuou na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e na Procuradoria do Banco Central.
Evangélico, técnico e leal
Natural de Recife, Jorge Messias de Morais ganhou projeção nacional durante o segundo mandato de Dilma Rousseff, quando foi secretário de Assuntos Jurídicos da Presidência.
À época, foi apelidado de “Bessias” em referência a um diálogo de 2016 sobre a nomeação de Lula para a Casa Civil – episódio que o marcou, mas do qual conseguiu se desvincular nos anos seguintes.
Hoje, Messias comanda a AGU e é visto por interlocutores de Lula como um quadro técnico e leal, além de estratégico por simbolizar uma ponte de Lula com o eleitorado evangélico, grupo em que o presidente ainda enfrenta resistência.