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Em Fortaleza, Moro faz aceno a evangélicos e minimiza dividir votos com Bolsonaro no Ceará

O ex-ministro afirmou que cabe ao Podemos negociar as alianças locais e que a candidatura é nacional

Escrito por Wagner Mendes, Luana Severo, Jéssica Welma ,
Sérgio Moro
Legenda: Sérgio Moro chegou ao Ceará no domingo, 6
Foto: Thiago Gadelha

No segundo dia de agenda no Ceará, o pré-candidato à presidência da República pelo Podemos, Sérgio Moro, cumpriu agenda com foco em temáticas prioritárias na disputa eleitoral. O ex-ministro recebeu título de Cidadão de Juazeiro do Norte, conversou com agricultores em Morada Nova e veio à Capital tratar de segurança pública e defender seus princípios cristãos.

Em relação à disputa eleitoral de fato no Ceará, Moro evitou interferir nas negociações do Podemos sobre a construção do palanque no Estado. 

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Na noite desta segunda-feira (7), Moro leu uma cartão de princípios cristãos em encontro com lideranças religiosas. Entre os pontos, estão a defesa pela laicidade do Estado, o combate a preconceitos e estereótipos contra qualquer pessoa, religiosa ou não; combate ao tráfico de drogas, ressocialização de presos e respeito às preferências afetivas e sexuais de cada indivíduo.

Citando referências na Legislação brasileira, Moro defendeu que não haja evento de campanha em templos religiosos e criticou que haja troca de favores institucionais, "objetivando o financiamento de campanhas eleitorais às organizações religosas ou pessoas físicas que a representam.

"Buscaremos o apoio individual das lideranças eclesiásticas e de influenciadores do seguimento, mas não será perseguido o apoio institucional de igrejas para evitar constrangimentos pessoais ou distorções no pleito", disse Moro.

Ao ler o texto, Moro reforçou que, se eleito, não ampliará a legislação sobre o aborto no País. Ele ainda defendeu o respeito entre as pessoas e o fim do discurso de polarização.

O ex-juiz criticou ainda ataques a jornalistas. "Isso no fundo reflete um mal estar maior, que é o comportamento agressivo contra o nosso próximo. Esse não é o caminho do verdadeiro cristão. Se tem pessoas que pensam diferente, nosso papel, no máximo, é convencê-los a mudar de ideia, mas jamais tratá-los como sendo nosso inimigo", disse o ex-juiz.

Disputa política

Mesmo em visita como pré-candidato, Moro evitou falar em estratégia eleitoral. No Ceará, o apoio do Podemos à pré-candidatura de Capitão Wagner (Pros) ao Governo do Estado acaba criando um palanque duplo para a disputa presidencial – já que o deputado federal declarou apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Para Moro, é responsabilidade do Podemos cearense as costuras para a construção da unidade em torno do nome dele ao Planalto e que o cenário indefinido não é uma preocupação do momento.  

"A decisão quanto às alianças locais será feita com o Podemos no Ceará (...) Se vai apoiar ou não o Capitão Wagner, ou se vai ter outra proposta, tudo isso vai depender das decisões dos nossos representantes locais", declarou o ex-ministro. 

Sérgio Moro e Eduardo Girão
Legenda: Sérgio Moro e o senador Eduardo Girão, principal aliado no Ceará
Foto: Thiago Gadelha

Em um cenário em que a oposição à direta está alinhada com a pré-candidatura de Capitão Wagner (Pros), os caminhos de Moro no Ceará podem ficar cada vez mais restritos na queda de braço com o bolsonarismo. 

O ex-ministro, no entanto, tentou minimizar as divergências locais e afirmou que a principal aliança não é com partidos, mas sim com as pessoas, e que a candidatura dele é "nacional". 

Moro afirmou ainda que as conversas com o União Brasil seguem acontecendo, mas que ainda nada foi definido. Ele acredita que terá o apoio de nomes do grupo mesmo que a legenda não formalize chapa. Uma dessas lideranças citadas foi o deputado federal Heitor Freire (PSL). 

Agenda em Fortaleza

Nesta segunda-feira (7), o ex-magistrado esteve na sede do Instituto da Primeira Infância (Iprede), em Fortaleza, ao lado do senador Eduardo Girão (Podemos) e demais dirigentes partidários.  

Lá, conheceu o projeto e prometeu apoio caso vença as eleições presidenciais. O pré-candidato também falou em expandir o mesmo modelo de auxílio social no País. 

A Instituição promoveu um debate sobre segurança pública no Ceará, e o pré-candidato abordou a experiência enquanto ministro do presidente Jair Bolsonaro e pontuou ações que quer implementar caso vença a disputa presidencial. 

Homenagem em Juazeiro

Na manhã desta segunda-feira (7), Moro recebeu o título de cidadão de Juazeiro do Norte. A cerimônia ocorreu na Câmara Municipal, na presença de vereadores e de correligionários cearenses do jurista, como o senador Eduardo Girão e o prefeito da cidade, Glêdson Bezerra. 

“Vamos colocar a bola no chão. Nos acalmar. Se a gente pode defender os nossos projetos, princípios e valores com o vigor que é necessário, jamais nos esqueçamos de que, do outro lado, a gente não tem um inimigo. No máximo, tem um adversário. E um adversário em relação ao qual temos que buscar, acima de tudo, construir pontes, e não muros”, discursou. 

Fazendo um paralelo entre ele mesmo e Padre Cícero, principal símbolo da fé romeira, Moro disse que quer “repetir o legado” do religioso, especialmente no que diz respeito aos seus atos conciliatórios. 

Bezerra e Girão tentaram endossar a relação Moro e Padre Cícero pincelando o pré-candidato como único capaz de apaziguar a polarização política entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), ex-aliado do ex-juiz.  

“Espero que, nas suas andanças, se lembre da nossa terra, do nosso eterno patriarca Padre Cícero, um homem a frente do seu tempo, um grande conciliador em meio a uma verdadeira guerra existente entre os coronéis da época, que pregou o perdão, a caridade e o amor”, ressaltou o prefeito de Juazeiro, que aproveitou para tocar, também, na pauta anticorrupção, uma das principais bandeiras de Moro. 

“Não dá para ter dinheiro se o ralo da corrupção leva aquilo que o país produz. Não podemos nos conformar com essa história de: ‘é assim mesmo, rouba, mas faz’”, criticou.   

Girão, por sua vez, exaltou Moro como um “idealista” que “ama a Justiça” e que teria abdicado de um trabalho cômodo na esfera privada, fora do país, para “dar uma opção (de voto) para o seu povo, que está entre uma polarização nada inteligente”. O senador não falou diretamente sobre Bolsonaro, de quem também é aliado, mas citou diretamente o PT e os esquemas de corrupção do mensalão. “Será que as pessoas não lembram?”, provocou. 

Título de cidadão 

O título de cidadão de Juazeiro foi proposto em 2015 pelo ex-vereador Tarso Magno. O documento que concede a honraria ao ex-juiz foi assinado pelo vice-presidente da Câmara Municipal à época, o atual prefeito Glêdson Bezerra. 

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