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Crise, desfiliações e judicialização: o novo tamanho do PDT Ceará se a debandada se confirmar

Atualmente, o partido é o maior do Estado em número de mandatários, incluindo vereadores, prefeitos, deputados e senador

Escrito por Igor Cavalcante , igor.cavalcante@svm.com.br
Partido enfrenta uma crise interna desde o ano passado
Legenda: Partido enfrenta uma crise interna desde o ano passado
Foto: Thiago Gadelha

A crise interna no PDT agora pode ter efeitos concretos sobre o tamanho da sigla no Ceará. A legenda, que ainda é a maior do Estado em número de mandatários, incluindo vereadores, prefeitos, deputados e senador, enfrenta um movimento de debandada, com a distribuição de cartas de anuência pelo diretório estadual, sob comando do senador Cid Gomes (PDT).

Para efeito de comparação do impacto que isso representa para a sigla, considerando apenas deputados federais e estaduais do Ceará, dos 18 parlamentares, 14 podem deixar o partido, um encolhimento de quase 80% da sigla cearense. 

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Na última quarta-feira (8), em reunião pela manhã na sede da sigla no Estado, o diretório do PDT Ceará aprovou, ao todo, 19 cartas de anuência para parlamentares em atividade — incluindo vereadores de Fortaleza —, além de três para suplentes. Também está em processo de saída o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Evandro Leitão (PDT).

Debandada

Soma-se a isso a informação do líder do Governo Elmano de Freitas na Assembleia, o deputado estadual Romeu Aldigueri (PDT), de que pelo menos 50 prefeitos devem deixar o partido.

Na prática, dos deputados federais e estaduais eleitos em 2022, restariam ao PDT apenas André Figueiredo, na Câmara dos Deputados, e Queiroz Filho, Antônio Henrique e Cláudio Pinho, na Alece. Na Câmara de Fortaleza, haveria ainda duas baixas na bancada pedetista de dez mandatários: os vereadores Enfermeira Ana Paula e Júlio Brizzi. 

Nas prefeituras, caso o movimento anunciado por Aldigueri se confirme, o impacto seria o mais significativo. O PDT deixaria de ter os 53 prefeitos que possui atualmente para ficar com apenas três.

VEJA QUEM PEDIU PARA SAIR

DEPUTADOS FEDERAIS

Eduardo Bismarck
Idilvan Alencar
Mauro Filho
Robério Monteiro

DEPUTADOS ESTADUAIS

Evandro Leitão
Guilherme Landim
Jeová Mota
Lia Gomes
Marcos Sobreira
Oriel Filho
Osmar Baquit
Romeu Aldigueri
Salmito
Sérgio Aguiar

VEREADORES

Ana Paula Brandão
Júlio Brizzi

SUPLENTES
Helaine Coelho
Nilson Diniz
Leônidas Cristino (em exercício)
Bruno Pedrosa (em exercício)
Antônio Granja (em exercício)
Guilherme Bismarck (em exercício)
Tin Gomes

Disputa pelos mandatos

Com a decisão dessa ala do partido, o novo capítulo da crise está na disputa pelo mandato hoje ocupado por tais parlamentares. Isso porque, pela legislação eleitoral brasileira, o mandato parlamentar pertence ao partido e não ao candidato eleito, já que o pleito para o Legislativo é proporcional, não majoritário. 

Contudo, os deputados pedetistas pretendem argumentar que possuem a carta de anuência do diretório estadual autorizando a desfiliação sem a perda de mandato. A estratégia desse grupo é semelhante a usada por Evandro Leitão, que conquistou a carta de anuência em agosto alegando perseguição interna no partido.

Por outro lado, o presidente nacional interino do PDT, André Figueiredo, já adiantou que irá reivindicar que os mandatos sigam com o PDT, ainda que os parlamentares saiam do partido.

Anuências anuladas

Na noite desta quarta-feira (8), menos de 24 horas após a concessão das cartas de anuência, a Executiva Nacional da sigla anulou a decisão em uma reunião na sede da legenda, em Brasília. 

Mais cedo, em entrevista ao colunista e editor de Política do Diário do Nordeste, Wagner Mendes, Figueiredo já havia adiantado a decisão. 

"Vamos recorrer da forma como recorremos com a carta de anuência que foi expedida para o Evandro. Não existe justificativa para emissão das cartas de anuência. Foi muito feio. Você chamar uma reunião da noite para o dia, eivado de ilegalidades. Se isso não for apenas uma joga política, esvaziando o PDT"
André Figueiredo (PDT)
Presidente nacional interino do PDT

Ainda conforme Figueiredo, alguns parlamentares que pediram anuência lhe confidenciaram que não pretendem formalizar a solicitação perante à Justiça. "Algumas delas podem ter sido solicitadas pela pressão do momento", disse. 

"Já conversei com alguns federais e estaduais que disseram que não iriam formalizar perante à Justiça. Caso (as anuências) se materializem, as pessoas já não podem mais se considerar do PDT. Lógico, não terão mais espaços na Assembleia, Câmara dos deputados", continuou. 

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Além das cartas de anuência concedidas nessa quarta, Evandro Leitão também foi liberado pela Executiva Estadual do PDT para deixar o partido em agosto. O caso é questionado na Justiça, mas a última decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) aprovou a desfiliação do parlamentar da legenda.

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