Após a tentativa de debandada em massa no PDT, aprovada pela maioria do diretório estadual, a pergunta que interessa ao contexto político e eleitoral cearense é: para onde vai esse grupo de 10 deputados estaduais, 4 federais e 50 prefeitos, além de suplentes?
Não há, pelo menos por enquanto, uma resposta objetiva e precisa para essa questão, mas existem tendências e evidências que irão sacudir o cenário pré-eleitoral em muitos municípios cearenses. O fato inegável é que algum partido com atuação no Ceará será turbinado com um número de lideranças capaz de mudar o perfil da legenda, fortalecendo-a inclusive nacionalmente.
Tendo em vista que a dissidência no PDT é composta por aliados do governador Elmano de Freitas e do ministro Camilo Santana, ambos do PT, é natural que o grupo busque filiação em legendas que gravitam em torno dessas lideranças e do governo estadual.
Em princípio, o próprio PT, o PSB, comandado por Eudoro Santana, e o Podemos, sob a liderança de Bismarck Maia e com a bênção de Cid Gomes, são os destinos mais prováveis. No entanto, uma série de fatores ainda irá pesar nessa decisão.
A primeira questão a ser observada é a judicialização que será promovida pela direção nacional do PDT, sob o comando do deputado federal André Figueiredo. Todos deverão aguardar a decisão da Justiça Eleitoral sobre a carta de anuência coletiva, que deve ser levada individualmente à Justiça.
Outro ponto importante é a estratégia eleitoral para 2024 e também para 2026. Quais partidos o grupo governista deseja fortalecer para os próximos embates eleitorais?
PT teria uma hegemonia poucas vezes vista
Com 8 deputados estaduais (mais um do PCdoB, que integra a federação), o PT é um caso peculiar. Caso se torne o destino dos 10 deputados estaduais atualmente no PDT, passaria a ter 19 parlamentares, quase metade da composição da Assembleia Legislativa. Apenas nos governos de Tasso Jereissati um único partido deteve tamanha hegemonia no parlamento estadual, o PSDB.
Na Câmara dos Deputados, a bancada petista no estado saltaria de três para sete parlamentares, tornando-se também a maior bancada partidária a representar o Ceará.
No interior, o partido herdaria a liderança pedetista, considerando que, segundo as informações iniciais, cerca de 50 dos 57 prefeitos deixariam a legenda. Proporcionalmente, seria o estado com a maior representatividade petista no país.
Além disso, há um outro cargo importante em disputa: o de senador da República, atualmente ocupado por Cid Gomes. Por se tratar de um mandato majoritário, ao contrário do cargo de deputado, Cid não necessita de carta de anuência para se desfiliar, podendo fazê-lo a qualquer momento.
O fato é que PT, PSB, Podemos ou qualquer outra legenda que acolha o contingente vindo do PDT já estará em posição de vantagem para as próximas eleições. A conferir.
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