Bolsonaro rebate cobranças para continuar ataques contra STF: 'Deixa acalmar'
"Amanhã a gente fala", disse o presidente demostrando que deve voltar a criticar a Corte
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, nesta quinta-feira (9), que está sendo cobrado para manter os ataques contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e rebater o pronunciamento do presidente da Corte, ministro Luiz Fux. "Deixa acalmar para amanhã", disse o político sobre a pressão, indicando que o recuo das investidas publicado em nota oficial pode ser temporário.
"Queriam que eu respondesse o presidente do Supremo, Fux, que fez uma nota dura. Também usou da palavra o Arthur Lira [PP-AL], [presidente] da Câmara, o Augusto Aras, nosso procurador-geral da República. Alguns do meu lado aqui vieram até com o discurso pronto: 'Tem que reagir, tem que bater'. Calma, amanhã a gente fala, deixa acalmar para amanhã", disse durante a transmissão ao vivo que faz semanalmente nas redes sociais.
O representante do Executivo nacional ainda rebateu as críticas feitas por apoiadores à carta em que afirmou nunca ter tido a 'intenção de agredir quaisquer dos Poderes'. A nota oficial foi elaborada com a ajuda do ex-presidente Michel Temer.
"Nós temos que dar exemplo aqui em Brasília. Por mais que eu ache que você está fazendo a coisa errada, dá um tempo, deixa acalmar um pouquinho. Comecei a preparar uma nota... Telefonei ontem à noite para o Michel Temer, ele veio a Brasília, por dois momentos conversou comigo aqui, pouco mais de uma hora. Ele colaborou com algumas coisas na nota, eu concordei e publiquei. Não tem nada de mais ali."
Na ocasião, o presidente esclareceu que possui "brigas pontuais" com alguns ministros do STF, não contra à Corte. Ele manifestou o desejo de conversar com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, um dos principais alvos dos ataques do gestor. Mas em seguida criticou o magistrando dizendo que ele não convence ninguém sobre urna eletrônica.
"Palavras bonitas, que sei que o ministro Barroso tem, dada a sua formação de jurista, diferente da minha, que tem palavrão de vez em quando, mas não convence ninguém", declarou.
Bolsonaro ainda fez insinuações de cunho homofóbico ao comentar que Barroso anunciou a criação de comissão para tratar da transparência e segurança nas eleições.
"Se anuncia que está anunciando novas medidas protetivas por ocasião das urnas é porque elas têm brecha. É porquê, Barroso, elas são penetráveis. Entendeu, Barroso? Ministro Barroso, entendeu? As urnas são penetráveis, as pessoas podem penetrar nelas", disse o presidente, em tom de deboche.
CRÍTICAS A RODRIGO MAIA
Bolsonaro também fez comentários homofóbicos em outro trecho da transmissão, quando citou a fala do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, agora secretário de Projetos e Ações Estratégicas do estado de São Paulo.
"Maia me acusou de gay. Lógico, o Maia falando e um jegue relinchando é a mesma coisa, mas poxa, os argumentos dele: 'Ele é militar, tem vergonha de sair do armário, leva jeito'. Agora você vê a coincidência. Ele foi trabalhar com [João] Doria e começou a se interessar pela pauta LGBT. Ele quer agradar seu patrão. O gordinho quer agradar o patrãozinho dele", afirmou.
Bolsonaro também disse que "não é justo" desmonetizar páginas que defendem o voto impresso. O TSE ordenou que as redes sociais cortem os repasses a canais investigados por fake news.
O presidente ainda questionou a razão de Barroso ser contrário ao voto impresso "de forma tão contundente".
"Democracia é contraditório. Eu posso gostar e tu não gostar (sic). Já imaginou se eu gostar da mesma coisa que o Barroso?", afirmou Bolsonaro.