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Bolsonaro diz que Barroso não convence ninguém sobre urna eletrônica horas após nota de recuo

Mesmo alegando mais cedo que não tinha intenção de agredir "quaisquer dos Poderes", o presidente voltou a atacar o ministro do TSE

Escrito por Mateus Vargas e Washington Luiz, Folhapress ,
bolsonaro volta a atacar ministro do tse
Legenda: Declaração foi dada pelo chefe do Executivo em transmissão nas redes sociais
Foto: Anderson Riedel/PR

Horas após sinalizar recuo de investidas golpistas e dizer que respeita as instituições, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender o voto impresso nas eleições, mudança já rejeitada pela Câmara dos Deputados. Ele ainda disse que "palavras bonitas" do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, não convencem ninguém.

"Palavras bonitas, que sei que o ministro Barroso tem, dada a sua formação de jurista, diferente da minha, que tem palavrão de vez em quando, mas não convence ninguém", disse Bolsonaro nessa quinta-feira (9) em transmissão nas redes sociais.

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Mais cedo, Bolsonaro divulgou nota na qual recua e afirma que não teve "nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes".

O presidente, porém, passou os últimos dois meses promovendo ataques ao STF e xingamentos a alguns de seus ministros como estratégia para convocar seus apoiadores para os atos de raiz golpista do 7 de Setembro.

Em outro trecho da transmissão, quando afirmou estar aberto ao diálogo com os Poderes, o presidente disse que pode conversar até mesmo com Barroso. "Ainda que hoje ele deu um cacete lá em mim".

Reação do TSE

Bolsonaro se referia à fala de Barroso na manhã dessa quinta-feira (9). O presidente do TSE e ministro do Supremo chamou o mandatário de farsante por investidas contra as urnas eletrônicas.

"Todas pessoas de bem sabem que não houve fraude e quem é o farsante nessa história", afirmou Barroso. "Quando fracasso bate à porta, é preciso encontrar culpados", completou.

Bolsonaro ainda fez insinuações de cunho homofóbico ao comentar que Barroso anunciou a criação de comissão para tratar da transparência e segurança nas eleições.

"Se anuncia que está anunciando novas medidas protetivas por ocasião das urnas é porque elas têm brecha. É porquê, Barroso, elas são penetráveis. Entendeu, Barroso? Ministro Barroso, entendeu? As urnas são penetráveis, as pessoas podem penetrar nelas", disse o presidente, em tom de deboche.

Críticas a Rodrigo Maia

Bolsonaro também fez comentários homofóbicos em outro trecho da transmissão, quando citou fala do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, agora secretário de Projetos e Ações Estratégicas do estado de São Paulo.

"Maia me acusou de gay. Lógico, o Maia falando e um jegue relinchando é a mesma coisa, mas poxa, os argumentos dele: 'Ele é militar, tem vergonha de sair do armário, leva jeito'. Agora você vê a coincidência. Ele foi trabalhar com [João] Doria e começou a se interessar pela pauta LGBT. Ele quer agradar seu patrão. O gordinho quer agradar o patrãozinho dele", afirmou.

Bolsonaro também disse que "não é justo" desmonetizar páginas que defendem o voto impresso. O TSE ordenou que as redes sociais cortem os repasses a canais investigados por fake news.

O presidente ainda questionou a razão de Barroso ser contrário ao voto impresso "de forma tão contundente".

"Democracia é contraditório. Eu posso gostar e tu não gostar (sic). Já imaginou se eu gostar da mesma coisa que o Barroso?", afirmou Bolsonaro.

Atos antidemocráticos

Na mesma transmissão, o presidente minimizou pedidos golpistas feitos por apoiadores durante os protestos de 7 de Setembro.

"Não vi pedir fechamento de nada. Se bem que pedir fechamento... quanta gente fala 'fora Bolsonaro'. Escuto de motocicleta. Vou fazer o quê? Passar com moto em cima dele? Deixa ele falar", declarou Bolsonaro.

Ele também disse que não há problema levantar bandeiras golpistas, como o uso do artigo 142 da Constituição ou AI-5. Na leitura distorcida dos apoiadores do presidente, o artigo seria base para legitimar uma intervenção militar, enquanto o segundo pedido faz referência ao ato mais duro da ditadura.

"Será que alguém levantou lá um artigo com a plaquinha artigo 142? Se levantou, parabéns. Quem fala em artigo 142, não tem problema nenhum. Nós devemos respeitar do primeiro ao último artigo da Constituição", disse Bolsonaro.

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