Após idas e vindas na eleição, PSDB se une ao PT na Alece em busca de espaço nas comissões
Emília Pessoa ressalta que partido segue independente e que blocão não votará, necessariamente, da mesma forma
Rejeitada na eleição do ano passado, a aproximação entre PT e PSDB no Ceará acabou sendo consolidada logo no início dos trabalhos do Legislativo estadual. A única tucana eleita no Estado em 2022, Emília Pessoa (PSDB), agora integra um “blocão” de partidos na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) liderado pelo PT. A ideia de integrar o grupo, segundo a parlamentar, é garantir mais espaço para ela nas comissões da Casa.
Ao todo, o grupo é formado por oito deputados do PT, três do PSD, além de um parlamentar de cada uma das seguintes siglas: PSDB, PMN, PCdoB e Cidadania. A articulação foi comandada pelo deputado estadual De Assis Diniz (PT), líder do PT e do grupo na Alece. Além do PSDB, Cidadania e PSD integraram a oposição ao PT no Ceará em 2022.
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Ao Diário do Nordeste, De Assis disse que a eleição já é passado. “Estamos agora para governar e dar viabilidade à solução dos grandes desafios do Ceará, garantir governança, buscar esse horizonte de diálogo, estamos construindo esse diálogo pós-eleição”, disse.
Ele também deu indicativos de que esse grupo caminha para, integralmente, compor a base governista.
“Foi criado para construir uma agenda para dar suporte e apoio à base do Governo na Casa (...) É um bloco que busca uma agenda temática e uma coordenação unitária no debate de grandes temas e no cotidiano das matérias e da centralidade da defesa da pauta”
“Não influencia no meu voto”
Apesar da aliança com o PT no blocão, a deputada tucana Emília Pessoa é cautelosa sobre a possibilidade de integrar a base de Elmano no Legislativo.
“Essa construção do blocão é complementar regimental, tem a intenção de que os deputados de menor bancada, como eu e a Luana Ribeiro, do Cidadania, possamos ter participação em comissões legislativas. Nós duas temos interesse em participar ativamente das atividades da Casa, sem isso não teríamos como viabilizar, então o presidente De Assis nos apresentou essa possibilidade para assegurar a participação efetiva nas comissões”
Emília Pessoa, no entanto, disse que não chegou a conversar com a direção estadual do PSDB — comandada pelo ex-senador Tasso Jereissati (PSDB) — sobre a montagem do blocão.
“Nas nossas conversas, o senador sempre me deu liberdade e sempre falei para ele que queria ter um mandato atuante e participativo, é isso que estou buscando, porque esse blocão me possibilita uma participação maior e é algo interno da Assembleia”, disse.
“É importante que fique claro: esse blocão não interfere no voto, nos sentimentos, no poder de decisão dos projetos, o PT continua no sentido dele e eu no meu, o PSDB é independente”, reforçou a deputada.
Ainda segundo Emília, a intenção é que esse acordo dê a ela cadeira em até quatro comissões. “Demonstrei meu interesse pelas comissões da educação, já que sou educadora, de cultura, de esporte e de assistência social, mas essas definições só devem sair na próxima semana”, finalizou.
Base de Elmano
Outro partido que fez forte oposição ao PT no pleito do ano passado e também integra o grupo é o PSD, comandado no Ceará pelo ex-vice-governador Domingos Filho. O partido elegeu Fernando Hugo (PSD), Gabriella Aguiar (PSD) e Lucílvio Girão (PSD) no ano passado.
Conforme antecipou o colunista de Política do Diário do Nordeste Wagner Mendes, o partido já tem a predisposição de integrar a base. Em entrevista, Domingos Filho declarou que o partido ainda vai discutir o assunto internamente, mas adiantou que o "PSD não tem disposição de estar fazendo oposição" ao governador do Estado.
O dirigente ressaltou que a sigla já era base do governo Camilo Santana (PT) e que também está aliado ao PT em âmbito nacional.