Quem passou a faixa para Lula? Veja como foi a solenidade durante a posse

Foi a primeira vez, desde a redemocratização do País, que um ex-presidente se nega a entregar a faixa para o sucessor

A entrega da faixa presidencial tradicionalmente é repassada do mandatário anterior para o novo. No entanto, com a viagem de Jair Bolsonaro (PL) aos Estados Unidos, na última sexta-feira (30), a faixa foi passada para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por cidadãos que simbolizam a riqueza e a diversidade do povo brasileiro, neste domingo (1º), em Brasília. 

Representantes de indígenas, mulheres,crianças, metalúrgicos e pessoas com deficiência seguraram a faixa, antes de ser colocada em Lula. O influenciador que luta pela inclusão, Ivan Baron, fazia parte desse grupo, assim como o cacique Raoni Metuktire, líder do povo Kayapó.

Ao lado do presidente, também estava o jovem negro Francisco, 10 anos, que mora em Itaquera, periferia de São Paulo. Além dele, marcaram presença: o artesão Flávio Pereira, a cozinheira Jucimara dos Santos, o professor de português Murilo de Jesus, o metalúrgico do ABC Paulista, Weslley Rocha e Aline Sousa, catadora responsável por entregar a faixa.

Esta foi a primeira vez que um ex-presidente se negou a entregar a faixa para o sucessor após a redemocratização do País, iniciada com o fim da ditadura.

Apesar de simbólica, a falta do rito não impossibilita a posse do novo mandatário. Na verdade, os momentos mais importantes da cerimônia são o juramento e a assinatura no Livro de Posse. 

Quem é a mulher que entregou a faixa?

A mulher responsável por entregar a faixa presidencial para Lula foi Aline Sousa, 33 anos. A mulher é catadora desde os 14 anos e integra a Central das Cooperativas de Trabalho de Catadores de Materiais Recicláveis do Distrito Federal. Em 2012, foi eleita diretora secretária da organização. 

Conforme o Uol, Aline também é beneficiária do programa Minha Casa Minha Vida e é responsável por Secretaria Nacional da Mulher.

Veja quem são as outras pessoas ao lado de Lula

Além de Ivan, Aline, Francisco e o Cacique Raoini, também estiveram presentes:

  • Weslley Viesba Rodrigues Rocha: metalúrgico de 36 anos, formado em educação física por meio do Programa de Financiamento Estudantil (Fies). Ele é natural de Diadema, município de São Paulo;
  • Murilo de Quadros Jesus: professor formado em Letras Português e Inglês. Foi bolsista Fulbright na Bluefield College (West Virginia, EUA) entre 2021 e 2022;
  • Flávio Pereira: artesão de 50 anos, ficou 580 dias na vigília Lula Livre, em Curitiba, contribuindo com as atividades do acampamento;
  • Jucimara Fausto dos Santos: é cozinheira para a Associação dos Funcionários da Universidade Estadual de Maringá, e também participou de concurso de culinária na Vigília Lula Livre.

As informações dos perfis são do Metrópoles

Cerimônia de posse presidencial

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou posse, neste domingo, para o terceiro mandato como presidente da República. A cerimônia oficial começou por volta das 15 horas, com sessão solene no Congresso Nacional e, logo depois, Lula seguiu para o Palácio do Planalto, onde subiu a rampa para receber a faixa presidencial. 

O agora ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) viajou para os Estados Unidos na última sexta-feira (30) e, portanto, não entregou a faixa ao sucessor. 

Fortalecimento da democracia

Para o cientista político Cleyton Monte, o ato fortalece a democracia ao evidenciar a transferência de poder. Em entrevista ao Diário do Nordeste, acrescentou que é importante manter esses rituais. 

"A transmissão da faixa reconhece a continuidade da democracia, reconhece o presidente eleito, dá as boas-vindas a ele."
Cleyton Monte
Cientista político
 

"A cerimônia de passagem da faixa quer dizer que a democracia tem continuidade e que aquele gestor, que termina o mandato, reconhece a legitimidade daquele que vai assumir o novo governo. Então, é a ideia de alternância do poder", acrescentou.

Dos últimos oito gestores somente cinco receberam o item do ex-governante do período. Os motivos variam desde encerramento do regime militar a impeachments, como, por exemplo, em 2016, quando Michel Temer (MDB) não recebeu o adereço de Dilma Rousseff (PT), destituída do cargo. Já em 1985, o último presidente da ditadura, o general João Figueiredo, se negou a transmitir o adereço para José Sarney.