MPCE investiga contratos de limpeza pública em Canindé; prefeita denuncia trato de agentes

O saldo da ação foi a apreensão de mais de R$ 105 mil, em espécie, aparelhos celulares, computadores, armas de fogo, munições e documentos

A Operação “Puritas Publica” foi deflagrada nesta quinta-feira (11) pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), com apoio da Polícia Civil, para investigar o suposto superfaturamento em contratos de prestação de serviços de limpeza pública via Prefeitura de Canindé. Os 12 mandados de busca e apreensão foram cumpridos na cidade e em Fortaleza contra a prefeita Rozário Ximenes (Republicanos), um ex-secretário de Obras e Infraestrutura, cujo nome não foi divulgado, e servidores municipais de Canindé, além de empresários da região.

Nesta sexta-feira (12), o Ministério Público do Estado do Ceará divulgou uma errata sobre as informações divulgadas da operação "Puritas Publica". Diferentemente da informação de que um dos alvos teria sido o atual secretário de Obras e Infraestrutura de Canindé, Luis Victor Cordeiro Marinho Cruz, o correto é que o envolvido é um ex-secretário de Desenvolvimento Urbano, Infraestrutura e Serviços.

O saldo da ação foi a apreensão de mais de R$ 105 mil em espécie, aparelhos celulares, computadores, armas de fogo, munições e documentos relacionados aos contratos investigados, materiais que podem indicar a prática de crimes de peculato, falsidades material e ideológica, entre outros, segundo o MPCE. As diligências foram realizadas nos prédios da prefeitura, das empresas supostamente envolvidas e nas residências dos investigados.

Pelas redes sociais, Rozário Ximenes se queixou da conduta dos agentes nesta quinta. Segundo a prefeita, eles foram à sua residência "numa exacerbação inimaginável", com "atitudes ásperas e causando temor" em seus funcionários. 

"Venho, pois, externar minha indignação e repúdio, não apenas por violar meu lar, desarrumar minhas roupas, pisar em peças íntimas, causando temor nas pessoas mais humildes, destilando ódio por nada encontrarem, pois nada existe, mas, indignação, principalmente, pelo fato de sempre ter me colocado à disposição das autoridades, pelo que não necessitaria de tal ato", relatou.

Ela também tentou afastar as suspeitas sobre sua administração, dizendo que os documentos apreendidos na Prefeitura para análise estão livres de irregularidades. "Desde logo, informo que nada encontrarão, pois tudo sempre foi pautado na legitimidade dos atos", afirmou.

O Diário do Nordeste buscou o MPCE e a Polícia Civil para entender se os órgãos estão cientes do relato da gestora e se há alguma providência cabível em relação a isso. O primeiro informou que não vai se pronunciar sobre o assunto. Quando houver resposta do segundo, a matéria será atualizada.

Investigação

As investigações são realizadas pela Procuradoria de Justiça dos Crimes contra a Administração Pública (Procap) desde o ano passado, quando o órgão recebeu denúncia de que a Prefeitura de Canindé estaria pagando às empresas responsáveis pela limpeza pública da cidade valores acima do mercado, indicando um suposto superfaturamento dos contratos. Havia, ainda, informações sobre supostos danos ambientais que estariam ocorrendo em regiões do município.