O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou, na tarde deste domingo (8), intervenção federal no Distrito Federal. A medida foi determinada em consequência das invasões registradas às sedes dos três poderes da República, em Brasília.
Neste domingo, centenas de manifestantes invadiram o Congresso Nacional, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto e depredaram patrimônio público.
Em entrevista à imprensa, o chefe do Executivo nacional afirmou que todos os envolvidos nos atos de vandalismo serão punidos exemplarmente e que serão descobertos os "financiadores" das ações criminosas. "Nós vamos tentar descobrir quem financiou isso. Quem pagou ônibus, estadia", assegurou Lula.
O decreto que trata da intervenção é válido até o dia 31 deste mês e vale apenas para o que trata da segurança pública. O interventor escolhido pelo presidente é Ricardo Garcia Capelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça.
"O interventor fica subordinado ao presidente da República e não está sujeito às normas distritais que conflitarem com as medidas necessárias à execução da intervenção", escreveu o presidente no decreto. Veja, na íntegra:
Pelo menos 300 detidos
Na noite deste domingo, de acordo com Polícia Civil do Distrito Federal, cerca de 300 pessoas foram presas até as 23h. "As investigações seguem até que o último integrante seja identificado", diz a corporação em publicação no Twitter.
Todos são suspeitos de participar dos atos criminosos praticados contra as sedes dos Poderes da República.
'Não se repetirá'
Em tom firme, o presidente também afirmou que episódios semelhantes aos que aconteceram neste domingo não se repetirão no País. "Podem ficar certos de que isso não se repetirá", disse, destacando que em nenhum momento da história do Brasil houve caso semelhante decorrente da não aceitação do resultado de eleições.
Não existe precedente o que essa gente fez. E, por isso, essa gente precisa ser punida".
Lula ressaltou ainda que ordenou investigações dentro das próprias estruturas governamentais para apurar possíveis omissões. Neste domingo, o secretário da Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, ex-ministro do Governo de Jair Bolsonaro (PL), foi exonerado pelo governador Ibaneis Rocha.
Lula vai ao Palácio do Planalto
Depois de visitar Araraquara (SP) para ver de perto os danos com as chuvas, o presidente Lula chegou à noite em Brasília e vistoriou o Palácio do Planalto, destruído nos atos criminosos. Várias salas do prédio foram invadidas, depredadas e objetos quebrados. O gabinete de Lula, que tem porta com blindagem reforçada, não foi invadido.
Já nesta segunda (10), a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República convidou governadores para se reunirem com o presidente para ato em defesa da democracia brasileira e para discutir ações conjuntas para solucionar a crise.
Governador do DF pede 'desculpas'
Ibaneis se pronunciou na noite deste domingo para pedir "desculpas" ao presidente Lula, à presidente do STF, Rosa Weber, e ao presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco. "O que aconteceu hoje na nossa cidade foi simplesmente inaceitável", disse o governador do Distrito Federal.
Segundo Rocha, embora a chegada de grupos golpistas à Brasília estivesse sendo monitorada por ele e pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, os atos que aconteceram hoje foram inimagináveis. "Não acreditávamos em momento nenhum que essas manifestações tomariam a proporção que tomaram", afirmou.
Paulo Pimenta mostra destruição
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, pediu a união dos brasileiros contra o terrorismo doméstico. No Twitter, ele destacou que os envolvidos serão punidos.
“Tô chegando na minha sala, aqui no segundo andar do Planalto. Como vocês podem ver, tudo foi destruído. Olha aqui, esse monitor. É uma coisa criminosa que foi feita, uma coisa revoltante. Obras de arte. Olha o que os vândalos fizeram aqui. O caos. Obras de arte destruídas, patrimônio do país. É inacreditável o que foi feito aqui no Palácio. Olha o estado das salas, os equipamentos, computadores. São marginais que têm de ser tratados como criminosos”, disse o ministro.