Embates sobre preço da gasolina e protestos causam bate-bocas entre deputados na AL-CE

Declarações recentes de Camilo Santana e Jair Bolsonaro e as manifestações do dia 7 de Setembro elevaram a tensão em plenário

Pautas nacionais causaram bate-bocas na sessão desta quarta-feira (25) na Assembleia Legislativa do Ceará. O embate entre o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) e o governador Camilo Santana (PT) sobre o preço da gasolina repercutiu entre parlamentares da base governista e da oposição, assim como as manifestações que estão sendo convocadas por bolsonaristas para o dia 7 de setembro. 

A resposta do governador às afirmações de Bolsonaro, que responsabilizou governadores pela alta no preço da gasolina, foi criticada por opositores. Camilo afirmou que a "responsabilidade é única e exclusiva do Governo Federal e da Petrobrás".

Na tribuna, o deputado Delegado Cavalcante (PTB) chamou de "mentira" a fala do governador. Ele disse que o verdadeiro culpado pelo preço da gasolina era "o Governo do PT", citando os ex-presidentes Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT). "Bolsonaro pegou um Brasil quebrado e está colocando nos eixos, com muita dificuldade", acrescentou. 

Soldado Noélio (Pros) criticou ainda a intenção, segundo ele anunciada por Camilo, de encontrar o presidente Bolsonaro. O parlamentar citou as três visitas feitas por Bolsonaro ao Ceará, as quais o governador não compareceu. 

"Aí agora vem dizer que está querendo conversar com o presidente. Que palhaçada é essa? O senhor não quer conversar com o presidente da República, quer fazer politicagem", alfinetou. 

'Palhaço'

Durante o pronunciamento seguinte, o líder do Governo na Casa, Júlio César Filho (Cidadania), rebateu: "Palhaço é quem acompanha o presidente Bolsonaro no Ceará fazendo aglomeração, estimulando o não uso de máscara, desrespeitando a vida daqueles que infelizmente morreram devido a problemas da Covid-19".

Após a fala, Soldado Noélio pediu direito de resposta por "ter sido chamado de palhaço na tribuna". Ele esteve na comitiva presidencial na visita de Bolsonaro a Juazeiro do Norte, no início de agosto. 

"O senhor disse, sim, que quem acompanhou o presidente era palhaço e eu acompanhei", afirmou Noélio. "Não vista a carapuça", rebateu Júlio César. O bate-boca no plenário foi feito fora dos microfones, desligados pela Presidência da Casa. 

ICMS

Outros deputados da base aliada também defenderam o governador. "O reajuste da gasolina nos últimos oito meses foi de 25%, do etanol foi de 36%, e, no mesmo período, o Governo do Ceará manteve a mesma alíquota do ICMS. Como pode a culpa ser do governador?", questionou Queiroz Filho (PDT). 

Assim como Júlio César, ele destacou a "desastrosa política econômica" do Governo Federal como motivo para a alta do dólar, o que por consequência, conforme argumentou, aumenta o valor da gasolina. 

7 de setembro

Durante a fala em que criticou Camilo Santana, Delegado Cavalcante aproveitou para falar das manifestações convocadas, por bolsonaristas, para o dia 7 de setembro. 

"A reunião que os governadores estão querendo com o presidente Bolsonaro é porque estão com medo do dia 7 (de setembro), porque vai ter um levante no Brasil, vai ter um levante no Estado do Ceará", disse, ao citar o encontro que o Fórum Nacional de Governadores quer agendar com o presidente para tratar da crise entre os poderes. 

Pouco depois, o deputado Guilherme Sampaio (PT) respondeu ao discurso, afirmando que Cavalcante deveria "ter vergonha". "Nós nos submetermos a ouvir um deputado fazendo apologia a ameaça à democracia. Tenha vergonha, rapaz. É a democracia que lhe permite estar aqui", criticou. 

Cavalcante, por sua vez, tentou direito de resposta, mas não teve a palavra concedida. Ele disse que irá avaliar as gravações e, se identificar ofensa grave, irá apresentar representação no Conselho de Ética contra Sampaio. "Não tem argumento e parte para ofensa", disse ao chamar o petista de "deputado-vereador". 

Os dois também discutiram a respeito da recente prisão de Roberto Jefferson (PTB), presidente nacional do partido de Cavalcante, e da vinda do ex-presidente Lula ao Ceará.

Delegado Cavalcante falou que a visita do "ex-presidiário" Lula teria ocorrido "sem sucesso, sem público, com muita vaia e hostilização". Durante a passagem do petista pelo Ceará, não ocorreram eventos abertos ao público, tendo sendo registrada apenas uma pequena manifestação contra o ex-presidente em frente ao hotel onde ele cumpria uma das agendas em Fortaleza. 

Ao responder, Guilherme Sampaio reiterou a inocência de Lula e pediu para Cavalcante ir à tribuna falar da recente prisão de Roberto Jefferson. "Quem está preso é o presidente do seu partido. Vá para a tribuna explicar esse presidiário, porque esse outro que você falava, a Justiça já absolveu", disse.