Cid Gomes: 'Não perco esperanças de ter candidatura que coloque como aliados PT e PDT em Fortaleza'

O senador reforçou que traçou como meta unir as duas siglas na Capital

Minutos antes da cerimônia que o empossou oficialmente como presidente interino do PDT Ceará — até o fim do ano —, o senador Cid Gomes (PDT) deu indicativos dos planos que tem para o futuro da sigla e das estratégias que deve adotar de olho nas eleições do próximo ano. Na entrevista, o pedetista falou especificamente sobre a disputa pela Prefeitura de Fortaleza, que classificou como a mais desafiadora para a legenda.

Apesar de destacar que pretende comandar o partido ouvindo todos os filiados e atendendo às decisões da maioria, o senador reforçou que irá trabalhar por uma aliança entre PT e PDT para disputar o comando da Capital em 2024. 

Os desafios são muitos. Desde 2012, petistas e o grupo Ferreira Gomes caminham em lados opostos em Fortaleza. À época, o rompimento surgiu justamente com Cid — que era governador — e a então prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), que resolveu indicar Elmano de Freitas (PT) para sua sucessão no município, contrariando interesses do governador. 

“Não perco as esperanças de poder ter uma candidatura que coloque como aliados PT e PDT em Fortaleza, vou trabalhar nesta meta, respeitando as diferenças e opiniões, compreendendo que há disputas, mas esse será o supra sumo da minha responsabilidade (...) e eu não desisto fácil não”
Cid Gomes
Senador e presidente interino do PDT Ceará

“Claro que se a gente conseguir fazer na metade (dos 184 municípios), já terá sido uma grande vitória”,  acrescentou.

Sarto será candidato?

Ainda sobre Fortaleza, Cid respondeu sobre uma eventual candidatura à reeleição natural do atual prefeito Sarto. O senador, no entanto, evitou cravar que o correligionário disputará a reeleição. 

“Se ouvir opiniões minhas de 8, 10, 12, 20 anos atrás, você vai ouvir o que eu estou dizendo agora, não estou com casuísmo. Primeiro, é importante a gente definir o projeto, o que queremos para Fortaleza. Segundo, definir a aliança, quais são os partidos, as forças políticas que vão se fazer representar. Por último, o nome, a pessoa, isso é o de menor importância, ao mesmo tempo que deve ser consequência desse esforço inicial de projeto, aliança e definição de nome” 
Cid Gomes
Senador e presidente interino do PDT Ceará

Para o pedetista, a possibilidade da aliança entre PT e PDT, traçada como meta por ele, pode entrar no horizonte dos diretórios estaduais e nacionais das duas siglas. 

“Sem ilusão, se a gente for depender exclusivamente do diretório municipal do PDT e do PT, eu diria que a possibilidade de aliança é zero. No entanto, você tem estaduais que podem conversar e nacionais que já estão colocando em andamento isso, de ter esse partidos como aliados na maior parte de municípios do Brasil. Na medida que a instância fica maior, as possibilidades vão aumentando”, concluiu o senador e agora presidente interino do PDT Ceará.

Para além de Fortaleza

Cid assume o comando do partido após um embate interno com o presidente da sigla no Ceará e também nacional, o deputado federal André Figueiredo (PDT). Os embates entre aliados dos dois pedetistas só chegou ao fim após acordo da dupla: Cid ficará como presidente interino até dezembro, quando promete apoiar Figueiredo para a reeleição do cargo.

De imediato, no comando, o senador disse que pretende criar três frentes de trabalho. Segundo ele, será montada uma comissão para dialogar com outros partidos, com preferência para PT, PCdoB, PV, PSB, PDT e Rede, além de PP, PSD, Republicanos, MDB e Podemos.

Outra comissão deve levantar, nos 184 municípios cearenses, as possibilidades de candidaturas a prefeito. Por fim, a terceira comissão irá “solidificar o partido”, organizando internamente a sigla.

PDT: oposição ou base?

Cid disse ainda que presente resolver, coletivamente, um dos principais impasses da legenda: se o PDT é base ou oposição do Governo Elmano. A sigla, que lançou Roberto Cláudio como nome de oposição ao petista no pleito do ano passado, agora tem a maioria dos deputados estaduais e federais na base do Governo, inclusive como secretários no Executivo.

"Quero fazer com que o partido tenha um direcionamento", ressaltou. Segundo o senador, a indefinição tem deixado "os filiados inseguros". 

Para o presidente interino, a direção do PDT — sob comando de Figueiredo — não estava "representando o sentimento majoritário" dentro da legenda. "O sentimento que percebo é de realinhamento, de virar a página das eleições e começar uma nova", conclui.