Legislativo Judiciário Executivo

Ação contra Bolsonaro e sete réus entra na fase de recursos no STF; entenda próximos passos

A condenação só será executada após o fim definitivo das possibilidades de apelação.

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Redação producaodiario@svm.com.br
Foto mostra Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes, frente a frente, durante um interrogatório no STF.
Legenda: Jair Bolsonaro e os demais réus foram ouvidos em junho.
Foto: Antonio Augusto/STF

A ação penal envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus, condenados pela tentativa de golpe de Estado em 2022, ingressou na fase de recursos. 

O passo ocorre após o Supremo Tribunal Federal (STF) publicar o acórdão, documento que formaliza e reúne a decisão conjunta dos ministros da Primeira Turma, na última terça-feira (22).

As defesas dos réus têm até o início da próxima semana para protocolar os primeiros recursos previstos na lei, conhecidos como embargos de declaração.

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A execução da pena, incluindo o possível decreto de prisão de Bolsonaro — que pode ocorrer já em novembro, conforme noticiou o g1 —, só será realizada quando a decisão se tornar definitiva, ou seja, quando não houver mais possibilidade de apelo.

O histórico da condenação

O processo de recursos é resultado de uma série de eventos que ocorreram desde o julgamento inicial:

  • Condenação inicial: em setembro, o ex-presidente e os demais réus foram condenados pela Primeira Turma do STF pela tentativa de golpe de Estado em 2022.
  • Elaboração do acórdão: nas semanas seguintes, a decisão foi formalizada na elaboração do acórdão, documento conjunto que reúne os votos dos ministros.
  • Publicação e recurso: na última terça-feira (22), o STF publicou a decisão. Com isso, o processo avançou para a fase de recursos, abrindo o prazo para as defesas apresentarem seus argumentos.

Quais recursos estão em avaliação?

A fase de recurso está prevista na legislação e permite que as defesas tentem modificar pontos específicos da decisão, como, por exemplo, buscar a redução das penas.

As defesas têm dois tipos principais de recursos para avaliar:

  • Embargos de declaração. Eles são utilizados para destacar contradições ou trechos pouco claros nas decisões judiciais. Embora normalmente não alterem o resultado da condenação, o STF pode aceitá-los para alterar efeitos modificativos, permitindo mudanças como a redução ou a extinção da punição, caso os argumentos da defesa sejam acolhidos. O prazo para este recurso se encerra no início da próxima semana.
  • Embargos infringentes. São recursos aceitos pelo STF quando há uma divergência significativa entre os votos dos ministros, gerando incerteza sobre a decisão. Inicialmente, este recurso era admitido somente em julgamentos plenários (com menos de quatro votos divergentes favoráveis à absolvição).

No caso do chamado núcleo crucial, a condição de haver quatro votos pela absolvição não foi cumprida.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, chegou a rejeitar um pedido para esse tipo de recurso, com base na admissibilidade dele em relação ao relator.

Foto dos ministros da Primeira Turma do STF reunidos no plenário do colegiado, uma sala ampla do Tribunal.
Legenda: Acórdão foi publicado na última semana.
Foto: Ton Molina/STF

Próximos passos e a execução da pena

Após a apresentação dos embargos de declaração, o ministro relator, Alexandre de Moraes, poderá encaminhar o recurso para análise da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Depois disso, o recurso poderá ser julgado pela Primeira Turma em uma data ainda não definida.

No caso dos embargos infringentes, Moraes poderá fazer uma análise individual de admissibilidade. Se o recurso for negado, poderá haver um novo recurso para envio ao colegiado.

A pena só será aplicada e começará a ser cumprida quando a decisão da Primeira Turma se tornar definitiva—isto é, quando se esgotarem todas as possibilidades de recursos. Ainda não existe uma data para o início do cumprimento da pena.

Uma vez encerrado o processo, as seguintes determinações da Primeira Turma serão executadas:

  • Punição de prisão: tempos de prisão que variam entre 16 e 27 anos.
  • Indenização: pagamento de R$ 30 milhões por danos morais coletivos.
  • Multa: cálculo e pagamento da multa, também aplicada aos réus.
  • Perda de mandato: perda do mandato na Câmara dos Deputados para Alexandre Ramagem.
  • Perda de cargos: perda dos cargos na Polícia Federal para Alexandre Ramagem e Anderson Torres.
  • Direitos políticos: suspensão de direitos políticos.

Qual a situação atual de Jair Bolsonaro?

O ex-presidente Jair Bolsonaro já está em prisão domiciliar desde 4 de agosto, por decisão do ministro Alexandre de Moraes.

Essa prisão é de caráter provisório, tendo sido determinada porque o ex-presidente teria tentado interferir no processo pelo qual foi condenado.

Caso a decisão da Primeira Turma se torne definitiva, a defesa poderá solicitar que o tempo já cumprido em prisão domiciliar seja descontado da pena. O STF ainda deverá decidir sobre essa permissão, já que os processos, embora relacionados, são distintos.

A defesa também pode usar a idade do ex-presidente como argumento para solicitar que ele cumpra a pena de prisão definitiva em regime domiciliar.

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