Venda de imóveis avança 43,3% em Fortaleza no mês de julho

Foram 606 operações de compra e venda no mês, de acordo com o Registro de Imóveis do Brasil e Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. Alta nos financiamentos com taxas em baixa catapultou mercado na Capital

Escrito por Redação ,
Legenda: No cenário nacional, em outubro, o Índice FipeZap cresceu 0,43%, após apresentar aumento de 0,53% em setembro
Foto: Gustavo Pellizzon

Impulsionados pela maior facilidade de financiamentos diante de taxas de juros cada vez mais atrativas, os registros de compra e venda de imóveis em Fortaleza contabilizaram 606 operações em julho deste ano, crescimento de 43,3% na comparação com o mês de junho e de 21% ante igual período do ano anterior. É a primeira vez que o indicador do mercado imobiliário, do Registro de Imóveis do Brasil e da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) é divulgado com recorte para a Capital cearense.

O levantamento é realizado em sete capitais brasileiras. O resultado observado na passagem de junho para julho em Fortaleza é o segundo maior crescimento percentual entre essas cidades, ficando atrás somente do observado em Florianópolis, em Santa Catarina, que registrou avanço de 58,6% nas operações de compra e venda no período.

O presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci-CE), Tibério Benevides, associa o dado ao crescimento no número de financiamentos e pontua que os imóveis ficaram com preços represados, já que o estoque de unidades era elevado até pouco tempo atrás. 

“Os imóveis estavam com preços bem atraentes. Tivemos dois ou três anos praticamente sem aumento nos valores, então a tendência é que os estoques zerem mais rapidamente agora”, detalha Tibério Benevides.

Ele reforça que as facilidades em relação ao financiamento imobiliário, com taxas que têm acompanhado os sucessivos cortes na Selic, a taxa básica de juros da economia, incentivou fortemente esse movimento. 

“A tendência é que as vendas continuem aquecidas. As taxas de juros baixaram bastante, há quatro, cinco anos, estavam em 13%. E com a pandemia, as pessoas passaram a buscar condições melhores de moradia, com mais espaço interno e condomínios com área de lazer completa”, avalia o presidente do Creci-CE.

Benevides acrescenta que bairros como Meireles e Aldeota continuam detendo a preferência dos consumidores que buscam um imóvel. “Os bairros priorizados ainda são Meireles, Aldeota, Luciano Cavalcante e Guararapes. Também percebemos uma movimentação em relação ao bairro Dunas para residências mais horizontais e há uma busca também pelo município de Eusébio. As pessoas estão realmente interessadas em morar cada vez melhor”, ressalta.

Lançamentos

Com a movimentação maior no mercado imobiliário e consequente redução dos estoques, as construtoras começam a mirar os novos lançamentos. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias, afirma que várias construtoras já chegaram a zerar seus estoques. 

“Teremos um apagão de alguns tipos de imóveis, então isso vai fazer com que o preço aumente. As pessoas já enxergaram isso”, diz, reforçando que o momento é interessante para a aquisição de imóveis considerando os preços ainda praticados.

“Há quatro anos, as incorporadoras não vêm lançando novos empreendimentos e, com a pandemia, os lançamentos que seriam feitos no primeiro semestre deste ano acabaram sendo postergados mais para frente”, explica o presidente do Sinduscon-CE.

Ele também reforça que as taxas de juros mais baixas alavancaram as vendas, além da instabilidade de algumas aplicações financeiras, a exemplo do mercado de ações, e da perda de rentabilidade da renda fixa. Na avaliação de Patriolino Dias, essa insegurança motivou a busca por alocações mais seguras e é nesse contexto que os imóveis se inserem. 

“Algumas pessoas perderam dinheiro na Bolsa com essa instabilidade partiram para a compra de um imóvel. E com essa baixa na taxa de juros, várias pessoas que antes dificilmente conseguiriam pagar as prestações de um financiamento agora conseguem”, frisa Dias.

Pandemia

Apesar do forte avanço do indicador em julho, o acumulado dos primeiros sete meses de 2020, na comparação com igual período do ano anterior, mostra queda nos registros em compra e venda em Fortaleza. Foram 3.268 unidades, um recuo de 27,8%, de acordo com o indicador do Registro de Imóveis do Brasil e da Fipe.

O levantamento mostra ainda o total de transferências, que inclui operações de adjudicação, arrematação em hasta pública, cessão de direitos, desapropriação, dissolução de sociedade, distrato, doação, partilha amigável ou litigiosa, além das operações de compra e venda, que representam 79,1% desse total em julho. No acumulado de registros de transferência em 2020, as operações de compra e venda de imóveis representam 67%.

Indicador

Além de Fortaleza, a capital pernambucana Recife também é estreante na divulgação do indicador do Registro de Imóveis do Brasil juntamente com a Fipe. Em Recife, foram registradas 645 operações de compra e venda em julho deste ano, queda de 2,4% na comparação com junho. Ante igual período de 2019, houve queda de 24,3%. No ano de 2020 até julho, foram registradas na capital pernambucana 4.613 transações de compra e venda, queda de 5,6%.

Os indicadores para Fortaleza e Recife agora serão disponibilizados todos os meses. O Registro de Imóveis do Brasil é uma entidade que congrega associações estaduais que representam 3.297 unidades de registros de imóveis. Os dados de registros são trabalhados com a metodologia desenvolvida pela Fipe.

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