Vale a pena investir no título do Tesouro para aposentadoria? Veja prós e contras do RendA+

Investidores devem avaliar se essa é uma boa oportunidade de planejamento a partir de 2023

Escrito por Redação ,
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Legenda: O serviço ficará disponível já a partir do próximo 30 de janeiro
Foto: Shutterstock

Lançado nesta semana, o "Tesouro RendA+” propõe o investimento em uma complementação da renda no futuro. Economistas apontam ser uma alternativa segura e simples para quem pretende começar a preparar um colchão para a aposentadoria. Contudo, é necessário avaliar o perfil e a necessidade de cada trabalhador. 

O serviço ficará disponível somente partir de 30 de janeiro. Economistas ouvidos pelo Diário do Nordeste dão dicas de como fazer essa análise. 

Qual o primeiro passo para investir no Tesouro RendA+?

Antes de qualquer decisão, é necessário compreender o produto e saber o que é oferecido. Resumidamente, as principais informações são:

  • Trata-se de um investimento inicial de aproximadamente R$ 30. Esses valores serão acumulados ao longo dos anos e devolvidos em 240 prestações (20 anos), a partir de 2030;
  • Possui rentabilidade atrelada à inflação mais uma taxa de juros real, garantindo o poder de compra do que foi investido;
  • Tem isenção da Taxa de Custódia (uma cobrança feita pela Bolsa de Valores para guardar os títulos e garantir a segurança das informações);
  • Os pagamentos podem ocorrer via Pix;
  • Qualquer pessoa pode fazer de maneira simples e pela internet. 

Abaixo, todos os pontos serão detalhados. 

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Qual a diferença do Tesouro RendA+ para outras previdências privadas? 

A diretora do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-Ceará), Darla Lopes, considera ser um dos investimentos “mais simples e acessíveis".

Lopes pondera, contudo, “não haver incentivo tributário”, como as previdências privadas (PGBL e VGBL), que oferecem alíquota mínima de imposto de renda. 

“O novo título do Tesouro Nacional não abarca o risco da longevidade. Por mais que ele tenha essas características de aposentadoria, possui um prazo certo, de 20 anos”, compara. 

O diretor de crescimento (Head de Growth) da Messem Investimentos, Vinícius Teixeira, acrescenta que a previdência privada é mais completa e direcionada aos investidores com uma situação financeira cujas necessidades exigem outros diferenciais. 

“Por exemplo, para o investidor que já paga bastante imposto de renda, a previdência privada pode apresentar algumas vantagens frente ao RendA+, que tem o foco em simplificar o processo, enquanto a previdência privada foca em algo muito mais planejado, com uma customização maior e alguns benefícios”, observa. 

“Quando a gente fala de imposto de renda para aqueles investidores numa fase mais sofisticada de investimento, eles podem tirar proveito maior”, completa. 

Para quem vale a pena o Tesouro RendA+?

Vinícius Teixeira avalia que o RendA+ é um produto acessível e de fácil entendimento para quem está busca dar o primeiro passo para planejar a aposentadoria. 

“Vale ressaltar bastante a questão da segurança. Estamos falando de um título soberano, onde o tesouro é o Brasil, o garantidor do título. Então, isso dá bastante segurança para o investidor, principalmente o mais conservador”, diz.

A rentabilidade compensa?

Teixeira pondera que o título ainda não está sendo negociado no mercado, portanto, só há como referência de retorno o IPCA+ (produto atrelado à inflação voltado o para investimentos de médio e longo prazo).

“Olhando alguns títulos de IPCA+ hoje, eles estão entre 5% a 6,12% de ganho real. Então, significa que, provavelmente, teremos essa rentabilidade nos títulos do RendA+”, calcula. 

Ele lembra que o ganho pode baixar ou subir de acordo com a oscilação da Taxa Selic. 

“Importante falar, também, que os saques feitos nesses títulos são corrigidos pela inflação. No caso, as rendas mensais geradas são corrigidas, garantindo o poder de compra no futuro, quando o investidor for receber a renda dele”, afirma. 

Como funciona o “Tesouro RendA+”?

No dia 30 de janeiro, o novo título já estará disponível, com valor mínimo de aproximadamente e R$ 30, podendo o investidor agendar aportes mensais ou fazer uma única compra. Os pagamentos poderão feitos via Pix.

Esses valores serão acumulados ao longo dos anos e devolvidos em 240 prestações (20 anos), a partir de 2030. 

Inicialmente, serão ofertados oito títulos. Veja as datas de vencimentos deles:   

tabela de títulos
Legenda: O primeiro vencimento em 15 de janeiro de 2030
Foto: Reprodução Ministério da Economia

Quem poderá investir no “Tesouro RendA+”?

Conforme o subsecretário de Regime de Previdência Complementar, Narlon Gutierre Nogueira, qualquer cidadão, independente da renda, poderá adquirir o título. 

"Qualquer pessoa física vai poder comprar o Tesouro RendA+, pela plataforma PagTesouro. Basta ele responder a duas perguntas: “Quando eu quero me aposentar?” e “Quanto eu quero receber?”", explicou.

Quanto o investidor vai receber no futuro? 

O valor a ser devolvido dependerá dos investimentos feitos ao longo dos anos.

Contudo, segundo o secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle, o produto será corrigido pela inflação (IPCA) mais uma taxa de juros real, garantindo, portanto, a manutenção do poder de compra das aplicações acumuladas. 

Em breve, a simulação estará disponível no site do Tesouro Direto

Isenções de taxas 

A taxa de custódia, uma cobrança feita pela Bolsa de Valores (B3) para guardar os títulos e garantir a segurança das informações, não é cobrada no “Tesouro RendA+”. A isenção será válida para quem carregar o título até a data de vencimento, com o limite de até seis salários mínimos de renda mensal. 

No entanto, segundo o Ministério da Economia, o investidor que realizar o resgate antecipado dos títulos no período inferior a 10 anos, pagará taxa sobre o valor da retirada, de 0,50% ao ano.

Entre 10 e 20 anos, a tarifa cobrada será de 0,20% ao ano. Acima de 20 anos, 0,10% a.a.. Além disso, não há cobranças de taxas semestrais, ou seja, o investidor só paga a Taxa de Custódia da B3 no momento do resgate que ocorrer antes do vencimento do título. Veja:

Tabela de taxas
Foto: Reprodução / Ministério da Economia

O que é o Tesouro Direto?

O Tesouro Direto pode ser a porta de entrada para os mais inexperientes ingressarem no mundo dos investimentos, seja pessoa física (PF) ou jurídica (PJ). Por meio da compra de títulos públicos (emissão de dívida feita pelo governo) de forma online a partir de R$ 30, já é possível começar. 

O risco é baixo em razão da impossibilidade de quebra do emissor. Ocorre que, na prática, é feito um empréstimo ao governo, que pagará em determinado prazo acrescido de rendimentos.

Já o “Tesouro RendA+” é um novo produto de investimentos voltado para quem planeja poupar para aposentadoria. 

Quais as diferenças dos produtos do Tesouro?

  • Tesouro RendA+: indicado para quem planeja complementar a aposentadoria e busca um investimento mais simples e acessível do que a previdência privada para começar a se planejar;
  • Tesouro Selic: indicado para quem quer fazer reserva de emergência, devido à possibilidade de sacar os recursos a qualquer momento. 
  • Tesouro IPCA+: por ser atrelado à inflação, é uma boa opção para médio e longo prazo, já que protege o poder de compra do investidor. Não é muito recomendo para longuíssimo prazo, devido à dificuldade de prever o cenário futuro;
  • Tesouro pré-fixado: boa opção para investimentos de curto prazo, desde que mantido até o vencimento. Não é recomendado no momento para investimentos de longo prazo, já que o valor no mercado secundário pode mudar.

 

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