Setores de maior peso para economia serão os primeiros a voltar

Escrito por Ingrid Coelho , ingrid.coelho@svm.com.br

O plano de retomada das atividades consideradas não-essenciais no Ceará deve ser adotado em quatro etapas, com cadeias produtivas divididas em cada uma delas, de acordo com o chefe da Casa Civil do governo do Estado, Élcio Batista. Um dos critérios para escolher quem vai integrar as primeiras etapas é o impacto da atividade para a economia local, conforme detalhou ontem (14), durante live promovida pelo grupo de Líderes Empresariais do Ceará (Lide Ceará), o integrante do Executivo Estadual.

De acordo com o desenho da proposta para flexibili-zação do distanciamento social apresentada às lideranças empresariais, a retomada ou não das atividades será baseada nos critérios leitos, internações e óbitos. "Isso está sendo sistematizado e acredito que, até a próxima segunda-feira (18), a gente tem isso pronto para validar com o governador e, logo em seguida, apresentar a todas as pessoas", pontuou Élcio Batista.

Segundo o chefe da Casa Civil do Governo do Ceará, a retomada das atividades deve ocorrer em quatro fases, com diferentes cadeias produtivas divididas entre elas. A escolha de quais segmentos devem integrar os primeiros grupos a retornarem às atividades deve ocorrer baseada nos critérios "Risco Sanitário" e "Aspectos Econômicos e Sociais".

"Esse faseamento está todo estruturado em torno das cadeias produtivas aqui do nosso Estado, para que a gente consiga equilibrar demanda e oferta, ou seja, para que a gente não tenha o problema de a indústria voltar, produzir muito e não ter para quem vender com o comércio totalmente fechado, então a gente vem buscando um equilíbrio e entender qual será a melhor forma de fazer isso", explicou.

No critério "Aspectos Econômicos e Sociais", as empresas vão ser ordenadas conforme a magnitude do impacto que têm sobre a atividade econômica estadual, da maior para a menor. "A gente está buscando fazer uma média ponderada desses dois aspectos, econômico e sanitário, que é fundamental, que é o aspecto da saúde, e o econômico social, que é o impacto relacionado à atividade econômica com níveis de empregabilidade e, obviamente, com a geração de riquezas para o Estado", detalhou Batista.

O chefe da Casa Civil reforçou que a retomada gradual das atividades só deve ocorrer na medida em que as curvas dos três critérios estabelecidos pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) - ocupação de leitos, internações e óbitos - começarem a arrefecer. "Quando a curva cair, esse será o momento de iniciar a primeira fase da retomada. Qual é o dia? Não sei, o dia vai ser quando tivermos esses indicadores. Aí a gente começa a fazer a abertura", frisou o integrante do Executivo Estadual.

Arrecadação em queda

Após uma queda de 20% da arrecadação do Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) observada em março em meio aos impactos da pandemia do coronavírus, Élcio revelou que em abril essa retração deve chegar a 40%. "Isso compromete a nossa capacidade de investimento, mas ainda não está atingindo a nossa capacidade de pagar em dia nossos fornecedores e servidores", disse ele.

Durante a reunião, Élcio Batista mencionou ainda a importância de iniciativas pública e privada trabalharem de forma conjunta. "Eu sempre defendi que o setor privado deve trabalhar alinhado ao setor público. A gente tem que navegar junto".

Além do chefe da Casa Civil, Élcio Batista, também foi convidada pelo empresariado cearense a participar do encontro virtual a economista e sócia-head da Oliver Wyman, consultoria responsável pelo plano de retomada das atividades no estado de São Paulo, Ana Carla Abrão.

A economista pontuou que qualquer decisão sobre flexibi-lização é tomada com base nos indicadores de saúde e lembrou que o Brasil dispõe de uma capacidade hospitalar limitada. "A prioridade é garantir que tenhamos capacidade de atender a população que chega aos hospitais. Em cima dessa restrição é que a gente trabalha toda a discussão econômica", disse, lamentando a falta de harmonia entre Governo Federal e estados. "Está faltando liderança do ponto de vista federal".

Deusmar Queiroz, presidente do Conselho da rede de farmácias Pague Menos, demonstrou preocupação com a situação e revelou "dificuldade em ser otimista diante do momento". Também participaram da videoconferência com perguntas e exposições os empresários Beto Studart (BSPar e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria), Lauro Fiúza, sócio da Servtec, Romero Martins, diretor de operações Industriais, Tecnologia da Informação e Serviços de Infraestrutura do Grupo 3 Corações, além da presidente do Lide Ceará, Emília Buarque, que ressaltou a importância de discutir o assunto levando em consideração todos os aspectos que permeiam a retomada das atividades.

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