Segmento de luxo esbarra na falta de capacitação

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Detentor de uma elevada capacidade financeira, além de ser um mercado emergente, o chamado turismo de luxo tem crescido no Ceará ao longo dos últimos anos, mas também esbarra na falta de qualificação e treinamento. A afirmação é do presidente em exercício da Associação Brasileira de Agências de Viagens no Ceará (Abav-CE), Colombo Cialdini, que disse ontem, no BNTM 2015, que pequenos detalhes podem fazer toda a diferença para que o Estado atraia cada vez mais esse tipo de turista.

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"A falta de qualificação é o único motivo que tem travado tal avanço. Precisamos que o taxista que vai buscar o turista estrangeiro fale inglês e espanhol, que os restaurantes tenham cardápios nessas línguas. Isso é o básico", afirma Cialdini. "Muitas vezes um hotel lota mais que o outro, mesmo ambos sendo cinco estrelas, simplesmente porque está mais preparado. Lota pela articulação, pela dinâmica de captar profissionais que apesar de mais caros, também são mais eficientes", complementa.

Ainda segundo Cialdini, o turismo de luxo não precisa ser necessariamente "uma torre em Dubai coberta de ouro", mas serviços de excelência. "Pode ser uma pousada em uma praia mais afastada, que oferece muito charme e qualidade extrema desde o lençol que cobre a cama até o café da manhã. O ponto é que tudo seja aconchegante e de bom gosto", explica.

O presidente em exercício da Abav-CE também afirmou que a formação de um profissional do turismo é bem mais barata que um da indústria, por exemplo, o que é um grande incentivo para apostar nesse tipo de qualificação em médio e longo prazo.

Atrativos não faltam

Para Cialdini, se de fato houver capacitação, atrativos não faltam para que os maiores mercados do mundo olhem com mais atenção para o Ceará. "Somos um estado realmente abençoado. Temos o turismo paleontológico, no Cariri, que atrai gente do mundo inteiro para realizar escavações, além do turismo religioso, que também é muito forte. Pouca gente sabe, mas o Ceará possui a maior imagem sacra em céu aberto do mundo, que é o São Francisco de Canindé", comenta. Ele também mencionou como vantagem o turismo de aventura, impulsionado pelos bons ventos que o Estado possui para a prática do kitesurf e windsurf, além do sertão e suas peculiaridades e as serras com seus climas amenos.

"O Nordeste também precisa ser descoberto pelo maior mercado consumidor do mundo, que é o americano. Eles tem o Caribe ali perto, com megaestruturas, e que sai mais barato para eles do que se deslocar para o Nordeste do Brasil", conclui Cialdini.

Turismo de negócios

Se o mercado de luxa ainda anda um pouco travado no Ceará, o mesmo não pode ser dito do turismo de negócios, que tem crescido fortemente no Estado desde a instalação do Centro de Eventos. "É um nicho que tem ganhado destaque em todo o Brasil, com avanço de mais de 400% nos últimos 10 anos", afirma o presidente do Fortaleza Convention & Visitors Bureau (FC&VB), Régis Medeiros.

"Quando recebemos o encontro dos Brics, provamos para o mundo que somos tendência no turismo de negócios", diz Medeiros. Segundo ele, esse tipo de turista gasta, em média, quase duas vezes mais do que um turista de lazer. (AL)

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