Millennials: 1,9 milhão de cearenses mudando o consumo

Conectividade, busca por comodidade e consciência sustentável estão entre as principais características da geração nascida entre 1980 e 2000

Escrito por Redação ,

Nas décadas de 1980 e 1990, quando foram desenvolvidos o primeiro IBM PC e o Apple Macintosh, walkmans e videocassetes, eles estavam começando a nascer para mudar diversos âmbitos da existência humana, especialmente os hábitos de consumo. Estamos falando de uma mega geração que, entre 2020 e 2025, deve compor 50% de todo o mercado de trabalho mundial: os millennials.

>Varejo terá que fazer mais para atrair cliente 

>Experiência de compra e valores da marca contam 

Embora algumas definições igualem a Geração Y e os millennials, o conselheiro internacional da Organização Mundial de Governos Eletrônicos (WeGO, na sigla em inglês), Renato de Castro, explica que o "termo é maior que uma só geração". De acordo com ele, millennials são os nascidos entre 1980 e os anos 2000, agregando as Gerações Y e Z, de uma forma geral.

De acordo com dados das Estatísticas do Registro Civil do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 1980 a 2000, os nascidos vivos e registrados no Ceará contabilizaram 1.917.515 pessoas. No Brasil, esse número foi de 48.760.067 pessoas em igual período. Entre as características desse público, estão a falta de fidelidade a marcas pela vida toda, a busca cada vez maior por comodidade e por novidades e a pressa.

Já que nasceram e cresceram em um período de intensas transformações tecnológicas, os millennials também são extremamente globalizados e conectados. São engajados e, apesar de cidadãos do mundo, valorizam suas origens e preferem ter uma experiência incrível a possuir um objeto apenas para tê-lo. Para Renato de Castro, é nesses pontos que o varejo local deve lançar olhar e investir.

Segundo dados apresentados na NRF (Federação Nacional do Varejo dos Estados Unidos) Big Show 2016, maior evento de varejo do mundo e que estava com seus holofotes voltados para esse público, 81 milhões de pessoas no mundo são millennials. Desses, 27% são adultos.

Geração conectada

Os millennials foram os primeiros que cresceram com a internet. Conforme levantamento da Goldman Sachs, divulgado pela Tetra Pak, mais de 84% dessa geração possui smartphone. Assim, eles se comunicam de forma digital com amigos, familiares e, consequentemente, com empresas, esperando que elas estejam preparadas para esse tipo de relacionamento.

Experiência de compra

Segundo o conselheiro da WeGO, para acompanhar os anseios da geração, é preciso reforçar o produto e focar na origem, unindo o varejo digital e loja física. "Esses millennials querem experiência de compra. Eles querem engajamento e não simplesmente comprar. Caso contrário, compram em lojas online", destaca. "Co-creation (cocriação) é a palavra-chave", diz Renato.

E é esse o segredo para a sobrevivência do varejo cearense, segundo Renato: investir na experiência de compra diferenciada, "baseada no DNA da região e nas tradições, para essa nova geração de consumidores locais, que valorizam suas raízes, mas que são ultra conectados e com uma visão atualizada do mundo moderno". Ele analisa ainda que, mesmo interagindo digitalmente com todo o mundo, o Ceará é o lugar que os cearenses chamam de "lar", e isso deve ser levado em consideração.

Atendimento e consciência

Apesar de considerar que o varejo cearense está sempre preparado, o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), Severino Neto, acredita que essa geração local ainda está sendo atendida por lojas externas. "O mercado digital no Brasil ainda é muito menor do que o mercado digital lá fora. A representatividade desse tipo de comportamento lá é maior que aqui. Por isso, as empresas de fora estão mais preparadas", analisa.

Ele ressalta que o consumidor millennial não é fiel a um só canal, é consciente e também excludente com o que não corresponde aos valores dele, destacando que, nesse ponto, as lojas e marcas cearenses estão indo bem. "Aqui, a gente tem trabalhado essa sustentabilidade e responsabilidade. Já temos lojas que trabalham mostrando de onde vem o seu produto, se engajando com trabalhos sociais. Detalhes que são importantes para esse o consumidor superinformado, que é exigente e que vai cobrar mais".

Exclusividade

E não é só em termos de valores que o Ceará está preparado, de acordo com Severino. "Quantas hamburguerias abriram em Fortaleza? O consumidor está querendo produtos mais exclusivos. A gente percebe isso na mudança de comportamento", afirma.

Severino considera que, na história do consumo das gerações, o varejo está muito mais atento aos millennials, porque já conseguiu "resolver" todas as outras. "Temos que nos aperfeiçoar em várias áreas. A geração Z está aí mudando desde hábitos alimentares a consumo multicanais e com valores ainda mais fortes. Não estamos tão evoluídos digitalmente, mas já conseguimos atender a outras características dessas gerações".

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