Itataia precisa de uma ferrovia para ser viável

Escrito por Redação ,
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Com gargalos logísticos em vários setores, governo instala a CT Log do Ceará para propor e agilizar soluções

Se tudo "caminhar nos trilhos", nos próximos dois anos os Estudos de Impactos Ambientais (EIA-Rima) da usina de urânio de Itataia estarão prontos e aprovados e o empreendimento "livre e desimpedido" para avançar. Certo? Nem tanto. Sem um ramal ferroviário, com cerca de 100 quilômetros de extensão, ligando a mina à Ferrovia Transnordestina, será impossível transportar e exportar os minérios (calcário, fosfato e o urânio) extraídos da mina.

"Sem esse ramal, Itataia não será viável. O problema é que a Transnordestina (Logística) não quer fazer o ramal", confirmou na tarde de ontem, o presidente da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), Francisco Zuza de Oliveira, durante reunião de instalação da Câmara Temática de Logística do Ceará (CT Log Ceará). Segundo ele, a nova linha férrea está orçada em R$ 3 milhões, por quilômetro, ou seja, em R$ 300 milhões.

Gargalos

Ao coordenar a instalação da nova Câmara, que será composta por representantes do setor produtivo, do governo e de entidades de classe, Zuza de Oliveira enumerou alguns dos principais "gargalos" de ordem logística que terão que ser resolvidos no Estado, nos próximos anos. Perante representantes dos 20 órgãos que compõem o colegiado, ele apontou também a necessidade de construção, no Porto do Pecém, de mais terminais (píers) para transporte de fertilizantes (fosfato) e de grãos.

Conforme explicou, até 2014, a Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP) estará desembarcando 2,4 milhões de toneladas de calcário, extraídos da Chapada do Apodi. "A estimativa é de que uma carreta de calcário passe pela Chapada do Apodi, a cada 25 minutos. A Câmara precisará discutir e apontar soluções para isso, porque as estradas (por onde hoje, são transportados melões) não irão suportar o peso", acrescentou Zuza de Oliveira.

Ele citou, ainda, a necessidade de alargamento das alças e de curvas de algumas estradas do Estado, diante do tamanho dos caminhões para transporte de aerogeradores e pás às usinas eólicas, e de construção do arco rodoviário metropolitano. Orçada em R$ 310 milhões e com 88,1 quilômetros de extensão, a nova rodovia está com 85% do projeto executivo concluído, mas sem recursos.

Ressonância

Para Zuza, a Câmara deve atuar como "uma caixa de ressonância à Seinfra", apontando, discutindo, equacionando e propondo soluções às principais demandas dos setores econômicos, direta ou indiretamente, ligados ao sistema de logística, como os transportes rodoferroviário, aeroviário, dentre outros. A próxima reunião do CT Log Ceará será em seis de outubro, data em que será eleito o novo presidente do colegiado.

CARLOS EUGÊNIO
REPÓRTER
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