Inflação deve desacelerar para 5% em 2022 com alívio em combustíveis, energia e alimentos

Itaú Unibanco visualiza atividade econômica em -0,5% no ano que vem

Escrito por Ingrid Coelho ,
Legenda: Economistas visualizam que a inflação dos alimentos terá pressão um pouco menor em 2022, levando o índice ao patamar de 5%
Foto: Shutterstock

A inflação de 10% projetada pelo Itaú Unibanco para o encerramento de 2021 cai pela metade quando a previsão é sobre os preços para o País no ano que vem, desacelerando a 5%.

A expectativa é sustentada em uma visão mais otimista sobre a situação dos combustíveis, da energia e dos alimentos, considerados os principais vilões para as famílias neste ano.

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A economista da instituição, Julia Passabom, visualiza uma estabilização nos preços do barril do petróleo entre US$ 70 a US$ 75 e um alívio da pressão por redução da oferta na commodity.

“A Petrobras também fez um corte nos preços da gasolina e isso significa corte de preços na bomba em janeiro”, explica.

Ela também afirma que o cenário é mais positivo em relação aos preços dos alimentos, itens que pesam fortemente no orçamento das famílias, sobretudo as camadas mais baixas.

"Nessa parte de commodities, observamos uma inflação de alimentos alta no ano passado e neste ano. Quando olhamos para frente, commodities de alimentos estão rodando mais estáveis e isso traz alívio. Não é uma queda muito forte, mas pelo menos há uma desinflação”
Julia Passabom
Economista do Itaú Unibanco

Já em relação à energia, Julia destaca uma possível pressão advinda da crise hídrica até meados de abril. A economista destaca, porém, que “as chuvas no mês de outubro mostram uma melhora” do cenário e por isso é esperado algum alívio.

“A gente espera algum alívio com as térmicas, saindo da bandeira de escassez hídrica no ano que vem e caminhando para a bandeira 1”, frisa.

Preços no atacado

Julia Passabom também visualiza alívio nos preços no atacado e menciona o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), utilizado no reajuste de contratos de aluguel.

“Na parte dos preços no atacado, a gente vê uma estabilização. O IGP-M ficou pressionado, chegou a bater 36%, mas na nossa projeção vai recuar para 17% na leitura de dezembro fechado (deste ano). Este ano tivemos leituras bem mais baixas. Isso mostra que no atacado, um dos principais responsáveis pela inflação, a notícia de desinflação já aparece”, aponta Julia Passabom.

Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, pontua que a principal queda de pressão no custo de vida da população deve ser o arrefecimento da inflação, já que ainda não é possível visualizar uma melhora sólida do mercado de trabalho.

“Eu acredito que o que melhora do ponto de vista das condições da população é a redução da inflação e a inflação é especialmente regressiva, afeta as camadas baixas de maneira mais intensa”, detalha Mesquita.

“O ideal era ter isso numa conjuntura de expansão de emprego, mas isso nós não vamos ver em 2022. Uma inflação mais baixa deve gerar um alívio, com alta do salário mínimo, mas não vejo mercado de trabalho dando muito alento”, reforça o economista-chefe.

PIB e juros

Os economistas também apontam para uma atividade econômica de -0,5% no ano que vem, puxada sobretudo pelo crédito, que "deve ter desaceleração resultante do juro mais alto".

"Nós já vemos sinais de que esse juro está batendo na economia. A gente percebe isso quando olha para as vendas no varejo, mais sensíveis ao crédito, que já vem recuando em segmentos como veículos, material de construção", diz Júlia Wrobel, também economista do Itaú Unibanco.

Ela também prevê que uma taxa Selic mais próxima de 13% pode puxar a atividade econômica ainda mais para baixo. "Mas tem também fatores de risco de alta, de uma atividade melhor no ano que vem".

"Isso pode acontecer com mais gastos de estados e municípios, com a normalização da produção de veículos e uma recuperação mais intensa do setor de serviços", complementa Júlia Wrobel.

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