Fortaleza teve o maior investimento público do Nordeste; como isso impacta a população

A capital cearense só ficou atrás de São Paulo no ranking nacional em valores absolutos

Escrito por Heloisa Vasconcelos , heloisa.vasconcelos@svm.com.br
Legenda: A maior parte do recurso investido foi para a área de urbanismo
Foto: Thiago Gadelha

Fortaleza foi a capital do Nordeste que mais realizou investimentos públicos em 2021. De acordo com dados da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), a capital cearense destinou R$ 938,9 milhões em obras públicas e melhorias em saúde e educação. 

A capital foi a segunda do Brasil em volume absoluto de investimentos, atrás apenas de São Paulo. Em termos relativos, Fortaleza ocupa o primeiro lugar do país, tendo investido 12,19% da Receita Corrente Líquida (RCL) do município. 

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Para a titular da Coordenadoria Especial de Programas Integrados (Copifor), Manuela Nogueira, mais que um número, o resultado é importante por devolver à população a arrecadação de impostos.  

Ela chama atenção que os investimentos da Prefeitura só são possíveis devido a um trabalho de planejamento desde 2017 e que os recursos aplicados ajudam a movimentar a economia do município, gerando renda 

O investimento gera um impacto e uma energia na cidade bem maior do que esse número da prefeitura. Esse investimento traz um retorno econômico, social e de bem-estar bem maior do que esse número representa. O que está por trás é mais importante até do que o próprio número
Manuela Nogueira
titular da Copifor

Ranking nacional 

No ranking nacional, Fortaleza que estava em terceiro lugar na última pesquisa se destacou no levantamento deste ano ultrapassando Belo Horizonte (MG), com um investimento de R$ 710,9 milhões, e Manaus que chegou a investir R$ 552,4 milhões. São Paulo (SP) alcançou o primeiro lugar com um montante de R$ 3.817.804.779,92. 

Dentre as capitais do Nordeste, depois de Fortaleza, os maiores investimentos foram em Salvador (BA) com R$ 500,6 milhões, seguindo da capital pernambucana que totalizou 411,08 milhões.  

Veja o ranking: 

  1. São Paulo (SP) - R$ 3.817.804,78 
  2. Fortaleza (CE) - R$ 938.909,92 
  3. Belo Horizonte (MG) - R$ 710.940,72 
  4. Manaus (AM) - R$ 552.454,42 
  5. Salvador (BA) - R$ 500.682,86 
  6. Rio de Janeiro (RJ) - R$ 460.279,20 
  7. Curitiba (PR) - R$ 414.261,33 
  8. Recife (PE) - R$ 411.084,43 
  9. Goiânia (GO) - R$ 334.070,24 
  10. Porto Alegre (RS) - R$ 325.814,43 

Renda e equilíbrio fiscal 

O professor de economia e finanças da Universidade Federal do Ceará (UFC) em Sobral, Marcel Moraes, destaca que dois aspectos importantes permitem à Prefeitura investir mais: uma maior geração de renda e o equilíbrio fiscal. 

Pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) no fim do ano passado mostra que Fortaleza foi a única capital nordestina entre os dez maiores PIBs do Brasil em 2019. 

O economista explica que a maior geração de renda permite também uma maior arrecadação do município. Isso aliado a contas públicas ajustadas possibilita uma maior margem para investimentos. 

Quando tem uma região que tem capacidade de gerar mais renda e contas públicas equilibradas, sobra dinheiro para investir em infraestrutura física, em ampliação de ruas e avenidas, saneamento. De uma maneira geral você pode realizar investimentos para melhorar o bem-estar da população
Marcel Moraes
professor de economia e finanças da UFC Sobral

Ainda que a pandemia tenha afetado de forma intensa o principal motor da economia fortalezense (serviços), Marcel estima que, pelos dados, o impacto em outras cidades nordestinas pode ter sido maior devido à situação fiscal. 

“Quando tem uma boa geração de renda, mas não tem contas públicas organizadas boa parte dessa renda vai para cobertura de déficits”, relaciona. 

Para o economista, mais importante do que uma situação fiscal estável e uma boa geração de renda é o município ter um projeto para a aplicação desses recursos. Assim, os investimentos terão de fato relevância para a população. 

Urbanismo, educação e saneamento 

A maior parte do montante investido pela Prefeitura em 2021 foi na área de urbanismo, o equivalente a 40%. Educação (30%), saneamento (17%), saúde (7%) e cultura (2,5%) foram outras áreas que receberam recursos públicos.  

Segundo Manuela Nogueira, a prefeitura pretende aumentar o volume de investimentos para 2022, chegando a R$ 1,1 bilhão. Os focos devem continuar sendo a área de urbanismo e meio ambiente. 

“São intervenções que necessitam de um pouco mais de recursos, mas essas obras trazem um retorno na proporção do que é o investimento”, destaca. 

 Algumas obras já previstas para este ano pela Prefeitura: 

  • 12 escolas de tempo integral e 8 centros de educação infantil; 
  • R$ 160 milhões em implantação, requalificação e ampliação da infraestrutura viária; 
  • 52 Estações do Bicicletar; 
  • R$ 117 milhões investidos em saneamento, drenagem e pavimentação nos bairros: Barroso, Dendê, Ancuri, Pedras, Granja Lisboa, Conjunto Novo Barroso, dentre outros; 
  • R$ 29 milhões em editais de fomento da Cultura; 
  • Obras de paisagismo (R$ 9,4 milhões);  
  • 30 Micro Parques (R$ 8,4 milhões);  
  • Urbanização de lagoas (R$ 40,3 milhões);  
  • Reforma de parques urbanos (R$ 5 milhões)  

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