Credit Suisse é comprado pelo seu maior rival por US$ 3,25 bilhões; veja o que muda

As bolsas europeias abriram em baixa após a aquisição

Escrito por AFP e Diário do Nordeste ,
Fachada dos bancos
Legenda: As negociações ocorreram nesse domingo (19)
Foto: Fabrice COFFRINI / AFP

O banco suíço UBS comprou o seu maior rival, o Credi Suisse, por US$ 3,25 bilhões (cerca de R$17 bilhões), nesse domingo (19). As negociações foram intensas e envolveram o governo e reguladores financeiros.

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Após a aquisição, as Bolsas europeias iniciaram a semana em queda, em um cenário de ceticismo após o acordo, que não conseguiu dissipar os temores sobre o setor bancário. 

Às 8h00 (5H00 de Brasília), a Bolsa de Paris operava em baixa de 0,83%, Frankfurt recuava 1,06%, Londres 1,01% e Madri quase 2%, após uma semana de muitos problemas no setor bancário. 

Por que o Credit Suisse foi vendido?

O Credit Suisse é o segundo maior banco do País, sendo considerada uma das 30 instituições financeiras consideradas grandes demais para falir. Isso porque a quebra de um empreendimento financeiro como esse impactaria a economia global. 

Entretanto, a o Credit Suisse enfrenta turbulências há dois anos. Na última semana, o seu maior acionista, o Saudi National Bank, informou que não iria mais oferecer recursos por razões regulatórias, dentre outras. O anúncio fez as ações do banco derreterem. 

As autoridades do país, então, passaram a se movimentar para evitar a falência do banco. A ministra das Finanças, Karin Keller-Sutter, afirmou que a falência do Credit Suisse teria causado “uma turbulência econômica irreparável”. “Por essa razão, a Suíça deve assumir a responsabilidade além de suas fronteiras”, indicou.

Nesse contexto, o presidente suíço, Alain Berset, disse que o “destino do banco é, portanto, decisivo não apenas para a Suíça, para nossas empresas, clientes particulares, seus funcionários, mas para a estabilidade de todo o sistema financeiro". 

Quando ocorrerá a fusão dos bancos e o que mudará?

Espera-se que a fusão seja concluída até o final de 2023. O presidente do conselho do UBS, Colm Kelleher, informou que “a combinação dos dois bancos fortalece a posição do UBS como líder mundial em gestão de patrimônio, com mais de US$ 5 trilhões (cerca de R$ 26,3 trilhões) investidos em bens nos mercados de crescimento mais atraentes”. 

“Também fortalece a posição do UBS como líder em serviços bancários universais na Suíça e amplia nossa posição como o principal banco global suíço”, acrescentou. 

Com a aquisição, a instituição estima reduzir o custo anual de mais de US$ 8 bilhões (cerca de R$ 42 bilhões) até 2027. 

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Como ficarão as ações dos bancos?

Os acionistas receberão uma ação do UBS para cada 22,48 ações do Credit Suisse que possuem, equivalente a 0,76 francos suíços por ação, abaixo do preço de fechamento de sexta-feira de 1,86 francos suíços. 

No entanto, esta compra não estará sujeita ao voto dos acionistas, conforme acordo firmado com as autoridades suíças e outras autoridades reguladoras. 

A Comissão de Concorrência também não terá voz na excepcional fusão entre os dois maiores bancos da Suíça.

Como ficarão os serviços bancários suíços?

Conforme comunicado, o Credit Suisse continuará a implementação de seu programa de reestruturação em colaboração com o UBS. A FINMA, regulador financeiro suíço, garaniu que todos os serviços do banco continuarão sem interrupção

“Assim se garante a proteção dos correntistas cujas contas, contas de segurança e outros serviços (caixa eletrônico, banco online, cartões de débito e crédito) continuarão disponíveis”, indicou.

Como ficarão os funcionários do Credit Suisse? 

O UBS assumirá a gestão de patrimônio, gestão de ativos e o banco nacional suíço do Credit Suisse, incluindo serviços bancários de varejo e empréstimos para pequenas e médias empresas. 

“O UBS pretende reduzir o negócio de banco de investimentos do Credit Suisse e alinhá-lo com nossa cultura conservadora de risco”, disse Kelleher, referindo-se a um dos aspectos mais arriscados da pasta do Credit Suisse. 

Mas nem Kelleher nem o presidente do Credit Suisse, Axel Lehmann, deram detalhes sobre possíveis cortes de empregos, embora desejem manter o período de incerteza o mais curto possível.

Incentivo do governo suiço 

Para facilitar o negócio, o governo suíço concedeu ao UBS uma garantia de 9,9 bilhões de francos suíços para cobrir possíveis perdas de certos ativos que absorverá.

O Banco Nacional Suíço (central) também fornecerá suporte aos dois bancos na forma de liquidez de até 100 bilhões de francos suíços.

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