Após quebra do SVB, crise do Credit Suisse pode contagiar o Brasil? Veja o que dizem especialistas

Na esteira da quebra do Silicon Valley Bank (SVB) nos Estados Unidos, as ações do banco Credit Suisse também despencaram

Escrito por Redação ,
Fachada do banco
Legenda: O Credit Suisse está no olho do furacão há vários meses
Foto: Fabrice COFFRINI / AFP

Em meio a um mercado global alvoraçado pela falência do Silicon Valley Bank (SVB), nos Estados Unidos, o Credit Suisse, o 2º maior banco da Suíça e um dos principais do mundo, amargou o derretimento das ações nessa quarta-feira (15). A situação ampliou a tensão sobre o setor bancário, mas é necessário cautela, sobretudo, em relação às especulações de efeitos no Brasil. 

Apesar do momento crítico, o prejuízo do banco suíço ocorreu porque o seu maior acionista, o Saudi National Bank, informou que não iria mais oferecer recursos por razões regulatórias, dentre outras. Além disso, há pelo menos dois anos, a instituição já enfrenta uma crise. 

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O especialista de Renda Variável e sócio da Acqua Vero, Heitor De Nicola, pondera ser difícil afirmar, neste momento, se esse movimento vai se espalhar e chegar ao Brasil.

“A quebra do SVB pouco impactou o sistema bancário por aqui. O fluxo foi de capital entrando em caixa nos bancos locais, capital este que pode ter sido resgatado dos bancos de mesmo segmento do SVB no Exterior”, exemplifica. 

“Já no caso do Credit Suisse, a percepção do aumento do risco foi perceptível no desempenho do índice. Uma eventual quebra poderia desencadear uma crise global do sistema bancário”, completa o economista. 

O professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), Ricardo Eleutério, aponta que a Ibovespa, a bolsa brasileira, já fechou em queda de 0,25% em razão da aversão ao risco, mas reitera ser cedo para dizer se é algo temporário ou há maior possibilidade de contágio. 

“Há uma expressão que diz sobre ser grande demais para quebrar. Então, quando uma instituição financeira muito grande quebra, ela provoca efeitos colaterais muito grandes. É preciso esperar o que as autoridades monetárias farão para evitar o efeito dominó significativo”, observa.

Outro ponto, acrescenta, é quando as instituições possuem interconectividade, produzindo efeitos em diversos mercados. 

Contenção de danos

No fim da tarde de quarta, o Bloomerang informou que o governo da Suíça conversou com a instituição financeira para conter a crise, incluindo a possibilidade de fornecer liquidez ao Credit Suisse. A notícia aliviou os ânimos dos mercados globais. 

O analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimento, Rodrigo Cohen, contextualiza que o sistema financeiro enfrenta dificuldades porque foi projetado para um tipo de mercado, hoje em transformação. Nesse contexto, acabou não conseguindo acompanhar as mudanças na mesma velocidade.  

Existem bancos, principalmente nos países desenvolvidos, que tardiamente aumentaram os juros para poder conter a inflação, que estão montados em posições grandes, e quando um mostra fragilidade, depois outro também, isso faz provoca fuga de investimentos de mais alto risco"
Rodrigo Cohen
Analista de investimentos

Ele acrescenta que os bancos precisam quitar as dívidas para devolver o dinheiro para o investidor. Por isso, vendem os ativos, como ocorreu com o SVB. O grande risco, portanto, seria um efeito cascata no setor global. 

“É uma situação bem difícil, mas não é fim do mundo, porque o FED (Banco Central norte-americano) tem bala na agulha para poder ajudar os bancos. Agora, ser isso começar a acontecer com todos no mundo inteiro, não há FED que resolva. Então, é uma situação bem complicada”, pondera. 

 

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