Consumo do cearense segue Brasil, e geladeira e lava-roupa se destacam no mercado de bens duráveis

Ceará acompanha movimento brasileiro de retomada de vendas no primeiro semestre de 2024, após registro de declínio nos anos anteriores

Escrito por Paloma Vargas , paloma.vargas@svm.com.br
venda de eletrodomésticos
Legenda: Vendas de geladeiras teve aumento de 22% no País
Foto: Kid Junior

São Paulo. O mercado de produtos de tecnologia e bens duráveis no Brasil cresceu 11% de janeiro a maio deste ano. Isso aponta um início de recuperação após um período de dois anos de declínio acentuado. Todas as categorias analisadas pela NielsenIQ GfK exclusivamente para a Eletrolar Show 2024, performaram bem, com destaque de vendas para as geladeiras, com aumento de 22% em unidades e máquinas de lavar roupas, com crescimento de 17%, as duas do segmento linha branca.

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Além disso, as categorias de ar-condicionado e ventiladores tiveram um impacto significativo devido ao calor, impulsionando ainda mais os resultados do setor. O reposicionamento de preços foi puxado principalmente pela linha branca, que mostrou um aumento consistente nos preços a partir do segundo semestre de 2023. A categoria de portáteis também destacou-se pela consistência no reposicionamento de preços.

Ao ter um olhar regional, o Nordeste acompanha o movimento do país e tem ar-condicionado, refrigeradores e máquinas de lavar, ou seja, a linha branca, impulsionando a retomada deste mercado. Em percentuais, o segmento subiu 22% em quantidade de unidades vendidas e 36% em faturamento na região.

O consumo de produtos de tecnologia e bens duráveis apresentou um ticket médio mais estável no período, ou seja, os vendedores conseguiram equilibrar unidade em relação ao preço para manter o faturamento, sem grandes aumentos de valor para o consumidor final.

"Esse crescimento regional mostra que a recuperação é abrangente e não se limita a áreas específicas, evidenciando a demanda consistente por tecnologia e bens duráveis em todo o país", afirmou o diretor de Sucesso do Cliente Tech & Durables da NielsenIQ GfK no Brasil, Ricardo Moura, lembrando que a pesquisa não faz recorte por estado.

Como está se movimentando o consumidor cearense

Para o professor universitário Randal Mesquita, especialista em finanças para varejo e serviços, o comportamento do consumidor cearense segue o padrão nacional, sobretudo com bens duráveis, como também em itens rotineiros de consumo como os de alimentação.

"Houve crescimento real na demanda por esses produtos, tendo em vista as facilidades de parcelamento e a recomposição do crédito proporcionado por programas como o Desenrola Brasil, que limpou o nome de milhões de brasileiros e cearenses negativados".

Buscando entender um pouco melhor o mercado estadual, a reportagem procurou o rede cearense Zenir Móveis e Eletros. Questionado sobre o comportamento do consumidor local, o diretor comercial, Alan Oliveira, afirma que está ocorrendo a retomada do consumo, mas que o consumidor está um pouco mais criterioso na hora de comprar.

Ele diz que o que está impulsionando, na maioria das vezes, é a necessidade e não o impulso, fazendo assim com que a compra seja mais racional.

Sem dar detalhes em números, Oliveira destaca que a empresa teve um bom primeiro semestre, com crescimento em relação ao ano anterior. Além disso, ele aponta ventiladores, TVs, colchões, fritadeiras elétricas (air fryer) e máquina de lavar roupa como os campeões de vendas, sendo os mais procurados.

Pensando no segundo semestre, o grupo Zenir já está realizando programação de compras de móveis, eletrodomésticos e celulares visando as grandes ações de final de ano, como Black Friday e Natal.

Confiança faz crescer venda de bens duráveis

A pesquisa do Índice de Confiança do Consumidor (ICC) referente ao mês de julho, no Ceará, aponta aumento na confiança dos consumidores, com o ICC atingindo 120,1 pontos. Com isso, houve um aumento de 3,1% em relação a junho e superou o índice registrado no mesmo período do ano passado, que foi de 115,8 pontos. Os dados são do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC) da Fecomércio-CE. 

Em julho, 50,2% dos entrevistados consideraram o período favorável para a aquisição de bens duráveis. Os consumidores mais dispostos a comprar são homens (51,1%), pessoas com idade entre 18 e 24 anos (58,2%) e aqueles com renda familiar mensal acima de dez salários-mínimos (59,0%).

Além disso, 72,4% dos consumidores de Fortaleza avaliam que sua situação financeira atual está melhor ou muito melhor do que há um ano. Quanto às expectativas futuras, 86,9% acreditam que sua situação financeira será melhor ou muito melhor do que a atual.

No que diz respeito à percepção do ambiente econômico nacional, 62,5% dos consumidores acreditam na melhora do cenário nos próximos doze meses, influenciados pela recente melhoria do mercado de trabalho e a inflação sob controle.

Sobre o valor médio das compras, esse foi estimado em cerca de R$ 635, tendo com itens mais procurados móveis e artigos de decoração (21,2%), televisores (19,6%), artigos de vestuário (16,8%), geladeiras e refrigeradores (15,7%), máquinas de lavar roupa (12,2%), aparelhos de telefonia celular e smartphones (11,0%), calçados (10,6%) e fogões (10,2%).

Contexto econômico e seus impactos nas vendas

Para Ricardo Moura, da NielsenIQ, os sinais de recuperação econômica têm sido essenciais para o movimento do mercado neste ano. "A queda na taxa de juros e a melhoria no mercado de trabalho criaram um ambiente favorável para o consumo de bens duráveis", afirmou. 

Ele também reforça a facilidade de crédito e as condições de pagamento mais atraentes como incentivos aos consumidores para a renovação e modernização de seus aparelhos domésticos, enquanto promoções e facilidades oferecidas pelos varejistas também contribuíram para o crescimento das vendas. 

O diretor da Eletrolar Show, Carlos Clur, ressalta o momento bom que está vivendo este mercado, usando como exemplo o grande número de expositores no evento B2B (ou seja, de vendas entre indústrias e varejistas), que foram mais de 700, incluindo grandes marcas e startups.

Com esse movimento positivo do mercado, o executivo também celebrou o grande número de negócios durante os quatro dias de evento na capital paulista, que contou com a presença de cerca de 40 mil pessoas (25% a mais do que em 2023). “Temos a expectativa de aumentar ainda mais as vendas tanto na Black Friday como no Natal ainda este ano e já projetar o primeiro semestre de 2025”, afirma Clur.

Já para especialista Randal Mesquita, embora exista grande esforço por parte do Governo Federal para controlar inflação, se observa uma variação nos preços, dificultando as decisões de consumidores, que precisam pesquisar muito para encontrar as melhores oportunidades.

Além disso, há uma grande expectativa sobre os efeitos da reforma tributária sobre o consumo, sobretudo no que diz respeito ao ICMS, presente na maioria dos bens de consumo.

"A reforma tributária está sendo apresentada como solução a curto prazo, o que para nós especialistas não faz sentido, pois a economia precisa de um período de amadurecimento, adaptação e transição, por parte de quem produz, de quem vende e de quem consome".

*A repórter viajou a convite da Eletrolar Show 2024.

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