Comércio eletrônico: faturamento salta mais de 160% na Grande Fortaleza

Pandemia gera 'boom' no e-commerce da RMF. Apenas em junho, vendas somaram mais de R$ 180 milhões, valor muito acima do registrado em igual período de 2019 (R$ 68 mi). Empresas se adaptam à nova forma de vender

Escrito por Bruno Cabral , bruno.cabral@svm.com.br
Legenda: Com lojas físicas fechadas empresas aderem ao digital e fazem comércio eletrônico disparar na RMF
Foto: Foto: Divulgação

Impossibilitadas de abrir lojas físicas por conta dos decretos estaduais, muitas empresas do setor de comércio tiveram de recorrer às vendas online para não fechar as portas. Aquelas que já vinham apostando no comércio eletrônico precisaram acelerar os planos para mergulhar no mundo digital, e as que estavam fora do ambiente virtual foram forçadas a se adaptar em um curto espaço de tempo.

Apenas em junho, o faturamento do comércio eletrônico na Grande Fortaleza foi de R$ 180,4 milhões, um crescimento de 163% em comparação com igual mês do ano passado (R$ 68,6 milhões), segundo pesquisa do Movimento Compre & Confie, especializado em relatórios da área de e-commerce. A informação foi passada com exclusividade ao Sistema Verdes Mares.

De acordo com a pesquisa, o número de pedidos online na Grande Fortaleza, impactado pelo isolamento social, aumentou 141,9% nesse período, passando de 136,2 mil em junho de 2019 para 329,5 mil em junho deste ano. O estudo mostra ainda que 50,9% das compras online foram realizadas por mulheres, e 49,1% por homens.

Entre os cinco segmentos que mais faturaram no mês estão telefonia (28,3%), entretenimento (13,6%), eletrodomésticos e ventilação (13,5%), informática e câmeras (11,4%), e por fim, móveis, construção e decoração (6,6%). No período, o valor do tíquete médio das compras foi de R$ 547,50, alta de 8,7% em relação a junho de 2019 (R$ 503,60).

"Diferentemente do que aconteceu no Brasil, onde tivemos uma queda em junho, na Grande Fortaleza o comércio online vem crescendo mês a mês durante a pandemia, com um alto valor de ticket médio", diz Renata Carvalho, coordenadora do Ciclo MPE - evento de palestras gratuitas a ser realizado pela Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico no dia 9 de julho.

"Essa é uma boa oportunidade para quem está desempregado, para empresários que estão com seu comércio fechado e busca utilizar a internet para fazer as vendas", diz ela sobre o evento. As inscrições podem ser feitas pelo site www.Ciclo-mpe.Net.

"Um dos legados dessa pandemia é que os empresários que iriam passar mais um ou dois anos para se adaptar ao ambiente virtual tiveram de fazer isso de uma forma muito rápida. Alguns fizeram de forma mais amadora e só depois buscaram mais informações, como montar uma loja virtual ou vender em um marketplace", diz Maria Lédio, analista da unidade de inovação e sustentabilidade do Sebrae-CE.

Busca por informação

De acordo com ela, desde o início da quarentena, a busca por informações relacionadas ao comércio online cresceu significativamente, principalmente por empresas do segmento de alimentação fora do lar. "As pessoas querem saber como vender pela internet, como divulgar produtos e serviços nas redes sociais, como receber pagamento de vendas online, e como fazer entregas por delivery", ela diz. "Essas empresas, que estavam praticamente todas no presencial, precisavam continuar vendendo. O mesmo aconteceu com o segmento de petshop e de supermercados".

A analista do Sebrae diz que, enquanto os setores que fornecem produtos essenciais tiveram que se adequar ao ambiente virtual, os segmentos de produtos supérfluos encararam um desafio a mais. "Empresas que produziam produtos supérfluos tiveram de produzir essenciais. Então tiveram que remodelar os seus negócios para se adaptar".

Nova realidade

O grupo cearense DCDN, especializado na comercialização de máquinas para os setores agrícola, elétrico, automotivo e de construção, até poucos meses atrás estava fora do ambiente virtual, mas em junho lançou um aplicativo voltado exclusivamente para o comércio digital de seus produtos.

"O novo coronavírus mudou a rotina das pessoas no Brasil e no mundo. Ao entrarmos no mercado de vendas online, alcançamos públicos que até mesmo o representante demoraria para atender. É uma nova realidade mundial e queremos consolidar esse relacionamento com o nosso cliente", aponta José Luiz Miranda Júnior, diretor operacional da DCDN.

Miranda Júnior acrescenta que, antes da quarentena, nem pensava em investir nas vendas online. Mas, após ter saído praticamente do zero, ele espera que as vendas no digital representem de 30% a 35% do faturamento do grupo já nos próximos meses. "Acredito que em três meses a gente chegue nesses percentuais. E, daí para frente, vamos fazer um trabalho maior de divulgação para continuar no comércio eletrônico", ele diz.

Brasil

De janeiro a maio, o faturamento do varejo digital brasileiro cresceu 56,8%, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo pesquisa realizada pelo Movimento Compre & Confie em parceria com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). Embora o tíquete médio tenha reduzido de R$ 420,78 para R$ 398,03, o número de transações efetuadas cresceu 65,7%, indo de 63,4 bilhões para 105,6 bilhões nos cinco primeiros meses de 2020.

A região brasileira que registrou proporcionalmente o maior aumento no faturamento do e-commerce foi o Nordeste, com alta de 60,9% sobre o desempenho de 2019. No período, a categoria campeã em vendas foi Beleza e Perfumaria, que apurou receita 107,4% maior do que no ano passado e atingiu um faturamento de R$ 2,11 bilhões.

Na divisão por regiões, o Sudeste mais uma vez se destaca em volume de vendas, sendo responsável por 62,2% de toda a receita do setor.

 

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