Com investimento bilionário, novo data center de Fortaleza mira gigantes Amazon, Google e Meta
Local fará processamento de dados de grandes clientes do ramo de telecomunicações, projeta CEO da empresa
O novo empreendimento da Scala Data Centers, nas proximidades da Praia do Futuro, em Fortaleza, mira em grandes clientes de tecnologia, como Amazon, Oracle, Meta, Microsoft, Google.
É o que garante Marcos Peigo, fundador e CEO da empresa, que lançou nessa terça-feira (25), ao lado do prefeito José Sarto (PDT), a pedra fundamental no local onde será construído o equipamento.
Peigo comenta ainda que, apesar de a potência do data center da Scala ser maior do que a atualmente existente na capital cearense, o foco do centro de processamento é outro: atender clientes com sites "hyperscale", hiperescala em tradução literal.
.Ele vai entregar uma densidade que vai de 10 kW por até 40 kW já para suportar a aplicação de Inteligência Artificial. Esse site é focado no grande cliente. A gente está falando aqui de Amazon, Oracle, Meta, Microsoft, Google. Grandes clientes que passam a ter em Fortaleza uma opção de um Data Center de padrão mundial do mesmo tipo que a gente roda hoje no núcleo da internet lá no Brasil, em São Paulo.
Dobro da potência em Fortaleza
Segundo o executivo, o novo empreendimento terá mais que o dobro da potência total instalada de processamento de todos os data centers existentes até agora na Capital.
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Em uma área de 24 mil metros quadrados (m²), o primeiro prédio do Data Center da Scala na cidade terá capacidade inicial de 7,2 megawatts (MW) de TI e será inaugurado no primeiro trimestre de 2025. A expansão, já prevista, terá 13,2 MW de capacidade no segundo prédio, equivalente a 30 MW de potência total.
Conforme o CEO da companhia, em entrevista ao Diário do Nordeste, todos os data centers instalados hoje em Fortaleza apresentam, somados, potência total de 14 MW, abaixo da capacidade do futuro centro de processamento de dados da Scala na cidade, oficialmente denominado SFORPF01.
"A gente completa (com os dois prédios) 20,7 MW de capacidade de TI nesse campus, representando 30 megawatts de potência total. Esses 30 MW é mais do que o dobro do que todos os data centers que estão instalados aqui em Fortaleza hoje. É muito denso, porque a gente atende um perfil de cliente que demanda uma capacidade de processamento maior, que consome mais energia", explica.
Processamento de dados de gigantes
Ainda de acordo com o CEO da empresa, o empreendimento da Scala funciona como um aeroporto: "Os passageiros são os usuários, os consumidores e os dados; os aviões são as aplicações, os data centers são aeroportos, onde esses aviões vão ter que pousar".
"O que a gente está se propondo a fazer aqui é o dobro da proporção de todos os outros. A gente tem um perfil de explorar as oportunidades, é uma aposta relevante. Nosso Data center em Porto Alegre é de 5 MW, aqui a gente começa com 7,2 MW com uma expansão, e a gente cresce conforme a oportunidade se apresenta. Nosso plano original para o campus de Tamboré, em São Paulo, era de 50 MW. Agora é 450 MW. Conforme a demanda venha, a gente vai se adaptando a ela", completa.
Atração de grandes clientes de tecnologia
De todas as cidades da América, Fortaleza é a mais conectada por cabos submarinos de fibra óptica, e em todo o mundo, fica atrás apenas de Shima, no Japão. Conforme dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), são 16 estruturas que passam pela capital cearense e são responsáveis por mais de 90% da internet processada no País.
O Hub Tecnológico de Fortaleza é um ponto crucial da conectividade brasileira, e passo determinante para a instalação de data centers na cidade, sobretudo nas proximidades da Praia do Futuro, como reforça Marcos Peigo. O equipamento ficará instalado em terreno em frente ao terreno da Cidade Fortal.
Segundo o CEO da empresa, a instalação do data center abrange os grandes clientes de tecnologia, como Amazon, Google, Meta e Microsoft, que não estavam atendidos na capital cearense pela baixa disponibilidade instalada dos centros de processamento.
Marcos Peigo acrescenta ainda que dois "clientes-âncora", como ele define, já têm contrato para utilizar a estrutura do empreendimento da Scala. Sem revelar nomes, o fundador da empresa indica que se tratam de gigantes do ramo da tecnologia.
"O perfil de cliente que a gente atende não estava atendido em Fortaleza, era mais o perfil de conectividade. Esse equipamento de rede dos servidores responsável por conectar e repassar o tráfego é o que está instalado, e o dado não para e não é processado aqui. O que a gente traz agora é habilitar aqui como um centro de processamento de dados relevante, e o mercado que a gente vem abordar é diferente: é um data center, mas tem outro perfil de usuário lá dentro", observa.
Investimento bilionário
O investimento total do data center da Scala em Fortaleza é acima de R$ 1 bilhão, conforme explica o CEO da empresa. Na América Latina, estão contratados, até 2025, US$ 2 bilhões (aproximadamente R$ 11 bilhões na cotação atual) em novos empreendimentos. Atualmente, a companhia conta com 12 centros de processamento de dados em operação
Na Praia do Futuro, o investimento contará ainda com 700 empregos gerados na fase de obras. Em operação, o data center da Scala irá criar 60 postos de trabalho diretos.
Sarto destaca localização da Capital
No evento de lançamento do empreendimento, o prefeito José Sarto destacou a latência de Fortaleza, que pela localização geográfica na América Latina e pela conectividade dos cabos submarinos, permite que seja cada vez menor, propiciando um processamento mais eficiente dos dados.
"O aeroporto é uma metáfora bem realista porque, por exemplo, um Boeing não vai pousar em pista para pequenos aviões, vai pousar em grandes aeroportos. Isso nós já temos, o que temos de grande vantagem de largada é o pragmatismo da operação. Em Fortaleza, estamos perto dos cabos, temos uma conectividade excelente, temos uma localização geográfica que permite uma latência menor, sendo o grande ativo das empresas que coordenam essa operação", ressaltou Sarto.