Ceará tem 4ª maior taxa de inadimplência de aluguel do Brasil; entenda as causas

Endividamento é maior no Norte e Nordeste por impacto do cenário macroeconômico

Escrito por Mariana Lemos* ,
Edifícios em Fortaleza
Legenda: Os imóveis comerciais são os que registram as maiores incidências de atraso no pagamento do aluguel
Foto: Gustavo Pellizzon

O Ceará é o estado do Brasil com o quarto maior índice de inadimplência de aluguel. No mês de agosto, a taxa de dívida locatícia no Estado ficou em 6,11%

O estado com a maior taxa do período foi o Amazonas, com 13,66% dos locatários inadimplentes. Em seguida, aparecem Paraíba (11,28%) e Pará (6,27%). 

O levantamento é realizado pela Superlógica, empresa de soluções para os mercados imobiliário e condominial, com base em dados de mais de 800 mil clientes locatários em todo o País. 

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São considerados inadimplentes aqueles com boletos há mais de 60 dias sem pagamento ou pagos com atraso de mais de 60 dias. A região Norte lidera o ranking com maior taxa de inadimplência, com 5,12%. 

O Nordeste aparece em segundo lugar, com índice de endividamento no aluguel de 4,91%. Em seguida estão Centro-Oeste (2,84%), Sudeste (2,82%) e Sul (2,54%).

A inadimplência de aluguéis no Brasil ficou em 3,12% no mês de agosto, um dos menores índices registrados em 2024. O Nordeste chegou a liderar o índice nos primeiros seis meses e segue em ritmo de queda desde março. 

VEJA A TAXA DE INADIMPLÊNCIA DE ALUGUEL POR ESTADO:

  • Amazonas: 13,66%
  • Paraíba: 11,58%
  • Pará: 6,27%
  • Ceará: 6,11%
  • Maranhão: 5,93%
  • Acre: 5,23%
  • Rondônia: 5,19%
  • Bahia: 4,07%
  • Piauí: 3,96%
  • Pernambuco: 3,94%
  • Rio de Janeiro: 3,88%
  • Rio Grande do Norte: 3,85%
  • Goiás: 3,72% 
  • Roraima: 3,66%
  • Mato Grosso: 3,46%
  • Tocantins: 3,07%
  • Rio Grande do Sul: 2,85%
  • Minas Gerais: 2,83%
  • Espírito Santo: 2,68%
  • Paraná: 2,66%
  • Mato Grosso do Sul: 2,61%
  • São Paulo: 2,61%
  • Amapá: 2,60%
  • Distrito Federal: 2,33%
  • Sergipe: 2,21%
  • Santa Catarina: 2,18%
  • Alagoas: 1,93%

NÍVEL DE RENDA E FORMA DE CONTRATO IMPACTAM NA INADIMPLÊNCIA

Como o aluguel é um dos principais tomadores da renda familiar, a variação da inadimplência por região está muito relacionada ao PIB e ao índice de desemprego, destaca Manoel Neto, Diretor de Negócios para Imobiliárias da Superlógica, durante o Conecta Imobi 2024, convenção do mercado imobiliário promovida pelo grupo OLX em São Paulo.

O Nordeste fechou o segundo trimestre de 2024 com taxa de desemprego de 9,4%, única região acima da média nacional, que é de 6,9%. O sul tem o menor índice, com 4,7%.

“O cenário econômico afeta o ambiente da locação, já que geralmente o custo do aluguel representa mais de 30% da renda familiar. Não é surpresa saber que Santa Catarina tem uma das menores taxas de inadimplência, já que tem a menor taxa de desemprego”, avalia.

Além dos impactos do cenário econômico, a taxa de inadimplência são maiores no Norte e Nordeste devido ao sistema de contratação locatícia, segundo Manoel Neto. A locação com a indicação de uma pessoa física como fiador é mais comum nessas regiões.

“As garantias profissionais, como bancos e segurados, já avançaram muito no Sul e Sudeste. Nesse caso, a pessoa fica devendo ao banco, que é um melhor cobrador. O proprietário continua recebendo e continua girando a economia”, avalia.

O diretor da Superlógica comenta que o mercado imobiliário das capitais do Norte e Nordeste já está se atentando para essa deficiência e a mudança do sistema de garantia pode ajudar a cessar a inadimplência.

IMÓVEIS COMERCIAIS TEM MAIS INADIMPLÊNCIA

Os imóveis comerciais são os que registram as maiores incidências de atraso no pagamento do aluguel. No Nordeste, a taxa de inadimplência nos negócios é de 6,67%.

As casas têm taxa de inadimplência de 5,66% na Região, enquanto os apartamentos residenciais registram 3,84% de dívida. 

Considerando a taxa de inadimplência por faixa de preço, os imóveis com aluguel acima de R$ 13 mil tem o maior registro de falta de pagamento. Em seguida, estão os imóveis entre R$ 8 e R$ 13 mil e aqueles com aluguel de até R$ 1 mil.

*A repórter viajou para o Conecta Imobi 2024 a convite do grupo OLX.

 

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