Ceará produz 1 em cada 4 pares de calçados no Brasil; veja o que esperar para 2025

Especialistas estão otimistas para o próximo ano, mas ponderam haver incertezas

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Fábrica de calçados 3
Legenda: Empregabilidade cearense no setor de calçados chega a quase 70 mil postos de trabalho formais
Foto: Fabiane de Paula

O polo calçadista cearense tem potencial de crescimento para 2025. A combinação de mão de obra qualificada, incentivos fiscais atrativos e as novas oportunidades decorrentes dos impactos da tragédia no Rio Grande do Sul no setor calçadista contribuem para um ambiente favorável.

Atualmente, 1 em cada 4 pares de sapatos fabricados no Brasil já é feito no Ceará, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).

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Os dados compreendem o acumulado de 2023, totalizando 224,9 milhões de produtos. Já neste ano, o Estado sofreu o baque da saída da Paquetá. Por outro lado, a chegada da Arezzo para assumir a fábrica pode recuperar a produtividade local do segmento. 

Legenda: O Grupo Paquetá é do Rio Grande do Sul e está em recuperação judicial desde abril de 2019
Foto: Kid Junior

No cenário nacional, "a situação também foi difícil para todo o setor", segundo o consultor especializado Luís Coelho. “A questão econômica do País e da economia mundial fizeram as empresas reduziram a capacidade de produção para poder ser sustentar”, observa. 

Conforme o especialista, apesar de a indústria cearense não ter sofrido como o polo gaúcho, afetado pelas enchentes, ainda há incertezas para o próximo ano.

Entre elas, o aumento dos custos industriais devido à reoneração da folha de pagamento e a valorização do dólar, que embora beneficie as exportações, impacta negativamente a importação de insumos como solados e acabamento.

“Os resultados dependerão do cenário macroeconômico, mas acredito que para o Ceará não haverá grandes mudanças. Uma das principais dificuldades do ramo é a mão de obra, porém o mercado cearense possui essa disponibilidade", avalia. 

"É importante destacar que não se trata de mão de obra barata, pois o custo é similar ao de outros estados. Outro fator positivo são os incentivos fiscais atrativos", completa. 
 

Ceará poderá ter aumento da produção, avalia economista 

Fábrica Arezzo Uruburetama
Legenda: Fábrica da Arezzo, em Uruburetama, deve exportar calçados pelo Porto do Pecém
Foto: Ingrid Coelho

Para o economista e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), Ricardo Coimbra, a tendência será de crescimento.

“Considerando sua participação de 25% na produção nacional de calçados, o Ceará possui um grande potencial para absorver o crescimento do setor, já que sua estrutura produtiva tem se mantido e, em alguns casos, até melhorando a capacidade”, analisa.

“Outro ponto é a menor concorrência proveniente das indústrias da serra gaúcha, que foram afetadas pelas fortes chuvas do início do ano. Então, existe a potencialidade até de ter um crescimento maior na produção do Estado”, destaca. 

Além disso, acrescenta, o aumento da renda da população, a redução da taxa de desemprego e o forte crescimento do PIB cearense criam um cenário favorável para o setor.

O segmento de calçados é o segundo que mais emprega em todo o Ceará, atrás apenas da indústria da construção civil. Em agosto de 2024, o saldo de postos de trabalho no Estado no setor era de 68,3 mil empregos, conforme dados da Abicalçados, com base em registros do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). 

Setor em expansão 

Presente em Horizonte desde 1996, a Vulcabras testemunha o bom momento do setor no Ceará. A companhia vendeu mais de 25 milhões de pares de calçados em 2023 e iniciou neste ano uma expansão "que soma 8.030 m² aos 132.080 m² já existentes, totalizando 140.110 m² de área construída".

Segundo a empresa, a unidade na Região Metropolitana de Fortaleza é uma indústria de ponta, "altamente conectada e equipada com o que há de melhor e mais avançado para a produção de calçados esportivos, que entrega o melhor do esporte para milhares de brasileiros".

A fábrica de horizonte possui 12 mil colaboradores em uma área total de 246 mil m², com 140,1 mil m² de área construída, onde são produzidas as marcas Mizuno, Olympikus e Under Armour.

A reportagem também procurou as empresas Arezzo e Grendene, mas ambas não responderam aos questionamentos. 

Resultado das eleições nos EUA poderá afetar setor, diz economista 

Candidatos lutam por voto a voto no país
Legenda: Candidatos lutam por voto a voto no país
Foto: Reprodução/Instagram

De acordo com o assessor econômico da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Lauro Chaves Neto, fatores externos também irão influenciar.

"O setor calçadista, que trabalha muito com exportação, está sujeito a uma série de variáveis que aumentam a incerteza para 2025. Temos, por exemplo, o resultado das eleições americanas, o que pode implicar", aponta, lembrando do risco de mudanças na política de tarifas

"Temos as questões dos conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia, que têm o poder de afetar bastante a economia europeia. Tudo isso faz com que as exportações de calçados tenham um componente de incerteza maior. Assim, juntando o fator interno ao externo, podemos concluir que a expectativa do setor calçadista é de crescimento, porém moderado, para 2025", pondera.

 

 

 

 

 

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