Cochonilha branca: saiba como eliminar a praga das plantas
Quando não exterminado, o inseto pode provocar danos e até mesmo a morte do vegetal afetado
Plantas são artigos versáteis de se ter em casa. Elas podem ser usadas tanto para fins ornamentais, decorando o ambiente e trazendo a sensação de aconchego, quanto para alimentação e auxílio na prevenção e tratamento de patologias, entre outros. No entanto, é necessário tomar alguns cuidados no manejo delas para evitar que sejam atacadas por pragas, como a cochonilha branca.
Esse inseto possui diferentes espécies e a aparência de cada uma delas pode variar. No entanto, o tipo farinheira, que possui coloração clara, é comum e pode provocar danos aos organismos vegetais, quando não é eliminado.
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O que é cochonilha?
Cochonilhas são pequenos insentos herbívoros responsáveis por sugar a seiva das plantas. Possuem um longo estilete (órgão superior) capaz de alcançar os vasos condutores de água, nutrientes, das plantas. Elas são encontradas em folhas, galhos e nas raízes das plantas e possuem diversos formatos de corpo e colorações.
Apesar de serem prejudiciais para as plantações, esses organismos podem desenvolver uma associação benéfica com outros seres (mutualismo), segundo explica a engenheira agrônoma especializada em Acarologia Agrícola e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Érica Calvet*. Um dos animais que pode participar dessa relação é a formiga.
Isso ocorre devido à produção de honeydew (solução com açúcar), realizada pelas cochonilhas na superfície das plantas. De acordo com a pesquisadora, as formigas se alimentam dessa substância e em troca protegem o inseto de todo e qualquer outro predador.
O animal pode ser considerado uma praga, mas apresenta uma curiosidade: a possibilidade de ser usado pela indústria alimentícia. Especificamente a espécie Dactylopius coccus é utilizada na produção do corante carmim. Segundo a professora, essa espécie é oriunda do México e é responsável por uma das tinturas mais utilizadas no setor de alimentação, a de cor vermelha.
A coloração pode ser encontrada em alimentos como, por exemplo, biscoitos, gelatinas, pirulitos, sorvetes, iogurtes, refrigerantes, sucos, rações de animais, e diversos outros produtos.
Tipos de cochonilha
Há diversos tipos do inseto, organizados em 28 famílias, que, geralmente, podem ser divididas em três categorias:
- Cochonilha farinheira: a principal característica desse tipo é a capacidade de produzir cera. Esta substância é responsável por dar um aspecto esbranquiçado ao corpo do inseto, além de atingir as áreas próximas.
- Cochonilha de carapaça: esta não produz cera e, normalmente, possui uma coloração marrom, possibilitando que ela se camufle em galhos e folhas de plantas. Os vegetais atingidos apresentam protuberâncias parecidas com escamas, que crescem a medida que o animal muda de tamanho.
- Cochonilha de carapaça esbranquiçada: se assemelham a conchas e alguns dizem que parecem búzios.
No Brasil, os tipos de cochonilha mais comuns são as espécies que pertencem às famílias Diaspididae, Pseudococcidae e Coccidae. Conforme a especialista, as da Ortheziidae são mais facilmente reconhecidas por pessoas sem conhecimento especializado sobre o inseto.
O que é cochonilha nas plantas?
O inseto age nas plantas como uma espécie de praga que prejudica o crescimento, floração, e pode até levar a morte do organismo. Algumas espécies de cochonilhas preferem atuar principalmente nos brotos e folhas das plantações.
O honeydew, liberado pelo inseto na superfície das folhas, além de atrair formigas é responsável pelo aparecimento do fungo conhecido como fumagina. Ele se instaura nas plantas como se fosse uma sujeira, mas gradualmente vai enfraquecendo o vegetal.
Um exemplo de organismo que é frequentemente infestado pela praga é a suculenta popularmente conhecida como “nove horas”, que, conforme conta a agrônoma, é a planta com maior incidência da cochonilha farinhenta. Outro exemplo mencionado são as cactáceas, suscetíveis à cochonilha de carapaça.
Plantas mais velhas, com infestação já estabelecidas do inseto, terão redução no crescimento. Por exemplo, caso produza flores, a floração será reduzida ou nem irá florar. Em exemplares mais jovens, é possível que o vegetal morra.
Érica Calvet lista os principais cuidados que se deve ter para evitar o aparecimento de cochonilha. São eles:
- Adequar a quantidade de água às necessidades específicas para cada planta;
- Observar a necessidade de irrigação do solo;
- Monitorar as plantas durante a época de chuvas.
Plantas bem adubadas e sem formigas são mais saudáveis e menos suscetíveis a presença de pragas que podem provocar o enfraquecimento delas.
Cochonilha branca
A cochonilha branca é a cochonilha farinhenta. Ela tem como principal característica a produção de cera pelo corpo. A quantidade, forma e textura dessa substância variam. As fêmeas adultas são sésseis — organismos que não se locomovem sozinhos.
A engenheira agrônoma detalha que, no primeiro estágio de vida delas, após a eclosão, a ninfa se desloca escolhendo uma área afastada da mãe. Em seguida, ela insere o próprio estilete e se fixa, ficando o resto da vida nesse mesmo local.
Como eliminar e tratamento
Para exterminar o inseto, a profissional indica que o ideal é procurar um especialista para identificar qual tipo está provocando a suposta infestação. Determinar qual espécie é responsável pelo caso e se é maléfica para a planta é importante, já que existem outros animais que são semelhantes à cochonilha, mas não são prejudiciais. A engenheira cita o exemplo de uma espécie de joaninha que pode ser confundida com ela, mas, na verdade, auxilia no combate às pragas.
Outra atitude útil para extinguir o bicho é controlar a proliferação de formigas em áreas próximas ao vegetal afetado, já que ambos os insetos costumam atuar associadamente. Então, ao eliminar as responsáveis pela proteção das cochonilhas, elas ficarão menos resistentes e mais fáceis de exterminar.
A especialista aconselha ainda que seja realizado um monitoramento constante das plantas. Regiões como a parte debaixo das folhas e os galhos também devem ser verificados com intuito de identificar infecções ainda no início — período em que é mais fácil acabar com a infestação.
Érica Calvet frisa também que para evitar a proliferação desse tipo de praga é necessário tomar os devidos cuidados com o manejo do vegetal, oferecendo irrigação e adubação adequados - já que o desequilíbrio desses fatores pode favorecer o aparecimento das cochonilhas.
Remédio caseiro para cochonilha
Caso a infestação dos animais esteja localizada em poucas plantas, é possível eliminá-la através da limpeza e remoção das áreas afetadas com sabão neutro 5%, delicadamente, sem lesionar o vegetal.
Outra opção para se livrar da cochonilha é o uso de caldas naturais. Um exemplo delas é de pimenta, indicada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). No entanto, como destaca a especialista, é preciso considerar que mesmo sendo de origem natural, esses produtos podem afetar o ser humano, causando irritabilidade.
Calda de pimenta
Ingredientes
- 100g de pimenta-do-reino moída
- 100g de alho triturado
- 2l de álcool
- 50g de sabão
- 1l de água quente
Modo de preparo
O preparo da calda de pimenta é dividido em quatro etapas. São elas:
- Extrato de pimenta: em um recipiente de vidro com tampa, misture os 100g de pimenta-do-reino moída com um litro de álcool. Deixe repousar por sete dias.
- Extrato de alho: em um recipiente de vidro com tampa, misture os 100g de alho triturado com um litro de álcool. Deixe repousar por sete dias.
- Solução de sabão: dissolva 50g de sabão em um litro de água quente. (Substância só deve ser preparada no dia em que for realizada a aplicação na planta).
- Calda de pimenta: misture 200ml de extrato de pimenta-do-reino e 100ml do de alho coado em um litro de solução de sabão. Em seguida, complete o volume com água para 20l.
Aplicação
- Faça duas aplicações com intervalo de cinco dias entre elas.
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Perguntas frequentes
O que causa cochonilha nas plantas?
O aparecimento de cochonilhas nas plantas é provocado, principalmente, por erros na hora do manejo. Irrigações abundantes e adubação nitrogenada são as principais razões para a presença da praga nas plantações.
A engenheira agrônoma alerta para a necessidade de atenção ao cuidado das plantas, pois, todo e qualquer manuseio errado pode causar estresse e desencadear eventos fisiológicos tornando a planta suscetível ao ataque de pragas.
Como preparar fumo de rolo para as plantas?
Érica Calvet alerta que é necessário tomar cuidado com o uso do fumo de rolo para combater cochonilhas, pois, segundo ela, apesar de ser eficiente contra a praga, deve ser ministrado com equipamento de proteção individual (EPI). A substância é tóxica tanto para insetos pragas, como cochonilhas, quanto insetos benéficos, como abelhas. A especialista frisa ainda que a convivência com os artrópodes é um melhor caminho do que buscar o extermínio das pragas.
Abaixo, confira o passo a passo para fazer a calda de fumo, conforme orientações fornecidas pela Embrapa, no material “Controle Alternativo de Pragas e Doenças das Plantas”.
Calda de fumo
Ingredientes
- Meio palmo de fumo de corda
- 1 litro de água
- 1 litro de água quente
- 1 xícara (café) de álcool
- 1 colher (sopa) de sabão de coco raspado
- Recipiente de vidro com tampa
Modo de preparo da calda de fumo
- Pique meio palmo de fumo de corda e coloque-o em 1 litro de água com 1 xícara (café) de álcool;
- Deixe de molho por 24 horas;
- Depois, coe e guarde a calda num vidro que receberá tampa e um rótulo identificando o que tem dentro.
- Água de sabão
- Misture 1 colher (sopa) de sabão de coco raspado em 1 litro de água quente;
- Agite até dissolver;
- Guarde num vidro que receberá tampa e um rótulo identificando o que tem dentro.
Aplicação
- Na hora de usar, misture a calda de fumo com a água de sabão;
- Coloque 5 colheres (sopa) da calda de fumo em 1 litro de água e misture com 1 litro da água de sabão;
- Pulverize ou regue as plantas com essa mistura, procurando molhar bem, principalmente por baixo das folhas. Use um pulverizador costal (de mochila), se tiver.
*Érica Costa Calvet é engenheira agrônoma graduada pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mestre e doutora em Entomologia Agrícola pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Possui especialidade em acarologia agrícola, atuando como docente na UFC nas disciplinas de Entomologia agrícola, acarologia agrícola e manejo integrado de pragas.