Enem 2020: ambulantes estimam queda de mais de 50% nas vendas

Com barracas nos arredores da Universidade Estadual do Ceará, Francisco Ailton Lopes e Vera Lúcia Lima dimensionam desfalque na venda de artigos como caneta, água e chocolate; medo de contaminação e pouco movimento de estudantes são motivos apontados

Legenda: Mesmo com a barraca sortida, Francisco Ailton Lopes relata que a procura por itens foi bastante aquém do esperado
Foto: Thiago Gadelha

Vendedores ambulantes calcularam expressiva queda na comercialização de itens procurados por estudantes que prestaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em Fortaleza. As provas do concurso foram aplicadas neste domigo (24) e no dia 17 deste mês.

Há mais de 20 anos mantendo uma barraca nos arredores da Universidade Estadual do Ceará - Campus Itaperi, Francisco Ailton Lopes, 48, estimou que o faturamento neste ano caiu em mais de 50% se comparado a todas as edições anteriores do exame. "Todo mundo trouxe as coisas de casa por conta do medo de contaminação. Tá todo mundo assustado", disse.

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Sortida, a barraca do ambulante dispunha de água, chocolate, caneta, pipoca, refrigerante, entre outros itens. Mesmo assim, a procura foi bastante aquém do esperado.

"O dinheiro não gira, por isso as vendas caem. Antes eu vendia quatro caixas de caneta nos dias de Enem; hoje ainda não consegui vender uma única delas", lamentou.

Pouca movimentação

Vera Lúcia Lima, 54, compartilhou da mesma opinião de Francisco. Igualmente mantendo uma barraca dos arredores da Uece, a ambulante apontou o baixo índice de comparecimento de estudantes como um dos motivos da queda nas vendas.

"Tô sentindo muita diferença porque, devido à pandemia, vieram poucos alunos. Não consegui vender quase nada desde o domingo passado. Quem compra mais são os fiscais, que chegam antes da prova", percebeu. 

Legenda: Residente no bairro Caça e Pesca, Vera Lúcia Lima chegou na Uece para vender produtos às 4h30 nos dois dias de aplicação da prova
Foto: Thiago Gadelha

Residente no bairro Caça e Pesca, Vera Lúcia chegou às 4h30 nos dois dias de aplicação da prova a fim de tentar faturar o esperado. O panorama, contudo, foi outro.

"Nos anos anteriores, eu comprava 100 salgados e não voltava com nenhum; desta vez, eu comprei 70 e voltei com quase tudo", disse, rodeada de outros itens alimentícios, a exemplo de café, caldo, bolo e tapioca. "Até máscara, que eu aprendi a fazer, tô colocando pra vender. Mas tá tudo muito fraco".

Ceará

O Exame Nacional do Ensino Médio, que aconteceu desde o último domingo (17), teve como locais de prova 715 escolas de 115 municípios do Ceará. Foram apenas quatro unidades de ensino a mais que aplicaram as provas em relação à edição anterior, com 711 locais. Neste domingo (24), as provas foram de Matemática e Ciências da Natureza.

Conforme balanço divulgado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), o Ceará teve 48% de abstenções na prova do primeiro domingo (17) do Enem 2020, ou seja, um total de 154.545 inscritos não compareceram. 

Prevenção

Durante a realização da prova, seja no local de entrada ou na sala de aula, os candidatos ao Enem deveriam, obrigatoriamente, usar máscara, com o item de proteção cobrindo o nariz e a boca. Só seria possível retirar no momento de identificação dos participantes e para comer e beber. 

Quem estivesse com Covid-19 ou sintomas da doença, bem como de outras infectocontagiosas, não deveria prestar o exame agora. A situação deve ser informada ao Inep. A reaplicação do exame nos casos que se enquadrarem nesse perfil será nos dias 23 e 24 de fevereiro.


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