‘Não tenham medo do novo que vou apresentar’, diz novo arcebispo de Fortaleza em primeira entrevista

Dom Gregório Paixão falou sobre planos e prioridades para a gestão, em coletiva à imprensa nesta quinta-feira (14)

Escrito por Nícolas Paulino e Theyse Viana , ceara@svm.com.br
Dom Gregório Paixão, novo arcebispo de Fortaleza, toma posse em missa solene na Catedral Metropolitana, nesta sexta-feira (15)
Legenda: Dom Gregório Paixão, novo arcebispo de Fortaleza, toma posse em missa solene na Catedral Metropolitana, nesta sexta-feira (15)
Foto: Fabiane de Paula

O novo arcebispo de Fortaleza, Dom Gregório Paixão, concedeu a primeira entrevista coletiva ocupando o cargo, na manhã desta quinta-feira (14), na Faculdade Católica de Fortaleza. O substituto de Dom José Antonio Aparecido Tosi desembarcou na capital ontem (13).

É a terceira vez que o agora arcebispo vem à cidade. “Não conheço Fortaleza, não conheço o Ceará. Vim apenas duas vezes. Para mim, é a alegria de um pai que vê o filho pela primeira vez. Aprenderei no dia a dia”, pontuou.

Dom Gregório tomará posse oficialmente nesta sexta-feira (15), em missa na Catedral Metropolitana de Fortaleza. A cerimônia “Seja Bem-Vindo, Dom Gregório”, que inicia às 18h, integra uma sequência de eventos para a sucessão do cargo.

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Sobre os planos e prioridades para “guiar” os fiéis católicos na quarta maior cidade do Brasil, Dom Gregório frisa que o maior desejo é “ter o contato pessoal e a alegria do encontro com o outro”, respeitando o trabalho feito pelo antecessor, mas trazendo renovação.

“Tem uma história anterior a mim, que será continuada, mas agora haverá uma cara nova. A gente sempre traz o novo. Não tenho medo novo que se apresenta, e peço que as pessoas não tenham medo do novo que vou apresentar”, destacou.

Dom Gregório Paixão, novo arcebispo de Fortaleza
Legenda: Arcebispo sucede Dom José Antonio, que ocupou o cargo por 24 anos
Foto: Fabiane de Paula

O novo arcebispo, que é natural de Sergipe, reforçou a alegria de voltar ao Nordeste e ser destacado à missão de administrar a Arquidiocese de Fortaleza, reconhecendo, porém, os desafios que se impõem.

“A família cresceu. As atenções serão maiores, mas temos que ter a consciência de que não estamos sozinhos. O bispo é um irmão mais velho, alguém que tem um tanto de experiência mas tem a consciência de que todo trabalho é realizado por muitas mãos.” 

Não venho como salvador da humanidade, esse é Jesus Cristo, é a Ele que sirvo e represento. Temos um exército à disposição para trabalhar conosco. Desejo viver, trabalhar e me alegrar com o crescimento de todas as coisas.
Dom Gregório Paixão
Arcebispo de Fortaleza

Antes de vir à capital cearense, Dom Gregório era bispo na Diocese de Petrópolis, cidade do Rio de Janeiro. “Inegavelmente, sair de uma diocese menor para uma grande como Fortaleza gera um temor muito grande – temor, não medo. Fortalecido por Deus a gente vai. É saber que essa realidade vai me fazer aprender bastante”, diz.

Atenção com ‘os invisíveis’

Além de Fortaleza, Dom Gregório, como arcebispo, está à frente das comunidades de outros 30 municípios cearenses. Para ele, uma das missões dos próximos anos é “fazer com que as possibilidades da capital cheguem ao interior”.

“A atenção que temos com a capital devemos ter com os municípios mais distantes. Tenho certeza de que as comunidades estão vivas, mas precisamos fazer com que esse trabalho de evangelização chegue a todos”, afirma.

Precisamos ter atenção com os invisíveis. Pode ser um pedinte, que a gente passa e não olha; alguém que está dentro de um apartamento vivendo em profunda depressão; e, às vezes, é uma comunidade distante, que a gente simplesmente desconhece. Ser presença é fundamental para trazê-los aos nossos olhos.
Dom Gregório Paixão
Arcebispo de Fortaleza

É por meio da presença, aliás, que Dom Gregório avalia ser possível que a igreja se alie no combate às violências. “A violência é um fenômeno mundial, vemos pelo número de guerras pelo mundo. Temos uma guerra que está ao nosso lado. No Brasil, o número de mortes clama aos céus”, lamenta. 

“A presença da igreja é realizar aquilo que Jesus diz: guarde a sua espada, a sua violência, aquilo que pode ser a manifestação de um coração que não entendeu a palavra de paz. Podemos pensar diferente, isso não é problema. Mas em meio a uma sociedade tão polarizada, precisamos chegar à concórdia.”

Quem é o novo arcebispo de Fortaleza

Dom Gregório Paixão, novo arcebispo de Fortaleza
Legenda: Dom Gregório Paixão, novo arcebispo de Fortaleza
Foto: Fabiane de Paula

Dom Gregório nasceu em Aracaju, em 1964. Em 1983, ingressou no Mosteiro de São Bento da Bahia, onde exerceu quase todos os ofícios monásticos, e cultivou um extenso currículo. Em março de 1993, foi ordenado presbítero pelo cardeal Dom Lucas Moreira Neves.

Foi diretor do Colégio São Bento da Bahia e da Faculdade São Bento da Bahia, assim como da Revista Análise e Síntese. Ensinou Língua Grega, Antropologia Cultural e Homilética. Também é doutor em Antropologia Cultural pela Universidade Aberta de Amsterdã.

Entre 2006 e 2012, serviu como Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Salvador da Bahia. Em 10 de outubro de 2012, o Papa Bento XVI o elegeu bispo da Diocese de Petrópolis, onde tomou posse em 16 de dezembro de 2012 e seguiu até ser escolhido para liderar a igreja em Fortaleza.

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