Em meio a aumento de influenza, apenas 25% do público-alvo está vacinado contra gripe no Ceará
A baixa adesão em mais de 40 dias preocupa profissionais da saúde pelo risco da doença causar quadros graves ou mortes
Há mais de um mês, o público prioritário – como bebês, idosos e gestantes – pode receber a vacina contra a gripe nos postos de saúde do Ceará. Mas a procura pela proteção está baixa: apenas 25% do grupo foi imunizado até o momento – um total de 756.956 doses aplicadas. Em paralelo, a Influenza A corresponde à metade das amostras de vírus respiratórios monitoradas.
O cenário é de alerta porque o imunizante protege contra os casos graves e evita tanto a sobrecarga dos hospitais e das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) como as mortes pela doença. Neste ano, a campanha foi antecipada em cerca de um mês e começou no dia 11 de março no Estado.
Os dados da cobertura vacinal são da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Até o momento, 2.264.550 doses do imunizante foram distribuídas, o que corresponde a 68% da meta.
“O resultado é bem preocupante, uma vez que a vacinação objetiva reduzir casos graves, que aumentam significativamente o número de hospitalização, levando a sobrecarga nos serviços”, analisa Ana Karine Borges, coordenadora de Imunização da Sesa.
Karine pondera que “embora os resultados ainda sejam abaixo do esperado, o Ceará ocupa o 6º lugar no ranking entre as unidades federadas”. “Crianças e idosos estão nos grupos que mais procuraram, com 28% e 25%, respectivamente”, acrescenta.
A campanha de imunização contra a gripe segue até o dia 31 de maio nos 184 municípios cearenses. Contudo, os profissionais da saúde buscam aumentar a cobertura vacinal porque o período chuvoso, de fevereiro a maio, é o de maior circulação viral.
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De 3.487 amostras analisadas de janeiro até a última semana, o vírus da influenza A foi detectado em 1.631 (46,8%) amostras, o coronavírus em 1.379 (39,5%) e o Rinovírus/Enterovirus humano em 285 (8,2%). Outros vírus de importância epidemiológica foram detectados em 192 (5,5%).
A Secretaria da Saúde aponta que, nas primeiras semanas do ano, houve uma maior frequência de coronavírus, ainda como reflexo do pico da doença entre novembro e dezembro de 2023. A partir do fim de fevereiro a situação se inverteu e o vírus Influenza A passou a dominar o cenário epidemiológico.
A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), uma das manifestações que mais preocupam os profissionais de saúde, afeta mais crianças e idosos acima de 70 anos neste ano, conforme a análise da Sesa.
Sintomas da gripe
Existem 4 tipos de vírus influenza: A, B, C e D. Em geral, os tipos A e B são responsáveis por epidemias sazonais, sendo o vírus influenza A responsável pelas grandes pandemias, conforme o Ministério da Saúde.
Dessa forma, a gripe é uma infecção aguda do sistema respiratório, provocado pelo vírus da influenza, com grande potencial de transmissão.
Os principais sintomas da gripe:
- Febre
- Dor de garganta
- Tosse
- Dor no corpo
- Dor de cabeça
A coordenadora de imunizações no Ceará contextualiza que, para alcançar mais pessoas com a vacina, desde o dia 18 de março, é feita campanha nas escolas.
“Esse fortalecimento é direcionado por meio do microplanejamento e um olhar diferenciado para as estratégias locais, sendo definidas a depender da realidade de cada região, seja vacinação domiciliar, busca ativa, ampliação de horários de atendimento, dentre outras”, frisa Karine.
Quem pode tomar a vacina da gripe
Durante a campanha, apenas os grupos prioritários (ou “grupos de risco”) estabelecidos pelo Ministério da Saúde podem tomar a vacina da influenza. No Ceará, eles somam cerca de 3,3 milhões de pessoas.
A meta é vacinar pelo menos 90% de cada um dos grupos, que são:
- Crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 dias);
- Idosos a partir de 60 anos;
- Trabalhadores da Saúde;
- Gestantes e puérperas;
- Professores do ensino básico e superior;
- Povos indígenas;
- Pessoas em Situação de Rua;
- Profissionais das Forças de Segurança e Salvamento;
- Profissionais das Forças Armadas;
- Pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, independentemente da idade;
- Pessoas com deficiência permanente;
- Caminhoneiros;
- Trabalhadores de transporte coletivo rodoviário para passageiros urbanos e de longo curso;
- Trabalhadores Portuários;
- População privada de liberdade e funcionários do sistema de privação de liberdade;
- Adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas.