Após sofrer incêndio, abrigo pede ajuda para manter 500 cães abandonados na Grande Fortaleza

Localizada em Caucaia e com casa de apoio na Capital, ONG Nosso Lar não recebe apoio fixo para custear as altas despesas

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@svm.com.br
Legenda: Boa parte dos cães assistidos são portadores de doença crônica e muitos possuem deficiência, além de já estarem idosos
Foto: Divulgação

Diariamente, o desafio: alimentar e prover dignidade para 500 cães em situação de abandono e vulnerabilidade. A missão é assumida pelo Abrigo Nosso Lar, com sede em Caucaia e casa de apoio no Bairro Ellery, em Fortaleza. A fim de manter as atividades e, sobretudo, a saúde dos animais, o abrigo pede ajuda por meio de campanhas envolvendo vakinha online, rifas e doação voluntária de dinheiro.

Em números, é possível saber o alcance do trabalho. Mensalmente, são cerca de R$35 mil investidos na compra de ração – é apenas esta a fonte de nutrição dos cães, garantindo a eles maior bem-estar – e 125 quilos de consumo alimentar por dia. 

Legenda: Os animais são resgatados de ruas da Capital e do interior
Foto: Divulgação

Conforme a proprietária do espaço, Geise Benevides, os animais são resgatados de ruas da Capital e do interior. Os efeitos da pandemia de Covid-19 proporcionaram aumento do número de cães abandonados, dificultando a manutenção da ONG.

"Todos os dias uso a hashtag #nenhumdiadefome. Gostaria muito mudar essa realidade. Queria ter sustentabilidade, não de viver com o pires na mão. Isso não me agrada, não gosto de assistencialismo, de me vitimizar", confessa a proprietária, cuja fala sempre alegre é para que a esperança em dias melhores não diminua.

Atualmente, apenas ela e o marido mantêm o abrigo, aberto há oito anos. Voluntários já ofereceram suporte ao casal, contudo a não-fidelização ao projeto complica ainda mais o panorama. Boa parte dos cães assistidos são portadores de doença crônica, a exemplo do calazar, e muitos possuem deficiência, além de já estarem idosos. Juntos, integram a cruel fatia dos excluídos socais, embora não apenas. 

Geise conta que famílias de médio e alto padrão financeiro também não estão conseguindo ou não querem mais cuidar dos animais sob a própria tutela. Resultado: mais cachorros na ONG, e de raças cada vez mais diversas – do vira-lata ao pitbull, do pinscher ao basset. "Para quem está nessa missão, saber que um cão saudável está ali e vai ser eutanasiado porque a família não quer ou não pode mais alimentar, é muito triste".

Funcionamento a duras penas

Esta não é a primeira vez que o Abrigo Nosso Lar ocupa o noticiário com situações urgentes. Em agosto de 2020, um incêndio atingiu a residência que serve como casa de apoio da ONG. Tudo começou devido a um curto-circuito no ar-condicionado.

No momento do ocorrido, a dona da casa, a mãe dela, de 80 anos, e 40 cachorros estavam no local. Quatro animais morreram carbonizados e três fugiram. A idosa e a filha não ficaram feridas. Geise tentou salvar o maior número de cães, mas a fumaça atrapalhou o resgate. 

Legenda: Quatro animais morreram carbonizados e três fugiram durante incêndio na casa de apoio do abrigo, em 2020
Foto: Isaac Macêdo

As chamas destruíram vários objetos da casa, a exemplo de guarda-roupa, cadeiras de plástico, aparelho de televisão, documentos, peças de roupa e um berço. Instalações elétricas também foram atingidas.

"Depois do incêndio, não conseguimos restabelecer a casa para dar uma condição favorável aos cães. Agora, só estou usando um pouquinho dela, com poucos animais. A concentração mesmo é no Garrote".

Necessidade de apoio irretristo

Na visão da proprietária, é necessário que as pessoas prestem apoio não apenas aos abrigos mais conhecidos, mas também àqueles com menor alcance de público. Ela igualmente destaca que a ONG Nosso Lar promove adoção de cães, contudo apenas por meio de contato pelas redes sociais ou por meio da indicação de amigos.

Por fim, Geise reflete sobre a condição dos cuidadores de animais, sublinhando a importância do trabalho deles. "Se eu fosse começar de novo hoje, talvez começaria diferente. Não abrigando animais, mas ajudando a quem abriga. Porque o único carro que não tem ré é o do protetor de animais. Depois que ele começa, se não tiver um emocional equilibrado e ações muito seguras, vira um acumulador de problemas. Isso é muito perigoso porque a saúde mental vai embora. O desespero de você ver que ali tem 100, 200, 500 cães com fome te toma. Se a gente for analisar, é isso que acontece: você tira da rua para poder cuidar, mas não pode cuidar. Infelizmente".


Serviço
Doações para Abrigo Nosso Lar, com serviço de apoio a cães abandonados
Chave Pix: 26540258372/ Dados bancários por meio deste link. Acesse também o perfil da ONG no instagram

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