Retomada: setor privado é saída

Os desafios do financiamento à infraestrutura foram debatidos ontem no Banco do Nordeste

Escrito por Redação ,
Legenda: A urgência de investimento privado em infraestrutura é fundamental para remover obstáculos e aperfeiçoar o ambiente de negócios
Foto: FOTO: KLEBER A. GONÇALVES

Diante do atual cenário macroeconômico nacional, os investimentos públicos no setor de infraestrutura, em parceria com a iniciativa privada, são apontados como essenciais para a retomada do crescimento econômico do Brasil. Esse foi o centro das discussões do painel "Desafios do Financiamento à Infraestrutura", que integrou as atividades do XXI Fórum Banco do Nordeste de Desenvolvimento, realizado ontem em Fortaleza.

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O painel teve como presidente de mesa o chefe de operações da representação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Juan Carlos De La Hoz Vinas, e contou com duas palestras: "A Demanda de Infraestrutura no Nordeste" e "O BNDES e o financiamento da Infraestrutura do Nordeste".

A primeira palestra foi proferida pelo presidente executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), Ralph Lima Terra. Ele lembrou que o País vive um momento de inflação, juros altos e aumento do desemprego e, ao mesmo tempo, corta gastos, investimentos e está com a confiança em baixa.

Para ele, com a urgência de investimento privado em infraestrutura, é fundamental remover obstáculos e aperfeiçoar o ambiente de negócios. Entre as principais dificuldades, Terra cita: licenciamento ambiental, desapropriações, estudos e projetos e capacitação técnica.

Orçamento insuficiente

Apesar do crescimento dos valores aplicados no setor nos últimos anos, o presidente executivo da Abdib destacou que o orçamento público sempre foi e continuará sendo insuficiente para tocar grandes obras. Em 2004, por exemplo, os governos aplicaram R$ 46,9 bilhões em infraestrutura, valor que saltou para R$ 236,6 bilhões em 2014 (excluindo a área de petróleo e gás).

De acordo com ele, o Brasil deveria investir anualmente 5% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura para evitar problemas futuros, "como engarrafamentos e apagões". Em 2004, o País destinou 1,7% da produção de todas as suas riquezas ao setor, índice que foi de 2,5% no ano passado.

Concessões

Terra também chamou a atenção para a importância do Programa de Investimento em Logística (PIL), cuja segunda etapa foi lançada no último dia 9 de junho, em Brasília, pela presidente da República, Dilma Rousseff.

O programa de concessões inclui novos projetos nos quatro setores de transporte e logística: rodovias (16 trechos); ferrovias (seis trechos); portos (50 arrendamentos, 63 autorizações de Terminais de Uso Privado e renovações antecipadas); e aeroportos (quatro federais e sete regionais). "Estamos criando condições para atrair, cada vez mais, a iniciativa privada, que está em busca de bons projetos e ambientes regulatórios", observou.

Assim como Terra, o diretor da área de infraestrutura e insumos básicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Roberto Zurli Machado, também falou das perspectivas em relação ao PIL. Ele proferiu a palestra "O BNDES e o financiamento da Infraestrutura do Nordeste" e acredita que o programa indica uma série de oportunidades de investimentos para a região.

Raone Saraiva
Repórter

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