Estilistas apresentam novas coleções em desfiles virtuais do DFB Digifest 2020

Entre os dias 28 e 31 de julho, o DFB LiveModa apresenta 14 desfiles virtuais, com conteúdo transmitido no canal do Youtube do evento

Escrito por Redação ,
Legenda: O designer Bruno Olly desfila sua coleção nesta terça-feira (28)
Foto: Igor Cavalcante

Fruto da capacidade de inovação e adaptação da moda, o DFB Live Moda é mais uma reformulação promovida pelo DFB Digifest 2020. O evento, que tem início nesta terça-feira (28) e segue até a sexta-feira (31), realiza 14 desfiles virtuais com importantes nomes da moda autoral. A transmissão ocorre a partir das 19h, por meio do canal oficial do DFB no Youtube.

As apresentações foram gravadas em passarelas sem público, seguindo os protocolos de segurança sanitária necessários para assegurar a saúde de modelos e equipes técnicas, mas ainda com o propósito de aproximar ao máximo a experiência digital à de um desfile presencial e ao vivo.

As coleções, influenciadas pelo momento e modificadas em seus formatos de produção e apresentação, buscam atrelar a essência de seus criadores aos desafios da atualidade. Assim, elas passam a ser mais do que apenas peças de roupas, mas reflexos das mudanças no espaço, no tempo e nas pessoas.

Veja um pouco mais sobre os estilistas e as coleções apresentadas no DFB Live Moda:

Almerinda Maria

Inspirada pela calmaria desejada após uma forte tempestade, a nova coleção de Almerinda Maria traz elementos clássicos de suas produções, como as rendas e os tons claros, para as batas, camisas e calças. Além da paleta tradicional de brancos e nudes, a estilista aposta ainda nos tons de rosa pó, verde menta e azul oxigênio, sem perder de vista as inúmeras possibilidades de looks que as peças neutras suscitam.

Entre rendas renascença, francesa e bordado richelieu, a coleção “Calmaria” traz como destaque a salopete e vestidos fluidos, em consonância com a proposta de leveza. As máscaras de proteção, exigidas devido à pandemia, também se fazem presentes, marcando o momento no qual vivemos atualmente.

Baba

Enquanto o último desfile da BABA no DFB Festival resgatou ícones do passado e da memória afetiva dos cearenses, a nova coleção procura olhar para frente e desenhar cenários possíveis de uma Fortaleza futurista. Inspirada pelo movimento Cyberagreste, a marca imagina o Centro da Cidade como palco de uma ficção científica e utiliza seus signos para desenvolver suas peças.

Apesar do conceito distópico ser anterior à situação que agora vivemos, a visão de futuro de Gabriel Baquit se tornou, ironicamente, nosso presente. “Decidimos, então, mudar algumas ideias e trazer uma coleção mais positiva, imaginando um futuro que trará adversidades, mas que, mesmo assim, conseguiremos prosperar”, explica o estilista.

Bikiny Society

Inspirada pelas vivências e pelas viagens do cotidiano, a Bikiny Society traz a coleção "Pura Vida", baseada na mensagem de aproveitar o máximo de cada momento e se conectar com a natureza e com a própria alma. Associando o tropical profundo das praias da Costa Rica com a densidade das florestas, a marca aposta em verdes intensos e tons terrosos em sua paleta de cor. 

Os caminhos percorridos nas viagens também viraram inspiração para a passarela. A textura das pedras inspirou as peças de cerâmica, feitas por Vivian de Pontes Vieira, que sustentam e adereçam os looks. As roupas também trazem, por vezes, uma estampa exclusiva pintada à mão pela artista plástica Auxi.

Bruno Olly

Inspirado no Faroeste com características do cangaço, Bruno Olly traz à passarela virtual uma proposta de reflexão: como podemos olhar para o passado e utilizá-lo para ressignificar a nossa forma de ver e agir no mundo? Na nova coleção, o visual country misturado à pegada do streetwear, forte identidade do designer, reforça essas novas possibilidades.

Materiais como o jeans, com aspecto mais desgastado e lavagem ecológica, mostram a união do velho ao novo. Já o cirrê, o xadrez e o linho reforçam a identidade das vestimentas do faroeste.  As estampas contam as histórias desse universo, enquanto os chapéus em feltro e as bolsas em Perugia e crochê representam a elegância da época. Buscando resgatar o real significado do que é ser e estar aqui hoje, Bruno propõe que olhemos para um Novo Oeste.

Bruno Queiroz

Incentivado pelo desejo de ir além da produção em série e por criar peças com sua própria identidade, Bruno Queiroz apresenta uma coleção movida pelo amor, pelas memórias, pelas trocas. Construída a partir de um álbum de família e das ressignificações de tecidos de sua avó, “Entrelaços” explora a estética brega chic da alta costura e os anos 80.

Os vestidos são volumosos e coloridos, compostos com laços e recortes diferenciados, além das aplicações de strass. O estilista optou, principalmente, pelo tafetá e por utilizar diferentes técnicas para produzir os looks extravagantes, como camadas de babados, plissados e balonês. A cartela de cores varia do lilás até o vermelho, passando por alguns tons de rosa. 

Rendá, por Camila Arraes

Conforto e beleza foram dois conceitos essenciais da nova coleção da Rendá para o DFB Digifest 2020. Motivada pelo presente vivido, a estilista Camila Arraes apostou em peças mais confortáveis, modernas e usáveis no dia a dia, sem perder o glamour característico da marca. Para exalar praticidade, as peças únicas se destacam na passarela, como os macacões e vestidos. O objetivo primordial da designer é criar roupas que as mulheres se empoderem e possam se identificar, criando um clima mais intimista para sua nova coleção.

Por ser um período tão delicado, a Rendá também resolveu ousar nas cores, de forma a gerar sensação de felicidade e boas energias. Saindo o tradicional branco, cor original das rendas manuais utilizadas na marca, as peças aparecem no laranja, pink, azul e vermelho. A renda renascença, o bordado Richelieu, o labirinto e o crochê seguem protagonistas na produção da marca.

Gisela Franck

Para Gisela Franck, o momento atual despertou o olhar para o verde, para a natureza, para a essência. Com peças feitas no linho 100% puro, em seu tom cru natural, a nova coleção se inspira no que é essencial e no que alimenta a alma, como explica a estilista. O tecido escolhido faz parte do DNA da marca e ilustra bem o caráter leve e minimalista buscado por Gisela.

Além dos tons neutros, as roupas se caracterizam pela atemporalidade e pelo fazer artesanal. “Minha marca sempre teve essa essência do consumo consciente, de uma matéria prima de qualidade e que respeita à natureza, valorizando sempre as nossas raízes, o trabalho das nossas costureiras e bordadeiras, do tempo e processo de cada arte manual”, explica.

Ivanildo Nunes

Conectado com a complexidade do reencontro com o Eu, a coleção cápsula de Ivanildo Nunes preparada para o DFB Live Moda busca acessar o abstracionismo próprio das realidades humanas por meio de formas também abstratas do tingimento artesanal nas roupas. Sua intenção é criar peças que possibilitem diversas conexões com o olhar humano e que elevem o artesanato à categoria de arte.

Para dar vida à coleção “O Reencontro do Eu perdido”, o estilista utiliza então o crochê, o richelieu e bordado manual, além de algumas sobras de materiais picados que virariam lixo. “O verdadeiro luxo está no poder de transformar o óbvio em sofisticadas peças exclusivas, sem agredir o meio ambiente“, afirma.

Kallil Nepomuceno

Fluida, marcada por traços orientais em suas cores e formas, a nova coleção de Kallil Nepomuceno para o DFB Digifest 2020 busca promover a esperança de que, após experiências dolorosas, dias melhores virão. Sem ignorar o momento vivido, a base branca de suas estampas foi substituída pelo preto, em homenagem ao luto de milhares de famílias por seus entes queridos, vítimas da Covid-19. 

Na estamparia, a profusão de cores contrastantes remete à alegria, representadas por pinceladas em aquarela. Vestidos despojados recebem um floral vetorizado, com adornos em crochês e macramês. Em busca dessa imersão oriental, Kallil aposta ainda nos acabamentos em frisos, além de pingentes com fios de sedas e cristais nos kimonos e calças. 

Lindebergue

Foto: Igor Cavalcante

Travesti, negra, transformista, sertaneja e ativista. As multifacetas de Thina Rodrigues são agora costuradas na nova coleção de Lindebergue Fernandes para o DFB Digifest 2020. Por meio das roupas, o estilista conta a história de vida e de militância de Thina, vítima das complicações da Covid-19, mas também fala de arte e enfrentamento, de sensibilidade e firmeza, de defender a própria identidade e lutar pela existência de muitos outros. 

As vidas e lutas dos artesãos também são fonte de inspiração para a coleção, que traz peças em formas arredondadas e volumosas, amplos vestidos balonês, moletons oversized e “mangas-nuvens”, marca registrada do designer. A paleta de cor apresenta apenas tons crus, beges e terrosos. O ponto de cor aparece exatamente em um adereço criado pelo artista plástico Ciro Alencar, inspirado na bandeira arco-íris usada pelo movimento LGBTQIA+.

Marina Bitu

Estreante no DFB, Marina Bitu se inspira no resgate das raízes e na relação afetiva com o Nordeste para sua coleção. Memórias de infância, viagens ao interior do Estado, paisagens do caminho. Tudo se torna referência na composição das peças. As comidas de beira de estrada, como rapadura, pêta, tapioca e café influenciaram na escolha das cores, formas e texturas da coleção. 

Os principais tecidos utilizados são chiffon de seda pura, georgette e linho. Já as cores presentes são off white, bege, caramelo, marrom, terracota, verde e preto. Elemento característico da marca, o plissado é apresentado em novas modelagens e cores. A designer também apostou nos vestidos para a passarela, em comprimentos midi e longo. 

Ronaldo Silvestre

Ressignificar é proposta principal de Ronaldo Silvestre para sua nova coleção. Retomando antigas criações e renovando-as com nuances de cores e lavagens, o estilista busca revelar mais de si e do próprio processo criativo por meio de um redesign sustentável de tecidos e formas.

A manipulação têxtil e bordados continua como grande destaque em suas peças. Já os tecidos-base da coleção, como a sarja e o denim, andam ao lado do Movimento “Sou de Algodão”, no qual busca reutilizar resíduos têxteis das indústrias de confecção. 

Theresa Montenegro

Também estreante no DFB, Theresa Montenegro foca no trabalho manual e na atenção aos pequenos detalhes. A marca, que propõe uma visão mais fashion e alegre sobre o mundo, monta uma coleção baseada em uma “mensagem de força, esperança e a certeza de dias melhores”, como explica a estilista.

Para alcançar tal propósito, a coleção abusa do mix de cores, aplicações manuais, plumas, vidrilho e brilho, com a intenção de mostrar que peças atemporais não precisam ser básicas. Com a produção em pequena escala, Thereza busca provocar uma reflexão sobre nossa colaboração à sociedade e ao planeta, além de valorizar a mão de obra local e nacional. 

Vitor Cunha

Intitulada “H-AS OC”, a nova coleção de Vitor Cunha teve seu conceito inspirado pela dualidade entre o florescer otimista do Renascimento e a onda conservadora que sufocou a Europa no século XVI. Fazendo um paralelo com a situação política atual no Brasil, o estilista utiliza como principal referência as obras de Caravaggio, pintor italiano que, por meio de luz e sombras intensas, expressa o aspecto dual da própria humanidade e os dilemas do novo homem inserido em tempos instáveis.

Além de tons neutros, como o branco e o madrepérola, a cartela de cor dá ênfase nos tons de azul, por ser a cor que melhor sintetiza os anseios artísticos da Renascença. Ultramarino, turquesa e cobalto foram as variações escolhidas. Já o principal grafismo utilizado na coleção foi extraído de um dos elementos geométricos da gravura de labirinto assinada por Leonardo da Vinci, datada do período entre 1490 e 1500, em Florença. Ele aparece por meio de desgastes a laser sobre o denim, bordados e passamanarias exclusivas.

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