Eleito vereador em SP, Thammy diz ser privilegiado por superar expectativa de vida trans

Com 43.321 votos, ele teve a nona maior votação para o legislativo da capital paulista em 2020

Escrito por Folhapress ,
Legenda: Thammy Miranda tem participado ativamente da campanha de Bruno Covas (PSDB)
Foto: Reprodução / Instagram

Thammy Miranda se prepara para, no começo de 2021, ser o primeiro homem trans a ocupar uma vaga na Câmara Municipal de São Paulo. Eleito pelo PL (Partido Liberal), com 43.321 votos, ele teve a nona maior votação para o legislativo da capital paulista neste ano.

"Hoje a gente sabe que a realidade de uma pessoa trans é muito difícil, a expectativa de vida é de 35 anos, sou privilegiado por ter passado disso", diz em entrevista por email à reportagem. "Mas o que mais impacta em ser o 9º mais votado é a responsabilidade de representar todas as pessoas que confiaram em mim."

Ele afirma que está aberto ao diálogo com a colega Erika Hilton (PSOL), primeira mulher trans eleita para a casa, com a sexta maior votação (50.508 votos). "Acredito que o diálogo faz parte da política, é a partir daí que grandes coisas acontecem."

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Filho da cantora Gretchen, ele ficou conhecido do grande público muito cedo. Antes da transição de gênero, dançou com a mãe, posou para revistas masculinas e atuou na novela "Salve Jorge" (Globo), na qual interpretou a escrivã e DJ Joyce, entre outras participações na TV. Ele diz ainda não ter pensado se a migração para a política é definitiva.

Miranda já havia tentado se eleger em 2016 pelo PP (Partido Progressista, hoje Progressistas), mas recebeu 12.408 votos e acabou como suplente. No ano passado, ele quase assumiu a vaga depois que o mandato de Camilo Cristófaro (PSB) foi cassado por denúncias de fraude eleitoral. O vereador, no entanto, obteve liminar favorável no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e se manteve no cargo.

Logo depois, ele ganhou um cargo de assessor especial no gabinete do vereador Isac Félix (PL), então segundo secretário da Mesa Diretora da Câmara Municipal de São Paulo. Em maio deste ano, ele anunciou ter pedido exoneração por causa da pandemia de coronavírus. "Não achei justo estar ganhando o dinheiro do povo sem estar lá trabalhando", declarou na época.

Embora não tenha declarado voto a um dos candidatos que disputam à Prefeitura de São Paulo neste segundo turno, o vereador eleito tem participado ativamente da campanha de Bruno Covas (PSDB), que disputa a vaga com Guilherme Boulos (PSOL).

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