“Descobriram o Silvero profissional”, diz Silvero Pereira sobre repercussão de 'A Força do Querer'

Na trama, que será reprisada a partir desta segunda-feira (21) na TV Globo, o ator cearense interpretou os personagens Nonato e Elis Miranda

Escrito por Lívia Carvalho , livia.carvalho@svm.com.br
Legenda: Silvero como a personagem travesti Elis Miranda
Foto: Globo / Raquel Cunha

Viver Nonato e Elis Miranda em “A Força do Querer” foi um marco na carreira de Silvero Pereira por ser o primeiro trabalho do ator na televisão. Para o cearense,  com a novela, “as pessoas começaram a descobrir quem era o Silvero profissional, porque a televisão me deu essa visibilidade. Começaram a se interessar por quem era Silvero”. A trama de Gloria Perez retorna às telinhas a partir desta segunda-feira (21), no horário das 21h, na TV Globo.  

Em entrevista coletiva ao lado dos colegas de elenco Paolla Oliveira, Carol Duarte, Maria Fernanda Cândido, Emilio Dantas e Dan Stulbach, o cearense relembrou as dificuldades e as vivências de se aventurar pela primeira vez no formato televisivo na trama originalmente exibida em 2017.  

“Uma das coisas mais difíceis da TV é essa relação com atores que eu admiro e acompanho, eu travava muitas vezes. Tecnicamente, a coisa mais difícil era levantar. Você não pode tomar uma decisão e levantar, tem que ser devagar. Tive uma relação muito feliz com a equipe, porque eles me ensinaram tudo isso. Fui muito acolhido por todas as pessoas da novela”, conta.  

De acordo com Silvero, a trama mudou a perspectiva dele sobre a construção da imagem de personagem. “Da metade pro fim da novela, a Elis mudou totalmente de figurino, porque eu não queria que ela usasse apenas lantejoula, animal print e roupa de flor. Queria que ela tivesse aspectos femininos fora do espalhafatoso e esse também é o papel do ator, o que jogam em cima da gente de maquiagem e adereços, fazem parte da construção da imagem diante do público”. 

Repercussão 

Para Silvero, não foram apenas a experiência e a visibilidade para a carreira dele  que a novela trouxe. Ao apresentar em cena o motorista Nonato, que assumia a identidade da travesti Elis Miranda fora do trabalho, o ator trouxe à tona o debate da diversidade e das questões de gênero, tema que já atravessa outros projetos do ator em palcos do teatro. “A novela tem uma pauta muito séria. Além das questões de gênero, trata também da xenofobia que é muito presente e é uma discussão que tem aflorado”.  

Embora estivesse no ar em rede nacional, foi apenas em uma visita a Mombaça, a cidade natal, que Silvero se deu conta da repercussão que seu trabalho tomou. “Nunca tinha visto tanta gente aglomerada na frente da minha casa, tinha cerca de 400 pessoas em fila. Meu pai, uma pessoa que nunca olhou pro meu trabalho artístico, entrou no meu quarto e disse: ‘você tem que falar com essas pessoas, elas estão aqui pra te ver’. Foi quando percebi a responsabilidade que tinha”, revela. 

Foi ali então que Silvero sentiu que seu trabalho ganhou outra perspectiva:  tornou-se referência para o Ceará como um artista que alcançou um lugar muito desejado. “Eu sou esse ator que representa muito, mas eu continuo morando em Fortaleza para as pessoas verem que é possível trabalhar da sua cidade. O seu talento e a sua inteligência não dependem de onde você está, mas de como você se comporta diante do seu ofício”, pontua. 

Relevância  

A atriz Carol Duarte, que deu vida ao personagem trans Ivan, acrescenta que “A Força do Querer” ganha ainda mais relevância ao ser exibida neste momento. “Muita coisa mudou, mas é interessante trazer uma discussão que ainda é importante. Rever essa novela é importante pra ver o quanto já andamos e o quanto ainda temos pra caminhar”.  

Legenda: Maria Fernanda Cândido e Carol Duarte interpretaram mãe e filha na trama
Foto: Globo / Estevam Avellar

Como Eugênio, o pai de Ivan, Dan Stulbach, revela que o personagem foi um grande aprendizado. “Foi a novela em que mais fui abordado na rua pra falar sobre a importância dos temas, pra agradecer nosso trabalho. E eu acredito que, de alguma maneira, isso deixa nosso trabalho muito maior, muito mais importante”, salienta. 

Completando o núcleo familiar, Maria Fernanda Cândido diz estar curiosa para saber qual vai ser a reação do público com relação a Joyce, esposa de Eugênio e a mãe conservadora de Ivan. “Em 2017, eu achei que ela seria muito criticada e não foi muito bem isso que eu observei. Foi muito difícil fazer esse papel, porque ela tem características muito egoístas, ela é muito preconceituosa, então estou curiosa pra saber como vai ser essa repercussão agora”, afirma.  

Já para Paolla Oliveira, sua personagem vem para representar milhares de mulheres. A atriz deu vida a Jeiza, policial e lutadora de MMA. “Quando fui estudar, ela parecia algo tão distante, mas depois percebi que essa mulher tava aqui o tempo inteiro. É uma mulher livre pra escolher as coisas que ela quiser, representa a mulher brasileira, a mulher que queremos ter na vida, como uma amiga, como companheira. Ela fala muito sobre a nossa liberdade de escolha”.  

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