Veja o que se sabe sobre advogados suspeitos de mandar matar clientes milionários em SP
Dupla foi presa mais de dois meses após corpos do casal serem encontrados

Dois advogados foram presos, esta semana, suspeitos de mandar matar um casal de clientes milionários em São Pedro, Interior de São Paulo. Além deles, dois indivíduos, apontados como executores do crime, foram capturados pela Polícia Civil.
Os assassinatos aconteceram em 4 abril deste ano. No entanto, os corpos das vítimas, identificadas como José Eduardo Ometto Pavan, de 69 anos, e Rosana Ferrari, de 60, somente foram encontrados dois dias depois, em um carro, com as mãos amarradas e marcas de tiros.
A seguir, confira o que se sabe sobre o duplo homicídio, conforme informações do portal g1.
Quem são os suspeitos presos?
- Advogado Hércules Praça Barroso (suposto mandante);
- Advogada Fernanda Morales Teixeira Barroso (suposta mandante);
- Motorista Carlos César Lopes de Oliveira (suposto executor);
- Ednaldo José Vieira (suposto executor).
Os quatro foram presos temporariamente na última terça-feira (17), pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Em audiência de custódia na quarta (18), a Justiça manteve a detenção do grupo.
A Polícia investiga ainda a participação de outras duas pessoas, que também teriam atuado no homicídio do casal.
Os investigados vão responder por homicídio qualificado, associação criminosa, estelionato, falsidade ideológica, uso de documento falso e ocultação de cadáver.
Motivação dos assassinatos
A Polícia Civil detalhou ao g1 que o interesse dos advogados no patrimônio milionário das vítimas teria sido a motivação do crime.
Segundo as investigações, Hércules Praça Barroso e Fernanda Morales Teixeira Barroso se apropriaram de cerca de R$ 12 milhões em imóveis do casal, sob a justificativa de "proteção patrimonial". Então, depois, teriam contratado criminosos para matar os clientes.
A posse dos bens foi transferida aos profissionais via uma holding — estrutura jurídica utilizada para gerenciar bens e separar bens pessoais dos empresariais. A manobra teria sido realizada sob o argumento de "blindar" os bens dos empresários de dívidas ou de disputas.
Imaginamos que eles arquitetaram o crime para se apossar de forma definitiva dos bens das vítimas, porque eles [vítimas] não tinham descendentes. Era um casal sem filhos. Os pais também já são falecidos, e os bens deles estão no nome dos advogados. Eles morrendo, quem questionaria isso?"
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Relação entre advogados e vítimas
A relação entre o casal José Eduardo Ometto Pavan e Rosana Ferrari e os advogados começou em 2013, quando eles compraram 16 flats em São Carlos (SP), venderam, mas não entregaram os imóveis. Então, os advogados passaram a defendê-los na ação.
Conforme o g1, inicialmente, as vítimas transferiram os R$ 12 milhões do patrimônio para os representantes visando evitar o acesso dos credores dos flats ao valor.
Os juristas ainda teriam falsificaram documentos para enganar os empresários e se apropriar de valores por custos processuais inexistentes, somando R$ 2,8 milhões.
O crime
Moradores de Araraquara, os dois empresários iam para a chácara em São Pedro para lazer.
Eles foram encontrados mortos em 6 de abril, quando vizinhos acionaram as autoridades ao ver um dos corpos no carro do casal, após estranharem a falta de movimentação no imóvel.
Ao verificar o veículo, agentes da Polícia Militar acharam José Eduardo Ometto Pavan sem vida. Na caçamba da caminhonete, Rosana Ferrari também foi encontrada morta. Segundo os investigadores, eles foram assassinados dois dias antes.
O casal foi sepultado em 8 de abril. Segundo o irmão de uma das vítimas, a advogada suspeita de ser mandante do crime chegou a ir ao velório dos clientes.
O que diz a defesa dos suspeitos?
A defesa dos advogados disse ao g1 que solicitará um habeas corpus.
Já o representante dos dois homens apontados como executores dos homicídios detalhou que assumiu o caso na quarta-feira (18) e que, antes de definir as estratégias defensivas, precisa acessar o processo.
Falta esclarecer
- Quem são os outros dois suspeitos de terem participado da execução do casal de milionários;
- O destino do patrimônio das vítimas;
- Qual ou quais foram as armas usadas no crime;
- Se as guias e as decisões judiciais falsas foram forjadas pelos próprios advogados ou com ajuda de terceiros.