Vazamento de informações prejudicou investigações contra influenciador Hytalo Santos, diz MPPB
Segundo o órgão, essas ações também expuseram as vítimas a potenciais novos riscos
Antes da prisão do influenciador paraibano Hytalo Santos e de seu marido, Israel Natan Vicente, nesta sexta-feira (15), em Carapicuíba (SP), o Ministério Público da Paraíba (MPPB) apontou que vazamentos de informações sigilosas e a execução de medidas civis prejudicaram a eficiência das investigações. As informações são do portal O Globo.
Segundo o órgão, essas ações também expuseram as vítimas a potenciais novos riscos. As apurações têm como foco crimes de tráfico humano e exploração sexual infantil.
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Em nota, o MPPB afirmou que as investigações vêm sendo conduzidas com “rigor técnico e absoluto respeito aos direitos e à dignidade das vítimas, especialmente crianças e adolescentes”.
Hytalo é investigado em duas ações no MPPB – em João Pessoa e Bayeux – e em um inquérito do Ministério Público do Trabalho (MPT). Ele foi citado no vídeo do youtuber Felipe Bressanim, o Felca, que denunciou casos de “adultização” de menores e alcançou milhões de visualizações no YouTube.
As prisões de Hytalo e de Israel são resultados de mandados foram expedidos pelo juiz Antônio Rudimacy Firmino de Sousa, da 2ª Vara da Comarca de Bayeux. O magistrado considerou que os acusados destruíram provas e obstruíram as investigações.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SPP-SP), policiais da 3ª Delegacia de Investigações sobre Estelionato e Crimes contra a Fé Pública, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), realizaram as capturas.
Além do cumprimento do mandado de prisão temporária, foram realizadas buscas no endereço onde o influenciador foi localizado.
Vídeo mostra prisão de Hytalo Santos
Operação em João Pessoa
Na quarta-feira (13), a Justiça da Paraíba autorizou buscas na residência de Hytalo, em João Pessoa.
A decisão liminar, assinada pelo juiz Adhailton Lacet Correia Porto, da 1ª Vara da Infância e Juventude, permitiu a apreensão de celulares, computadores e outros equipamentos usados nas gravações.
As diligências ocorreram no mesmo dia, mas o influenciador não estava no local. A casa estava vazia, e uma máquina de lavar foi encontrada ligada.
Segundo o juiz, funcionários do condomínio informaram que Hytalo havia saído pouco antes, levando “bastantes equipamentos” em um carro.
O magistrado alertou que um mandado de prisão poderia ser expedido caso a conduta fosse confirmada como tentativa de obstrução da Justiça.
Manifestação do influenciador
Em nota enviada à CNN, Hytalo negou ter dificultado as investigações. “Esclareço que jamais me ocultei ou obstruí investigações. Estou em viagem a São Paulo há mais de um mês e permaneço, desde o início, à disposição das autoridades para todo e qualquer esclarecimento”, afirmou.
Ele também negou envolvimento em exploração sexual de menores e disse que todo o conteúdo gravado com adolescentes foi feito com autorização e acompanhamento dos responsáveis.
“Repudio categoricamente qualquer acusação de exploração de menores. Minha trajetória pessoal e profissional sempre foi guiada pelo compromisso inabalável com a proteção de crianças e adolescentes”, declarou.
“Reafirmo minha integridade e indignação diante de falsas acusações. Não aceitarei que minha imagem e meu trabalho sejam manchados por narrativas infundadas”, completou.
Medidas judiciais contra o influenciador
Suspensão de redes sociais e desmonetização
No dia 12, a Justiça da Paraíba determinou o bloqueio do acesso de Hytalo às próprias redes sociais e a desmonetização de todos os vídeos do influenciador. Assim, ele fica impossibilitado de gerar receita a partir de visualizações e anúncios.
Proibição de contato com as vítimas
Na mesma decisão, o influenciador foi proibido de manter qualquer contato com os adolescentes mencionados nos processos. A medida é de caráter provisório e visa evitar interferência nas investigações.
Busca e apreensão
A primeira operação foi deflagrada na quarta-feira (13), com cumprimento de mandados em condomínio de luxo no bairro Portal do Sol, em João Pessoa. Contudo, não houve apreensão de bens, pois a residência estava fechada.
No dia seguinte, a Justiça da Paraíba autorizou que policiais arrombassem o imóvel em caso de resistência, liberando a apreensão de um computador e de aparelhos celulares no local.
Cerco contra empresa
Em conjunto, o MPPB, o MPT e a Polícia Civil pediram que a Loteria do Estado da Paraíba suspenda a atuação de empresa de rifas ligada ao influenciador, por uso irregular de imagens de menores.