Justiça quebra sigilo telefônico e determina que BYD revele rota de suspeito de matar gari em BH
Empresário Renê da Silva Nogueira Júnior é suspeito de atirar contra vítima, enquanto ela trabalhava na coleta de lixo
A Justiça de Minas Gerais autorizou, nessa quinta-feira (14), a quebra de sigilo dos dados telefônicos e telemáticos de Renê da Silva Nogueira Júnior, empresário preso suspeito de matar o gari Laudemir de Souza Fernandes enquanto ele trabalhava na coleta de lixo em uma rua de Belo Horizonte.
A decisão atende a um pedido da Polícia Civil, que, segundo fontes relataram ao portal g1, fora motivado pela recusa do suspeito em fornecer a senha do seu celular, que está apreendido.
Com a quebra dos dados, os investigadores poderão acessar registros de chamadas, conversas por aplicativos, localização e arquivos armazenados na nuvem que ajudem a esclarecer o caso.
As operadoras e as empresas de tecnologia intimadas têm até 15 dias para enviar as informações diretamente à Polícia.
Justiça determina que BYD forneça rota do empresário
O Judiciário também determinou que a montadora Build Your Dreams (BYD) forneça detalhes do trajeto percorrido pelo veículo do investigado na segunda-feira (11), data do homicídio, conforme o jornal O Tempo.
Na decisão, a juíza Ana Carolina Rauen Lopes de Souza, da 1ª Vara Criminal da Comarca da Capital, determina que a empresa chinesa detalhe rotas percorridas, comandos de voz, velocidade, registros de ligações e demais dados telemáticos do sistema de rastreamento do carro do suspeito registrados das 7h às 16h do dia do crime.
Armas da esposa do suspeito serão periciadas
Segundo as investigações, Renê teria usado a arma da esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino, para efetuar o tiro contra o gari. Em decisão recente, a Justiça também autorizou a realização de perícia nas armas registradas no nome da titular.
O suspeito nega a autoria do crime e afirma que os armamentos encontrados na sua residência pertencem à companheira. Ele não possui autorização para posse ou porte de armas. O inquérito segue em andamento.
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O que aconteceu?
Na segunda-feira, o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, foi baleado enquanto trabalhava, na manhã de segunda-feira, logo após o suspeito ameaçar a motorista do caminhão de lixo, identificada como Eledias Aparecida Rodrigues, ao exigir que ela retirasse o veículo da via para que ele passasse com o carro.
Segundo relato da testemunha, Renê demonstrou pressa e chegou a afirmar que "daria um tiro" no rosto da mulher. Após a ameaça, ele teria descido do carro e mirado nos garis que tentavam pedir calma diante da situação.
Eledias explicou ter visto todo o crime por meio do retrovisor do caminhão. "Ele vai atirar, ele está armado", contou ela sobre o que teria dito antes do disparo que atingiu Laudemir.
"Ele se irritou porque o trânsito ficou agarrado e não poderia passar no momento que ele queria, porque o carro dele é um carro grande. Os carros populares menores passaram e ele teve que esperar", disse a motorista.
Em entrevista ao jornal O Tempo, ela relatou que não houve nenhuma briga de trânsito, o que destacaria ainda mais a gravidade do caso e a "violência gratuita" com os profissionais que estavam no local.
Laudemir foi socorrido por uma equipe da Polícia Militar, que o encaminhou ao hospital. Apesar disso, a vítima não resistiu aos ferimentos.
Quem é Renê Junior?
Em seu perfil do Instagram, com cerca de 28 mil seguidores, Renê Júnior se apresenta como "Christian, husband, father & patriot", que em tradução para português significa: cristão, marido, pai e patriota. Em outro profissional, ele se intitula como CEO da empresa Fictor Alimentos.
Em nota, a Fictor Alimentos LTDA afirmou que Renê era prestador de serviços da empresa há cerca de duas semanas e foi desligado. Já a Fictor Alimentos S/A negou qualquer vínculo empregatício com ele.
Renê é marido de Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, delegada da Polícia Civil, e atualmente lotada na Casa da Mulher Mineira. A delegada foi levada pela Corregedoria e se tornou alvo de investigação, após Renê informar em depoimento que a arma do crime pertence a ela. Ela não estava no veículo no momento da discussão com o gari.
Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais confirmou o procedimento disciplinar e inquérito para apurar a conduta da delegada e afirmou que outras informações serão divulgadas posteriormente.