Piora estado de saúde dos bebês que receberam vacina da Covid-19 por engano

Enquanto Liz, de dois meses, passou por três convulsões, Miguel, de quatro meses, esteve sob suspeita de infecção bacteriana

Escrito por Redação ,
Frascos de vacina contra a Covid-19 da Pfizer sobre um fundo azul claro
Legenda: Os bebês receberam doses de 30 microgramas, quantidade três vezes maior que o recomendado pelo laboratório para crianças de 5 a 11 anos
Foto: AFP

O estado de saúde de dois bebês que receberam uma dose da vacina da Pfizer contra a Covid-19 por engano, na semana passada, em Sorocaba, São Paulo, piorou. O imunizante é recomendado apenas para maiores 12 anos. As informações são do Uol

Enquanto Liz, de dois meses, passou por três convulsões, Miguel, de quatro meses, esteve sob suspeita de infecção bacteriana, relataram as mães ao portal. 

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A Prefeitura de Sorocaba informou que as doses aplicadas nos bebês foram de 30 microgramas, quantidade três vezes maior que o recomendado pelo laboratório para crianças de 5 a 11 anos — o fármaco para esta faixa etária ainda não foi aprovado no Brasil.

Apesar de já haver um estudo que pesquisa o uso da vacina da Pfizer em bebês, ela ainda não é recomendada para essa faixa etária.  

As mães levaram os filhos, em 1º de dezembro, a uma Unidade Básica de Saúde (UBS), em Nova Sorocaba, para receberem a vacina pentavalente — que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e a bactéria haemophilus influenza tipo b —, recomendada aos 2, 4 e 6 meses. 

No entanto, uma funcionária do posto de saúde confundiu os frascos dos fármacos e aplicou uma dose de vacina contra a Covid-19 nas crianças. Após o incidente, a profissional de saúde foi afastada da "sala de procedimentos injetáveis até a apuração e verificação das medidas que serão tomadas", informou a prefeitura. 

"Estão bem e estáveis", disse o Município sobre o estado de saúde dos bebês. "Eles seguem sob observação e monitoramento em leito de Enfermaria."

Bebês estão internados

Após indignificarem o engano, Liz e Miguel forma internados, na última quinta-feira (2), no Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil (Gpaci). A alta dos dois estava prevista para acontecer na quarta-feira (8), o que não ocorreu devido à piora no quadro de saúde

Segundo a mãe de Liz, a microempresária Ana Cláudia Mugnos Riello, a filha teve três convulsões, algo que nunca havia acontecido. 

"Logo no primeiro dia de internação, a Liz ficou roxinha e os olhos começaram a tremer", contou Ana ao Uol. "A médica disse que eu é que estava emocionada, nervosa."

"Daí eu sai com ela pelo corredor, veio uma técnica de enfermagem e me disse: 'Ai que estranho nunca vi isso', como se eu estivesse mentindo"
Ana Cláudia Mugnos Riello
Microempresária mãe de Liz

"Insisti com a pediatra, que pediu uma avaliação neurológica. A neurologista fez os exames e confirmou que era uma convulsão. Ela falou que vão investigar para saber se tem relação com a vacina", relatou. 

Após a constatação, a bebê passou a receber uma medicação para convulsão e "está bem", segundo Ana.

A médica solicitou uma ressonância magnética, um hemograma e um eletroencefalograma, "mas não agendaram a ressonância porque não tem hospital e precisa aguardar vaga no SUS [Sistema Único de Saúde]. Até quando vou esperar?", disse a microempresária. 

Já a mãe de Miguel, a dona de casa Kethillyn Fernanda Monteiro da Silva, também achou que o filho tivesse passando uma convulsão ao acordar e encontrá-lo tremendo. No entanto, a pediatra descartou a possibilidade.

"Ela me disse que podia ser uma bactéria e que o corpo do Miguel estava reagindo contra ela, o que em breve causaria uma febre muito alta." 

Ainda segundo Kethillyn, a profissional disse que será investigado se o quadro de saúde do bebê tem relação com a vacina.  "Agora ele está tomando soro, dipirona para a febre e antibiótico."

"Tomei um choque porque eu estava esperando sair hoje do hospital. Ele vai ficar internado pelo menos mais sete dias", relatou.

No entanto, os exames indicaram que Miguel não está com bactéria

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