Marcola é transferido para Brasília após descoberta de possível plano de fuga

Ministro da Justiça anunciou que operação ocorreu na quarta-feira (25)

Escrito por Diário do Nordeste/Agência Brasil ,
Marcola
Legenda: Condenado a 342 anos de prisão, Marcola é citado como o grande líder do PCC
Foto: Sergio LIMA / AFP

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, informou que o detento Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, foi transferido nesta quarta-feira (25) da penitenciária federal de Porto Velho (RO) para a penitenciária federal de Brasília. Marcola é apontado como um dos principais líderes da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). 

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A operação de transferência foi coordenada pela Secretaria de Políticas Penais do Ministério da Justiça e realizada durante a tarde, sob forte esquema de segurança. O motivo da mudança de prisão, segundo revelou o próprio ministro, seria a existência de um suposto plano de fuga de Marcola da unidade.

"A transferência foi feita de um presídio federal para outro, exatamente visando prevenir um suposto plano de fuga ou resgate desse preso. Portanto, essa operação se fez necessária para garantir a segurança da sociedade", afirmou Dino em uma entrevista a veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Segundo ele, o preso já está na capital federal.

Transferência para Rondônia em 2022

Marcola foi transferido para Rondônia em março do ano passado. Ele havia saído exatamente da penitenciária federal em Brasília.

Na época, a remoção foi um pedido do governador do DF, Ibaneis Rocha, atualmente afastado do cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, na capital federal. 

O líder do PCC já havia passado pela penitenciária federal de Porto Velho em 2019. Marcola acumula condenações que somam mais de 300 anos

Quem é Marcola?

Órfão aos 9 anos, Marcos "batia" carteiras e roubava toca-fitas de carro na região do Glicério, Zona Central de São Paulo. O apelido viria, então, do tempo em que cheirava cola na Praça da Sé.

Aos 18 anos, ele foi preso por roubo a banco, fez passagem no Carandiru e, em seguida, foi ao anexo da Casa de Custódia de Taubaté, o Piranhão. Na época, o PCC estava sendo criado e por lá ele se uniu a Sombra. 

Legenda: Marcola cumpre pena em presídio de segurança máxima de Brasília
Foto: Reprodução

Crimes

Inicialmente, ele foi condenado a 232 anos e 11 meses de prisão por formação de quadrilha, roubo, tráfico de drogas e homicídio, mas nunca assumiu, de fato, a posição de chefe do PCC. Em depoimentos, chegou a dizer que o envolvimento dele com o grupo era ideológico e não estava relacionado a nenhum crime. 

A condenação mais recente do criminoso foi após acusação do Ministério Público de São Paulo (MPSP) de ter dado ordem para matar o promotor de Justiça Lincoln Gakiya e o chefe da Croeste (Coordenadoria dos Presídios da Região Oeste do Estado), Roberto Medina, em dezembro de 2018.

Por conta disso, ele foi transferido da Penitenciária Federal de Brasília para a Penitenciária Federal de Porto Velho.

Até hoje, a defesa de Marcola diz que ele nunca integrou o PCC, não liderou nenhuma célula de organização criminosa e não deu ordem para matar autoridades, policiais ou agentes públicos.

Plano de fuga

A Polícia Federal (PF) e o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) descobriram pelo menos três planos para resgatar Marcola da prisão. Envolvidos com a facção criminosa paulista falavam sobre sequestro, invasão e até rebelião para tirar o preso da cadeia. 

O esquema começou a ser desmontado quando a advogada Kássia Regina Brianez Trulha de Assis deixou a penitenciária estadual de Campo Grande (MS) e escreveu sobre os planos no celular. Ela havia encontrado Esdras Augusto do Nascimento Júnior, uma das lideranças da organização criminosa.

Os códigos eram STJ e STF, mencionados em conversas interceptadas desde 2020. A intenção de codinome STF consistia em uma invasão a penitenciária de Porto Velho, onde Marcola está preso.

Mulher do Marcola

Alvo da deferência de assaltantes que devolveram seu telefone celular e o dinheiro desviado de sua conta via Pix após ser roubada, Cynthia Giglioli Herbas Camacho se casou com o chefe da facção criminosa paulista, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, em 2007, após sete anos de namoro. A cerimônia foi realizada dentro da Penitenciária de Segurança Máxima de Presidente Bernardes, no interior de São Paulo.

Antes de se casar com Cynthia, Marcola havia ficado viúvo em 2003, quando Ana Maria Olivatto Camacho foi executada na disputa pelo comando da facção.

Cynthia relatou ao marido, em conversa de novembro do ano passado, revelada neste domingo (14), pelo programa Fantástico, da TV Globo, ela foi assaltada dentro de seu carro.

"O trânsito parou, tomei um susto tão grande. Demorei uns segundos para voltar ao normal", afirmou Cynthia no Parlatório da cadeia. "Aí devolveram porque viram meu nome. Mandaram entregar lá no salão." Marcola, então, riu da situação. Segundo ela, o caso aconteceu "na Marginal, via expressa".

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