Lula e Camilo convidam reitores para tratar do corte de verbas para universidades em reunião dia 27

Restrições no orçamento preocupam instituições federais de ensino, que temem comprometimento das atividades

Escrito por
Marcos Moreira marcos.moreira@svm.com.br
(Atualizado às 14:34)
Camilo e Lula tentam contornar corte no orçamento que atingiu diretamente às universidades federais
Legenda: Camilo e Lula tentam contornar corte no orçamento que atingiu diretamente às universidades federais
Foto: Reprodução

O corte de verbas para as universidades e institutos federais será a pauta de uma reunião do Ministério da Educação (MEC), em Brasília, com a participação de reitores de todo o Brasil, do presidente Lula (PT) e do ministro Camilo Santana (PT), segundo apuração do Diário do Nordeste. Marcado para terça-feira (27), o encontro deve debater medidas para as restrições no orçamento da área, o que vem gerando preocupação entre os gestores pelos possíveis prejuízos no funcionamento das atividades e pagamentos de contratos.

A Universidade Federal do Ceará (UFC), o Instituto Federal do Ceará (IFCE) e a Universidade Federal do Cariri (UFCA) já confirmaram à reportagem que receberam o convite para uma reunião com o presidente e ministro, dia 27, e estarão presentes no encontro. 

O Governo Federal ainda tenta superar os impactos negativos de um corte aplicado pelo Congresso Nacional ao orçamento do MEC. A Lei Orçamentária Anual (LOA) 2025 foi sancionada em abril, com R$2,7 bilhões a menos para a Pasta. No mesmo mês, ao ser questionado pelo Diário do Nordeste, Camilo culpou os deputados federais pela supressão dos recursos e disse que estudava alternativas para impedir problemas operacionais.

Entre as medidas de contenção, o Executivo publicou o decreto nº 12.448/2025, que dispõe sobre a programação orçamentária e estabelece um cronograma de execução. A medida é alvo de críticas das entidades de ensino superior, que denunciam a decisão do Governo de estabelecer, até novembro de 2025, um limite mensal de gastos e liberar apenas no final do ano um terço dos recursos previstos.

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A resolução deve ser um dos temas centrais da reunião de terça. Os gestores esperam a retirada das instituições federais de ensino dessa limitação mensal, a recomposição dos cortes no Congresso e a suplementação orçamentária. A expectativa é da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), entidade que congrega todas as 69 universidades federais brasileiras.

O Diário do Nordeste acionou o MEC acerca do encontro e das medidas para contornar os cortes orçamentários, mas ainda não recebeu resposta. A matéria será atualizada em caso de retorno. 

Universidades federais temem comprometimento das atividades por conta do corte de verbas
Legenda: Universidades federais temem comprometimento das atividades por conta do corte de verbas
Foto: Thiago Gadelha

‘AMEAÇA À SOBREVIVÊNCIA DAS UNIVERSIDADES’

Em 14 de maio, a Andifes divulgou uma nota, na qual manifestou preocupação com a situação atual do orçamento das universidades federais. Para a entidade, o orçamento inicial previsto para 2025 já era avaliado como insuficiente, mas foi ainda mais impactado pelo corte aplicado pelo Congresso e pelo recente decreto do governo.

A Andifes alega, ainda, que a limitação mensal inviabiliza a continuidade das atividades, cobrando a “liberação urgente” dos recursos. “A recomposição dos cortes aprovados pelo Congresso na LOA 2025 e uma suplementação no orçamento deste ano são medidas igualmente urgentes e essenciais para assegurar o funcionamento das universidades federais”, defendeu.

Em paralelo, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) divulgaram uma nota pública conjunta, em 19 maio, na qual também manifestam “profunda preocupação” com a decisão do Governo Federal. O documento é assinado por mais de 60 entidades científicas e acadêmicas.

Na avaliação delas, a medida compromete o funcionamento das instituições, impacta a produção científica nacional e ameaça diretamente a formação de profissionais.. “Essa política não atinge apenas a ciência – destrói um dos principais mecanismos de ascensão social no Brasil”, diz um trecho da nota. 

Os cortes também motivaram reações de instituições cearenses. Em posicionamento divulgado no último dia 15, a Universidade Federal do Cariri (UFCA) classificou que há o risco de atraso de pagamentos de contratos para diferentes serviços, como limpeza, Refeitório Universitário (RU) e apoio administrativo.

“Considerada a atual política de divisão de recursos para as universidades e institutos federais, sem crescimento, a UFCA se expõe ao risco de ver seus recursos, já insuficientes, caírem ainda mais”, alegou.

Situação orçamentária da Unilab é “extremamente crítica”, conforme anunciou a própria instituição
Legenda: Situação orçamentária da Unilab é “extremamente crítica”, conforme anunciou a própria instituição
Foto: Divulgação

Por sua vez, a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) informou que a própria situação orçamentária é “extremamente crítica”, enfatizando que a “aprovação tardia” do orçamento de 2025 trouxe uma redução significativa de recursos. “É preciso considerar ainda os compromissos que ficaram do exercício anterior, a atualização dos valores dos contratos essenciais e o aumento constante dos custos com o Restaurante Universitário (RU)”, pontuou. 

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