Sem ajuda humanitária, 14 mil bebês podem morrer em Gaza nas próximas 48 horas, diz ONU

O cenário ocorre após meses de um bloqueio total imposto por Israel ao envio de ajuda humanitária ao território

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(Atualizado às 16:49)
Crianças desacompanhadas em escombros da Faixa de Gaza para matéria sobre a possibilidade de 14 mil bebês morrerem nas próximas 48 horas, diz ONU
Legenda: Israel autorizou a entrada de caminhões com carregamentos no território
Foto: OMAR AL-QATTAA/AFP

Cerca de 14 mil bebês podem morrer nas próximas 48 horas, na Faixa de Gaza, se carregamentos de ajuda humanitária não chegarem rapidamente à população. O alerta é do subsecretário-geral para Assistência Humanitária da Organização das Nações Unidas (ONU), Tom Fletcher, e foi dado nesta terça-feira (20).

"Deixe-me descrever o que tem nesses caminhões: comida para bebês. Nutrição para bebês. Existem 14 mil bebês que vão morrer nas próximas 48 horas se não conseguirmos alcançá-los. Isso não é comida que o Hamas vá roubar", comentou a autoridade em entrevista à Rádio 4 da BBC.

O cenário ocorre após meses de um bloqueio total imposto por Israel ao envio de ajuda humanitária ao território. Desde então, organizações internacionais com trabalho na região chamam atenção para o risco de faltar comida, água, remédio e combustível.

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Bloqueio de ajuda humanitária

O governo israelense rompeu nessa segunda-feira (19) o bloqueio total da ajuda humanitária, possibilitando que ao menos nove caminhões entrassem com carregamento de alimentos. No entanto, a ONU informou, nesta terça, que, "por questões logísticas", apenas cinco veículos entraram no local.

Uma nova autorização teria sido concedida por Israel para que 100 caminhões descarreguem suprimentos. "Esperamos, com essa aprovação, que muitos deles, espero que todos eles, cheguem hoje a um ponto onde possam ser recolhidos e levados para o interior da Faixa de Gaza para distribuição", afirmou à imprensa o porta-voz Jens Laerke.

Segundo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Israel tomará o "controle" de Gaza e evitará a fome no território palestino para prosseguir com a guerra. "Não devemos deixar que a população caia na fome, nem por razões práticas, nem por razões diplomáticas", declarou em vídeo.

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'Como o apocalipse'

A Defesa Civil de Gaza informou, na segunda-feira, que bombardeios israelenses mataram 91 pessoas em diferentes pontos do território nas últimas horas. "Foi como o Apocalipse", disse à AFP Mohamed Sarhan, morador de Khan Yunis, a principal cidade do sul da Faixa de Gaza. "Há disparos vindos de todos os apartamentos, rajadas de fogo, caças F-16 e helicópteros atirando", continuou ele.

O porta-voz militar israelense em árabe, Avichay Adraee, havia pedido anteriormente aos moradores da cidade que a evacuassem imediatamente. "De agora em diante, Khan Yunis será considerada uma zona de combate perigosa", alertou nas redes sociais.

O movimento islamista negocia de maneira indireta com Israel para alcançar uma trégua, em conversações que acontecem no Catar, mas ainda não apresentaram resultados. As negociações conseguiram apenas uma trégua de uma semana ao final de 2023 e outra de dois meses no início deste ano.

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