Seguindo os passos dos EUA, Israel também deixa o Conselho de Direitos Humanos da ONU

Medida ocorre após Donald Trump retirar país norte-americano de várias agências da Organização das Nações Unidas

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(Atualizado às 22:32)
Primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu esteve com o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, nesta quarta-feira (5)
Legenda: Primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu esteve com o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, nesta quarta-feira (5)
Foto: Jim WATSON / AFP

O Ministério das Relações Exteriores de Israel anunciou, nesta quarta-feira (5), que o país vai boicotar o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). A decisão ocorre um dia após os Estados Unidos também informarem a saída do núcleo

A medida do governo de Israel foi divulgada pelo chanceler Gideon Saar, que comanda o Ministério, na rede social X. "Este órgão tem-se concentrado a atacar um país democrático e a propagar o antissemitismo, em vez de promover os direitos humanos", acusou. 

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Segundo o ministro, Israel foi alvo de mais de 100 resoluções condenatórias, o que corresponderia a mais de 20% de todas as resoluções adotadas pelo Conselho. Ainda de acordo com Sarr, o índice é maior do que o total de medidas contra Irã, Cuba, Coreia do Norte e Venezuela juntos.

"A discriminação contra nós é evidente: no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (UNHRC), Israel é o único país com um item de agenda dedicado exclusivamente a ele", acrescentou Gideon Saar. 

O Conselho "tem protegido tradicionalmente os responsáveis por violações dos direitos humanos, permitindo que eles evitem ser examinados e, por outro lado, tem se empenhado em demonizar de forma obsessiva a única democracia do Oriente Médio, Israel", insistiu o chanceler israelense.

RESPOSTA DA ONU

O porta-voz do Conselho, Pascal Sim, ressaltou em Genebra que Israel tinha "o status de observador" e não fazia "parte dos 47 Estados-membros". Por isso, não pode "se retirar do Conselho".

Israel participou de todos os exames periódicos aos quais os membros da ONU devem se submeter, mas já boicotava há anos os debates sobre a "situação dos direitos humanos na Palestina e em outros territórios árabes ocupados", lembrou Sim.

DECISÃO DOS EUA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou o país de várias agências da ONU e do Conselho de Direitos Humanos da ONU, órgão do qual não é membro, mas observador. Em decisão assinada na terça-feira (4), o republicano pediu, ainda, uma revisão do financiamento estadunidense para a organização.

Com isso, estão suspensos os financiamentos estadunidenses para a agência da ONU voltada aos refugiados palestinos (UNRWA). A decisão foi tomada "em vista das numerosas medidas adotadas por vários órgãos da ONU que demonstram um profundo viés antiamericano", declarou Will Scharf, assessor de Trump, ao apresentar o documento ao presidente dos EUA para sua assinatura.

A suspensão da contribuição financeira à UNRWA ocorre após Israel fazer acusações, em janeiro de 2024, de que alguns funcionários da organização participaram dos ataques do Hamas em outubro de 2023.

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