Irã fecha Estreito de Ormuz, acusa Trump de traição e afirma que americanos são alvos legítimos

Lideranças iranianas preveem encontro com Putin para discutir estratégia

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 19:15)
Ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi. Imagem usada na matéria informando que país fecha Estreito de Ormuz, acusa Trump de traição e afirma que americanos são alvos legítimos
Legenda: Abbas Araghchi disse que Trump "enganou seus eleitores"
Foto: Tatyana Makayeva / AFP

Após ataque a centrais nucleares, Teerã diz ter muitas opções para responder à ação militar americana em seu território, o que pode incluir retaliações contra alvos americanos na região, até mesmo o fechamento do Estreito de Ormuz, uma das principais vias de transporte do petróleo global.

Após o bombardeio de instalações nucleares iranianas, ordenado pelo presidente americano, Donald Trump, neste sábado (21), o Irã ainda estuda formas de retaliação, mas disse, na manhã deste domingo (22), que “qualquer americano” no Oriente Médio é um alvo legítimo.

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O país persa ainda acusou Trump de “traição” e de colocar os EUA na linha de frente da guerra contra Israel, após o lançamento de bombas nas centrais nucleares de Isfahan, Natanz e Fordow.

Estreito de Ormuz

Entre as opções de retaliação, estão o fechamento do Estreito de Ormuz, onde passa cerca de 20% da produção de petróleo no mundo, além de ataques contra alvos americanos no Oriente Médio, segundo disse o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi.

Araghchi anunciou que viajará em breve para Moscou e que irá se reunir com o presidente Vladimir Putin para discutir a crise. “A Rússia é amiga do Irã, temos uma parceria estratégica e sempre nos consultamos e coordenamos nossas posições”, disse ele.

Durante coletiva de imprensa em Teerã, o ministro iraniano disse que Trump “enganou seus próprios eleitores”, pois o americano havia declarado acabar com as guerras nas quais os EUA estavam envolvidos, e que ele “traiu o Irã” devido às conflituosas negociações em torno do seu programa nuclear.

“Meu país está sob ataque, sob agressão, e temos que responder com base em nosso direito legítimo de autodefesa”, disse Araghchi na coletiva de imprensa, na qual afirmou ainda que irá defender os interesses e a segurança dos iranianos e que “este não é um caso, no momento”, para se discutir com os EUA por meio da diplomacia.

Reunião de emergência convocada

Durante a transmissão oficial, um comentarista da TV estatal iraniana chegou a dizer que todo cidadão americano ou militar na região é agora um alvo legítimo. Pouco tempo após ter tido os centros nucleares bombardeados, o Irã realizou novos ataques com mísseis balísticos contra Israel, o que deixou ao menos 11 pessoas feridas.

O aiatolá Ali Khamenei foi levado a um lugar seguro e já nomeou sucessores em caso de assassinato.

Após o ataque, a Agência Internacional de Energia Atômica, ligada à ONU, convocou uma reunião de emergência para discutir o ataque americano ao Irã, mas declarou que não houve, até o momento, identificação de vazamento por meio da radiação nos locais bombardeados.

Segundo imagens de satélite obtidas pelo NYT, os iranianos já se preparavam para um possível ataque, pois, nos últimos dias, caminhões foram vistos deixando a usina.

Donald Trump em transmissão oficial para o povo americano. Imagem usada para informar que Irã acusa Trump de traição e afirma que americanos são alvos legítimos
Legenda: O presidente americano Donald Trump disse que a operação militar no Irã "desmantelou" o programa nuclear do país
Foto: Carlos Barria / AFP

Como foi o bombardeio

“Concluímos nosso ataque muito bem-sucedido às três instalações nucleares do Irã, incluindo Fordow, Natanz e Isfahan. Uma carga completa de bombas foi lançada sobre a principal instalação, Fordow”, escreveu Trump em sua rede social, a Truth Social, antes de fazer um pronunciamento à nação pouco depois da publicação.

Usando aviões B-2, que transportavam as chamadas bombas “bunker buster”, a operação militar foi capaz de penetrar por meio dos projéteis as instalações subterrâneas de Fordow e Natanz, o que segundo o presidente americano, desmantelou seu projeto nuclear.

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