Após 'tarifaço', governo Lula volta a cobrar EUA e pede resposta à carta de maio

Donald Trump confirmou aplicação de tarifas em 1º de agosto e voltou a defender Jair Bolsonaro durante fala na Casa Branca, nesta quarta-feira (16)

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 17:31)
Geraldo Alckmin durante coletiva
Legenda: Governo brasileiro reafirma desejo pelas negociações
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

Em carta enviada nesta quarta-feira (16) ao governo americano, o Brasil voltou a demonstrar indignação sobre o anúncio da aplicação das tarifas de 50% determinadas pelo presidente Donald Trump em 9 de julho e reforçou intenção de diálogo para evitar os efeitos da elevação das taxas nas exportações brasileiras. 

Assinado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e pelo chefe do Itamaraty, Mauro Vieira, o documento foi endereçado ao secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer.

No documento, o Governo afirma que a aplicação unilateral das tarifas por parte dos norte-americanos terá um impacto “muito negativo” em diversos setores das duas maiores economias das Américas, onde o relacionamento comercial se mostrou um alicerce na cooperação bilateral entre as duas nações. 

Em um dos pontos da carta, os ministros destacaram - citando dados dos americanos -, que o Brasil tem acumulado déficits comerciais na ordem de US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos, tanto em bens como em serviços, e solicita o retorno de quais são as áreas de preocupação por parte dos EUA para a retomada das negociações.

“O Brasil tem dialogado de boa-fé com as autoridades norte-americanas em busca de alternativas para aprimorar o comércio bilateral”, diz um trecho da mensagem. O texto cita ainda outra carta enviada em 16 de maio, que continha uma proposta confidencial de negociação que o governo Trump não respondeu até o momento.

A minuta anterior visava explorar soluções que poderiam ser acordadas mutuamente entre os dois países. Como a equipe econômica não recebeu retorno, a nova mensagem enviada afirma que o governo brasileiro “ainda aguarda a resposta dos EUA à sua proposta.”

“O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral”, encerra o texto.

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Trump confirma aplicação de tarifas

Durante uma agenda bilateral com o príncipe do Bahrein na Casa Branca nesta quarta, o presidente americano Donald Trump confirmou que aplicará as tarifas de 50% sobre produtos importados brasileiros em 1º de agosto. 

Trump fala no Salão Oval da Casa Branca
Legenda: Donald Trump disse na terça-feira (15) que ele aplicará as tarifas contra o Brasil por "ele pode" fazer isso
Foto: Andrew Caballero-Reynolds / AFP

Na fala, o líder americano voltou a defender o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no julgamento da tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2022. “O que o Brasil está fazendo com Bolsonaro é uma vergonha”, disse Trump.

O presidente também abordou as negociações que estão em andamento com outros países, destacando a expectativa de um acerto com a Índia, e que cumprirá a carta tarifária contra o Japão. 

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