Tiro que matou cigana Hyara foi disparado por criança de 9 anos durante brincadeira, diz Polícia

Inquérito policial foi concluído e divulgado

Escrito por Redação ,
Jovem Hyara Flor foi morta no último 6 de julho
Legenda: Jovem Hyara Flor foi morta no último 6 de julho
Foto: Reprodução/Instagram

O inquérito policial sobre a morte da adolescente cigana Hyara Flor Santos Alves, de 14 anos, foi concluído na quinta-feira (10) e divulgado nesta sexta (11). Conforme a Polícia Civil da Bahia, o disparo que matou a jovem foi de forma acidental, pelo irmão do marido, de 9 anos, quando brincava com a arma no quarto dela. As informações são do g1.

O crime ocorreu em julho deste ano, em Guaratinga, no sul da Bahia. A investigação, de início, apontava que o crime havia sido motivado por vingança. A versão de que o cunhado de Hyara tivesse cometido o crime era rechaçada pela família da jovem. Antes, o laudo pericial do disparo havia sido inconclusivo.

A arma do crime foi comprada pela mãe dos garotos, após o filho ter sofrido uma tentativa de sequestro em Guaratinga. A sogra de Hyara foi indiciada por homicídio culposo e porte ilegal de arma de fogo

Como ocorreu o tiro acidental

O coordenador da 23ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior /Eunápolis, Paulo Henrique de Oliveira, explicou como teria ocorrido o crime. "A Hyara falou: 'Finja que você vai me assaltar e como você faria'. O menor, no manusear da arma, que estava carregada, pressionou o gatilho, ocorrendo o disparo", disse.

Ainda conforme o coordenador, a criança informou que a arma caiu no chão e o marido de Hyara, que estava em outro cômodo, "descarregou a arma e colocou em cima da penteadeira".

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O marido da jovem e o irmão dele estavam em casas diferentes que possuem acesso em comum, pelos fundos, conforme apontou inquérito policial.

Em vídeo divulgado em 27 de julho, Júnior Silva Alves, sogro de Hyara contou o que havia ocorrido. "O fato que aconteceu foi JD (iniciais do nome da criança), que é meu filho e cunhado de Hyara, brincando com a arma e teve um disparo acidental”, disse. Câmaras de segurança do endereço do crime foram analisadas, além de documentos, mensagens de celular e de redes sociais. 

"A criança saiu do imóvel e foi para rua. O momento pode ser visto nas câmeras de segurança, quando o menino sai com a mão na cabeça e gritava: 'me matem, eu matei a Hyara'. Aí as pessoas entraram correndo na casa", contou o coordenador Paulo Henrique.

Conforme a Polícia Civil, 16 pessoas foram ouvidas. Entre elas, duas crianças, que estiveram acompanhadas de promotor de Justiça da Promotoria da Infância e da Juventude do Ministério Público da Bahia.

O disparo foi de uma distância entre 20 e 25 cm. O laudo de necropsia não indicou sinais de violência doméstica. Testemunhas relataram que o casal tinha uma vida harmônica. 

Entenda o caso

Hyara Flor foi morta a tiros em Guaratinga (BA), no dia 6 de julho. Ela estava casada com um adolescente da mesma idade há cerca de dois meses. O principal suspeito era o marido da adolescente, também de 14 anos. Ele foi apreendido em 26 de julho, em Vila Velha, no Espírito Santo. 

Paulo Henrique informou que a decisão de soltura do adolescente depende do Ministério Público, responsável pelo pedido de apreensão preventiva. 

O advogado Homero Mafra, que responde pela defesa do adolescente apreendido, espera que o jovem seja liberado em breve. 

"A conclusão que a polícia chegou, segundo as notícias, é aquela que a família sempre sustentou: que se tratava, se tratou de um disparo acidental feito pelo filho mais novo. Quanto às demais conclusões, nós vamos ter que examinar o inquérito para que se possa ter uma posição, tanto no que diz respeito ao homicídio culposo quanto ao que diz respeito ao porte de arma. Quanto a liberação ou não depende de decisão judicial. O que a gente espera é que aconteça mais breve possível. Tenho certeza de que nesse caso no que toca a autoria dos disparos a conclusão está absolutamente correta e se fez justiça", disse.

Em nota, o Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) informou que não irá divulgar informações sobre o interno. A divulgação viola o  princípio da proteção integral, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 

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