Quais os riscos de remédios emagrecedores, chás e diuréticos? Saiba como medicamentos afetam a saúde

Internautas vêm discutindo sobre o uso dessas substâncias em uma busca incessante por atingir padrões de beleza

Escrito por Raísa Azevedo , raisa.azevedo@svm.com.br
Remédios para emagrecer
Legenda: Se indicados por médicos, remédios para emagrecer aprovados pela Anvisa são seguros
Foto: Shutterstock

A utilização de remédios, chás emagrecedores e diuréticos vem sendo amplamente discutida devido ao relato de casos de efeitos colaterais de substâncias tóxicas contidas nos medicamentos sem prescrição médica, algumas vezes com consequências até fatais para quem as utiliza.

A busca por esse tipo de remédio é comum para pessoas que fazem dietas muito restritivas em busca de emagrecimento rápido. Na internet, anúncios com propagandas "milagrosas" também são vistos com frequência.

No último domingo (27), Clevinho Santos, viúvo de Paulinha Abelha, revelou em entrevista ao programa Fantástico que a cantora fazia o uso de medicamentos para emagrecer com frequência, geralmente diuréticos.

"Alguns medicamentos de emagrecer, às vezes, ela tomava remédio e treinava, mas nunca tomou nenhum tipo de anabolizante. Os medicamentos que ela sempre tomou foram esses, mais diuréticos. Quase toda semana ela estava tomando, quando tinha show que ela queria 'dar uma secada', também esses chás de emagrecer", detalhou.

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O relato de Clevinho abriu uma discussão entre internautas sobre os riscos do uso dessas substâncias em uma busca incessante por atingir padrões de beleza.

Em 2019, a cearense Janyne Luna precisou passar por um transplante de fígado, após ser diagnosticada com hepatite medicamentosa por conta do uso de um remédio de emagrecimento indicado por uma amiga. Outro caso semelhante aconteceu com a enfermeira Maria Abreu, de 42 anos, que foi internada com hepatite após tomar cápsulas de um chá emagrecedor. No entanto, ela morreu no mês passado, em São Paulo, por sofrer a rejeição de um transplante de fígado.

Balança
Legenda: Em uma busca por padrões de beleza, pessoas recorrerem a remédios emagrecedores sem prescrição médica
Foto: Shutterstock

Para esclarecer dúvidas sobre os emagrecedores, a médica endocrinologista Ana Flávia Torquato, em entrevista ao Diário do Nordeste, fez alertas sobre os riscos do uso dessas substâncias.

Como funciona o remédio para emagrecer?

Muitas pessoas têm dificuldade de perder peso e não é raro que o aconselhamento nutricional e de estilo de vida não seja suficiente. Nesses casos, a endocrinologista explica que a medicação pode ajudar e funciona como um adjuvante. A maioria dos remédios age em receptores cerebrais, reduzindo o apetite e aumentando a saciedade, ou seja, fica menos difícil seguir uma dieta hipocalórica quando se utiliza a medicação.

Há um perfil indicado?

Ana Flávia Torquato informa que o uso de medicação é indicado apenas em casos de obesidade, aumento da circunferência abdominal ou na presença de alguma complicação associada ao excesso de gordura, como diabetes, hipertensão, dislipidemia, dentre outras doenças.

Fita métrica emagrecimento
Legenda: Internautas vêm discutindo sobre os riscos que os remédios emagrecedores podem trazer à saúde
Foto: Shutterstock

Quais os riscos?

Medicamentos para emagrecer devem ser sempre prescritos por médicos, assim como deve ser realizado um acompanhamento específico para cada caso. A médica explica que, como todo remédio, existem contraindicações e efeitos colaterais, por isso, é importante procurar um profissional para indicar a melhor medicação de maneira individualizada, de preferência um médico com experiência em tratar obesidade. Com o acompanhamento apropriado, o uso de medicamentos aprovados pela Anvisa para perda de peso é bastante seguro.

"O propósito principal da perda de peso é a saúde e melhoria da qualidade de vida. Recomendo a todas as pessoas que têm dificuldade de emagrecer por conta própria com mudança alimentar e atividade física, que busquem ajuda profissional", comenta. 

Quais as contraindicações?

Cada medicamento possui contraindicações específicas. A única contraindicação universal é gestação e lactação, não há medicamentos aprovados para uso nesse período.

Se for necessário o uso de medicamentos, que este seja prescrito por médico, o acompanhamento é necessário. Não tomem o remédio que a vizinha ou a amiga está tomando, não comprem remédio na internet nem produtos naturais que prometem resultados milagrosos. O tratamento medicamentoso deve ser individualizado, feito por profissionais capacitados, e requer acompanhamento crônico e frequente.
Ana Flávia Torquato
Médica endocrinologista

Quanto tempo tomar?

A duração do tratamento medicamentoso deve ser individualizada. A endocrinologista relata que muitos pacientes necessitam de tratamento crônico indefinidamente para controlar a obesidade.

A obesidade é uma doença crônica como a hipertensão, ela tem controle, mas se a medicação for suspensa, pode ocorrer reganho de peso, o conhecido "efeito sanfona".

Diuréticos e chás podem ser utilizados para emagrecer?

Chá emagrecedor
Legenda: Chás e ervas não são indicados para auxiliar no emagrecimento
Foto: Shutterstock

A profissional é bem clara ao afirmar que diuréticos não devem ser utilizados para emagrecer. "Eles não funcionam e podem ser perigosos, pois causam desidratação e distúrbios eletrolíticos. Chás e ervas também não são indicados. Comprar produtos na internet com promessas milagrosas de emagrecimento é perigoso. Para quem precisa emagrecer, a melhor opção é buscar tratamento médico", alerta Ana Flávia.

Além de não funcionarem, as substâncias podem ser tóxicas, especialmente para o fígado e para os rins, que são os dois órgãos do corpo responsáveis pela metabolização e excreção de substâncias e medicamentos.

A endocrinologista ainda alerta sobre os problemas psiquiátricos causados por transtornos alimentares na tentativa de emagrecimento.

"A busca pela magreza como prioridade ao invés da saúde, estimulada por padrões de beleza e redes sociais, pode levar a transtornos alimentares, problemas psiquiátricos e a automedicação. A saúde deve ser sempre a prioridade", finaliza.

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