Caju: veja os benefícios, receitas e dicas de plantio
Rico em fibras, vitamina C e sais minerais, fruta tem gosto doce e levemente ácido
Com sabor ácido e tânico, que dão ao paladar uma sensação de secura e adstringência, o caju (Anacardium Occidentale L.) movimenta a agricultura e a gastronomia do Nordeste. O potencial produtivo da fruta no clima e solo da região gerou uma gama de produtos que impacta ainda na geração de mão de obra.
A tradicional cajuína é uma das derivações do fruto. Refrescante, ela vem do suco natural do caju, que antes de ser engarrafado é clarificado e cozido. Quando pronta e concentrada em açúcar, a bebida pode se tornar em xarope de caju.
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Derivam ainda do suco do caju, fermentados, vinagre, aguardente e licores. Já da parte fibrosa da fruta, serve para produção de farinhas, rapaduras, pão, hambúrguer, carne básica e até moqueca.
As informações são da nutricionista e engenheira de alimentos, Juliana Nogueira*, que explica as duas partes do caju: o fruto verdadeiro (castanha) e o pseudofruto ou fruto falso (o pedúnculo).
"A castanha de caju corresponde a 10% do peso total do fruto, a qual é separada do pseudofruto durante a colheita. Este é utilizado na produção de diversos produtos, como sucos, polpas, refrigerantes, doces e geleias, que apresentam uma grande importância socioeconômica", destaca.
Como fazer o suco de caju?
Ao selecionar os cajus, a preferência deve ser pelos de coloração vermelha ou avermelhada. Em geral, a profissional ressalta que esses tons são associados à fruta mais madura e no bom estado para o consumo. É preciso verificar ainda a boa firmeza, o sabor doce e baixa acidez, além de observar se há o formato piriforme (em forma de Pêra).
Ingredientes
- 4 cajus grandes
- 1 litro de água
Modo de Preparo
- Lave bem os cajus e retire a castanha (Devem ser lavados e higienizados em solução clorada – hipoclorito de sódio a 2%);
- Corte os cajus ao meio e coloque-os dentro de um liquidificador;
- Adicione a água e liquidifique por alguns minutos para triturar bem a fruta;
- Coe bem o sumo, passando por uma peneira;
- Pode ser adoçado com mel. Sirva com ou sem gelo.
Como fazer o doce?
Ingredientes
- 5 cajus frescos
- 250g de açúcar demerara
- 1 litro de água
- ½ limão
Modo de Preparo
- Lave bem os cajus e retire as castanhas e a pele;
- Caso você deseje pode fazer o doce sem retirar a pele do caju;
- Coloque os cajus descascados em uma vasilha com a água e o suco do limão e reserve;
- Em seguida, misture numa panela 3 xícaras da água que está o caju reservado e o açúcar;
- Leve ao fogo baixo até que formar uma calda rala, e logo em seguida acrescente os cajus e mais uma xícara da água;
- Deixe aquecer e reduza em fogo brando por 2 horas ou até que os cajus estejam com a coloração amarronzada e a calda mais encorpada.
Como fazer a polpa?
Ingredientes
- 7 cajus médios
- 30 a 50 ml de água
Modo de Preparo
- Lave bem os cajus e retire a castanha;
- Corte-os em cubos e coloque-os dentro de um liquidificador;
- Adicione a água e liquidifique por alguns minutos para triturar bem a fruta (use a função pulsar antes de processar);
- Coe passando por uma peneira;
- Coloca em potes individuais e leve ao freezer.
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Benefícios
Juliana Nogueira afirma que o caju é uma das frutas "mais ricas" em vitamina C, mas o valor nutritivo dele não para por aí. Além de açúcares e proteínas, o fruto possui ferro, cálcio, magnésio, fósforo e potássio, ou seja, sais minerais que ajudam na formação dos ossos, regulação dos fluidos corporais e secreções digestivas.
Em função da presença de taninos, um composto natural da fruta que dá o aroma adstringente, o caju também possui atividade antioxidante, sendo capaz de prevenir doenças cardiovasculares e câncer.
Outras propriedades farmacológicas do caju: antigenotóxicos e antimutagênicos, anti-inflamatória, antibactericida, antifúngica e larvicida, cicatrizante e gastroprotetora.
Comer muito caju faz mal?
O caju age no bom funcionamento do intestino, mas o paciente que consome a fruta na dieta, assim como qualquer outro alimento fonte de fibras, é orientado a aumentar a ingestão de água para evitar problemas, como prisão de ventre.
Por conter fibras solúveis, o fruto propicia uma digestão mais lenta de carboidratos, controlando a taxa de glicemia. Mesmo com as propriedades hipoglicemiantes, o fruto possui um açúcar chamado frutose, o que exige um consumo moderado por parte dos diabéticos.
Embora seja ácido, o caju tem ação gastroprotetora. Contudo, alguns pacientes podem apresentar sensibilidade a alimentos mais ácidos. Sendo assim, a profissional pondera ser preciso observar cada caso de forma isolada.
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Como plantar?
O cajueiro adapta-se bem a climas quentes e secos (27ºC) por ser uma planta de clima tropical. Se na zona ocorrer ventos frequentes, Juliana Nogueira recomenda o uso de quebra-ventos, uma barreira vegetal usada para protegê-lo. O solo ideal é aquele com boa profundidade para permitir que as raízes se desenvolvam: sem impedimento rochoso, solos mais leves, pouco argilosos e com boa drenagem.
"O plantio de caju em hortas domésticas não requer adubos químicos. Normalmente a adubação orgânica com esterco é suficiente para a planta se desenvolver melhor e possui todos os nutrientes necessários ao seu crescimento. A melhor opção para plantar o caju é através de mudas enxertadas, que vêm embaladas em sacos e tubos de plástico e podem ser encontradas em lojas especializadas em plantas e jardim", explica a engenheira de alimentos.
No primeiro ano de vida do cajueiro, deve tirar os brotos e aqueles que aparecem perto do local do enxerto, além de plantas invasoras que possam aparecer e estejam concorrendo por nutrientes e recursos.
Conforme a especialista, é necessário ainda dois tipos de poda para que o cajueiro tenha um desenvolvimento adequado. O primeiro é a poda de formação (deve cortar os ramos laterais da planta após o segundo ano do plantio do cajueiro), e o segundo, é a poda de limpeza anual (para retirar todos os ramos secos, doentes ou com pragas).
Especialista
*Juliana Nogueira é graduada em Nutrição pelo Centro Universitário Estácio e Engenheira de Alimentos pela UFC. Também possui pós-graduação em Vigilância Sanitária de Alimentos (Uece) e pós-graduação em Nutrição Clínica Avançada: Metabologia, Terapêutica Nutricional e Dietoterapia (USCS/SP). Atualmente, é pós-graduanda em Atendimento Nutricional no Envelhecimento (UCAM/SP).